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    Nubank escolhe NY para IPO e pode ser avaliada em até US$ 70 bi

    Além das ações em NY, haverá também títulos de ações (BDRs) listados na B3, o que garantirá acesso facilitado ao investidor brasileiro

    Altamiro Silva Junior e Fernanda Guimarães, do Estadão Conteúdo

    O banco digital Nubank, apontado como o maior de seu segmento no mundo, escolheu a Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) para fazer sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).

    A operação poderá movimentar até R$ 22 bilhões (US$ 4 bilhões), de acordo com fontes de mercado. Além das ações em Nova York, haverá também títulos de ações (BDRs) listados na B3, o que garantirá acesso facilitado ao investidor brasileiro.

    De acordo com os cálculos que estão atualmente na mesa, a fintech brasileira poderá chegar valendo quase R$ 400 bilhões (ou US$ 70 bilhões).

    Se isso realmente ocorrer, o Nubank será mais valioso do que o maior banco da América Latina, o Itaú Unibanco, atualmente avaliado em R$ 221 bilhões na B3, e o Bradesco (R$ 182 bilhões) combinados.

    A previsão é de que a oferta na Bolsa de Nova York ocorra em dezembro, apurou a reportagem.

    Lá e cá

    A decisão de fazer a dupla listagem – e não um IPO apenas nos Estados Unidos – teve como estratégia a proximidade aos seus mais de 41 milhões de clientes.

    A ideia é evitar críticas como as recebidas pela XP, que abriu seu capital há quase dois anos na Nasdaq, impedindo que seus clientes pudessem ter acesso direto às suas ações na ocasião.

    Esse problema foi solucionado recentemente, quando a maior corretora do país passou a ter suas BDRs listadas por aqui. Na época do IPO da XP, contudo, as regras impediam que uma empresa brasileira pudesse ter BDRs na Bolsa local.

    Com os Brazilian Depositary Receipts (BRDs) disponíveis na B3, a participação dos investidores locais foi viabilizada. A expectativa é de alta demanda, apesar do mercado bastante volátil no Brasil – cenário que afastou da B3 nada menos do que 60 candidatas a estrear no mercado nacional nos últimos meses.

    A fuga das empresas do mercado de capitais por aqui reflete muito mais problemas locais – o desenho anunciado pelo governo de Jair Bolsonaro para o programa social Auxílio Brasil, que compromete o teto de gastos públicos, enterrou de vez as pretensões de estreias na B3 em 2021.

    No mercado norte-americano, porém, as bolsas estão batendo recordes históricos e há uma profusão de aberturas de capital. Só entre empresas brasileiras, além do Nubank, Elo, Ebanx e CI&T escolheram os Estados Unidos para lançar seus papéis.

    Debruçada em seu IPO ao longo dos últimos meses, a fintech iniciou o processo falando de uma avaliação de até US$ 100 bilhões, mas teve de ajustar suas expectativas.

    Por isso, o desenho atual é de que o banco digital seja avaliado entre US$ 50 bilhões a US$ 70 bilhões no IPO. Já a oferta para os investidores deverá ficar entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões, de acordo com fontes de mercado – portanto, uma fatia pequena do total.

    Há duas semanas, o Nubank divulgou o primeiro lucro de sua história. Nos primeiros seis meses do ano registrou um lucro de R$ 76 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 95 milhões de igual período de 2020.

    Na ocasião, o banco digital disse que conquistou uma média de 40 mil novos clientes por dia na primeira metade do ano, ritmo 25% superior ao registrado no semestre passado.

    Alvo de disputa

    O Nubank foi disputado pelas duas principais bolsas de valores dos Estados Unidos. A expectativa do mercado era de que sua listagem ocorresse na Nasdaq, por representar a ponta mais avançada do sistema financeiro, com um perfil “tech”.

    Mas, com o megainvestidor Warren Buffet no seu capital deste o início deste ano, o Nubank acabou optando pela casa mais tradicional de Wall Street, a Nyse. Essa Bolsa, aliás, tem oferecido vantagens para companhias com perfil tecnológico.

    O primeiro passo formal para o IPO foi dado ontem, quando o Nubank anunciou que fez pedidos confidenciais de registro para o IPO, tanto ao regulador americano, a Securities and Exchange Commission (SEC), quanto para o brasileiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

    Com isso, os números do Nubank seguem em sigilo e serão conhecidos apenas depois que a companhia der o próximo passo de sua oferta, quando terá que divulgar seus números e tamanho de sua oferta.

    O sócio da consultoria Spiralem e especialista no setor de tecnologia, Bruno Diniz, aponta que o IPO do Nubank será um marco para o setor e é aguardado ainda por outros bancos digitais estrangeiros, como o norte-americano Chime e o europeu Revolut, já que servirá como uma base de referência para aqueles que estão na fila para uma abertura de capital.

    “Basicamente, o Nubank está abrindo esta nova fase de ‘neobanks’ (como são chamados os bancos digitais que desafiam as grandes instituições) listados em bolsa, um capítulo importante neste momento de amadurecimento do setor”, afirma o especialista.

    Procurado, o Nubank disse que não comenta. A Nyse também não se pronunciou.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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