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    O crash das criptomoedas eliminou US$ 1 trilhão do mercado; entenda os motivos

    Uma combinação de fatores — como advertências do governo sobre o aumento da regulamentação e tuítes do influente Elon Musk — abalou um mercado já agitado

    Allison Morrow, do CNN Business

     

    Momentos selvagens de revirar o estômago fazem parte da experiência de investir em criptomoedas. Mas a volatilidade da semana passada foi suficiente para fazer alguns dos apoiadores mais fiéis se perguntarem se eles haviam caído em uma cilada.

    Na quarta-feira (19), um grande crash das criptomoedas eliminou cerca de US$ 1 trilhão em valor de mercado, uma queda impressionante de US$ 2,5 trilhões em uma semana.

    O bitcoin, que responde por mais de 40% do mercado global de criptomoedas, caiu 30% para US$ 30 mil na quarta-feira, seu ponto mais baixo desde janeiro.

    Na sexta-feira (21), o bitcoin subiu ligeiramente para cerca de US$ 37 mil. A criptomoeda foi afetada por preocupações regulatórias em andamento e, apesar de sua recuperação, estava muito longe de seu recorde histórico acima de US$ 64 mil, de apenas um mês atrás.

    A volatilidade está presente no mercado incipiente de criptomoedas, mas o crescimento explosivo dos ativos digitais no ano passado atraiu multidões de investidores iniciantes e profissionais em busca de lucro rápido. Muitos deles aproveitam as altas e saem ou entram em pânico nas vendas quando as coisas ficam difíceis, exacerbando as perdas.

    Esta semana, uma combinação de fatores — como advertências do governo sobre o aumento da regulamentação e tuítes do influente Elon Musk, CEO da Tesla — abalou um mercado já agitado.

    O que aconteceu?

    O mercado de criptomoedas esteve especialmente instável por cerca de uma semana antes do crash de quarta-feira.

    Em 12 de maio, o bitcoin caiu 12% depois que Musk retirou a promessa da Tesla de aceitar bitcoin como forma de pagamento, citando preocupações sobre a enorme pegada de carbono da criptomoeda.

    Musk aumentou a angústia dos investidores nos dias seguintes com tuítes aparentemente contraditórios sobre bitcoin, aumentando as dúvidas.

    Na fatídica quarta-feira (19), a grande queda ocorreu depois que as autoridades chinesas indicaram que iam tomar medidas mais severas contra o uso de criptomoedas no país. O banco central da China emitiu um alerta às instituições financeiras e empresas chinesas para não aceitar moedas digitais como forma de pagamento nem oferecer serviços com elas.

    A ameaça de mais regulamentação gerou pânico, e o bitcoin despencou antes de se recuperar ligeiramente e se estabilizar. Outras criptomoedas também afundaram: ethereum caiu mais de 40%, enquanto dogecoin e binance perderam cerca de 30%.

    Na quinta-feira (20), o bitcoin recuperou parte das perdas e já era negociado acima de US$ 41 mil. Mas bastou um comunicado das autoridades chinesas na sexta-feira (21) reiterando a necessidade de reprimir as criptomoedas para que a cotação caísse novamente. Naquela tarde, o bitcoin era negociado por cerca de US$ 37 mil. Outras criptomoedas também ficaram no vermelho.

    Preocupações regulatórias da China

    A China há muito impõe limites ao comércio de criptomoedas dentro de suas fronteiras. As autoridades declararam em 2013 que o bitcoin não era uma moeda real e proibiram seu uso por instituições financeiras e de pagamento. Os indivíduos podem ter ou negociar criptomoedas, mas suas principais bolsas (exchanges) na China continental foram fechadas.

    À primeira vista, as declarações desta semana nada mais fazem do que enfatizar a rejeição da China às criptomoedas em geral. E enviaram um sinal claro de que Pequim não vai afrouxar seu controle sobre o mercado no curto prazo. As autoridades também estão lançando um yuan digital apoiado pelo estado que manteria os fluxos de dinheiro sob supervisão estrita.

    E não é só a China

    Na quinta-feira (20), o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, alertou sobre os riscos potenciais que as criptomoedas representam para o sistema financeiro.

    Powell também disse que o Fed lançará um documento que explorará as implicações do governo dos Estados Unidos no desenvolvimento de uma moeda digital própria.

    Uma possível moeda digital do banco central dos EUA “poderia servir como um complemento, em vez de um substituto, para o dinheiro e as formas digitais atuais do dólar no setor privado, como depósitos em bancos comerciais”, disse Powell.

    O Departamento do Tesouro também está prestando atenção ao espaço das criptomoedas. Na quinta-feira (20), as autoridades disseram que qualquer transferência de moeda digital acima de US$ 10 mil deve ser relatada à receita federal.

    “A criptomoeda já representa um problema significativo de detecção ao facilitar atividades ilegais em termos gerais, incluindo evasão de impostos”, disse o Tesouro em um comunicado. “Apesar de constituir uma porção relativamente pequena da receita de negócios hoje, as transações de criptomoeda provavelmente aumentarão em importância na próxima década, especialmente na presença de um regime de relatórios de contas financeiras de base ampla.”

    O bitcoin vinha subindo quase 6% na quinta-feira, mas reduziu seus ganhos após comentários das autoridades americanas, de acordo com a Bloomberg.

    O futuro das criptomoedas

    As flutuações selvagens da semana foram um teste para os fãs de criptografia.

    Os verdadeiros apoiadores tendem a ter uma visão de longo prazo: no início de 2020, o bitcoin estava sendo negociado em torno de US$ 7 mil, o que significa que ainda está 400% acima daquele patamar, mesmo depois do crash da semana passada.

    “Todos nós tendemos a nos concentrar no dia a dia, semana a semana”, disse William Quigley, presidente-executivo da Magnetic, um fundo de investimento focado em criptografia. “Mas não é assim que a maioria das pessoas compra criptomoedas nem mesmo ações.”

    É uma bolha? Provavelmente, de acordo com o co-criador do ethereum Vitalik Buterin. Em entrevista à CNN Business esta semana, Buterin disse que não ficou surpreso com a queda, porque já viu tudo isso antes.

    “Tivemos pelo menos três dessas grandes bolhas de criptografia até agora”, observou ele. 

    (Texto traduzido. Para ler o original, clique aqui.)

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