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    Nióbio no aço, no carro e na bateria: os planos da CBMM com o metal do futuro

    Empresa de Araxá e controlada pela família Moreira Salles tem 80% de todo o mercado de nióbio no mundo, mas quer ampliar mercado para áreas mais rentáveis

    UTV criado pela CBMM com a Giaffone Racing / Foto: Sanderson Pereira/CBMM

    André Jankavski,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Provavelmente, você já ouviu falar do nióbio. Ainda mais após tanta propaganda feita pelo presidente Jair Bolsonaro nos últimos anos. Essa fala do presidente não é à toa: o elemento químico, que também é um metal, está sendo cada vez mais usado na siderurgia. 

    Extraído de minas, obviamente, o minério puro do nióbio é transformado em diversos produtos como o ferronióbio, óxido de nióbio e nióbio metálico. Quando combinado com produtos derivados do ferro, como o aço, ele traz ainda mais resistência a esses produtos – e ainda consegue diminuir o peso consideravelmente do produto.

    A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) é o principal expoente desse setor em todo mundo. Ela é, sozinha, responsável por 80% do mercado mundial do metal e fatura cerca de R$ 8 bilhões. 

    É um bom número, mas o mercado de nióbio não é lá tão grande comparado a primos da substância, como o minério de ferro. Por exemplo, em exportações, ele representa cerca de 4% do setor de mineração.

     “É um mercado de quatro fornecedores. Não é raro, pois há mais de cem reservas de nióbio, mas a atual produção já corresponde ao total que o mercado precisa”, diz Eduardo Ribeiro, presidente da CBMM. 

    Não por acaso, a companhia quer aumentar o escopo para a utilização do nióbio. Agora, é a vez de criar carros com o metal.

    Em parceria com a equipe de corrida Giaffone Racing, a CBMM está desenvolvendo um UTV, uma espécie de quadriciclo. A estrutura do carro será 100% de aço com nióbio. A ideia é que o carro possa competir no Rally dos Sertões deste ano. Qual o diferencial dele? Mais resistência e um carro 50 quilos mais leve, o que ajuda (e muito) na velocidade.

    A CBMM trabalhou junto com a Giaffone desde o desenvolvimento, até a criação exata do material e detalhes como a solda.

    Essa é mais uma das investidas da CBMM para ampliar o mercado. Além disso, a empresa está focada no desenvolvimento de baterias para carros elétricos. Por exemplo, há conversas da empresa com diversas montadoras japonesas como Suzuki, Nissan e Toyota.

    Eduardo Ribeiro CBMM
    Eduardo Ribeiro, presidente da CBMM / Foto: Divulgação/CBMM

    A corrida pelas baterias de carros elétricos. Baterias feitas com grafite e níquel, por exmeplo. A Tesla quer o níquel. No ano passado, o próprio Elon Musk pediu para que as mineradores focassem no produto. 

    A diferença para o tipo de bateria atual para a que contém nióbio, segundo Ribeiro, é um carro bem mais leve do que os atuais, mas também uma recarga mais rápida. O componente principal, contudo seria evitar o superaquecimento e uma possível explosão dos carros – uma das maiores preocupações atuais das montadoras.

    Segundo Ribeiro, até 2030, o segmento de baterias vai consumir 40% da produção de nióbio. 

    “Esses tipos de projetos trazem aquele ‘awareness’ (consciência, em inglês) para o mercado sobre o nióbio e o que essa tecnologia vai melhorar o nosso dia a dia”, diz Giuliano Fernandes, responsável pelo marketing da empresa.

    Ferro quente

    Para os próximos anos, a empresa já está preparando o aumentar a produção. Em 2020, a companhia produziu 110 mil toneladas, uma queda de 20%, causada pela pandemia. A ideia é voltar ao crescimento já em 2021 – a partir de março, após R$ 3 bilhões em de investimentos em sua planta em Araxá (MG), a CBMM conseguirá produzir até 150 mil toneladas.

    A meta, no entanto, é ainda mais ambiciosa. A empresa quer conseguir produzir 225 mil toneladas por ano até 2027. Para isso, continuará investindo cerca de R$ 700 milhões ao ano. 

    Por ser uma empresa rentável e dominante em seu segmento, muito se pergunta quando a CBMM irá para a bolsa. É o tipo de empresa que investidores buscam para ter uma boa fatia de rendimentos. Mas, segundo Ribeiro, isso está longe de acontecer.

    Praticamente 70% da empresa é da família Moreira Salles, que também é uma das principais acionistas de empresas como Itaú. Os outros 30% são divididos entre conglomerados chinês e outro japonês e sul-coreano. E ninguém está querendo abrir mão de sua parte.

    “A maior parte deles é cliente nosso e já temos capacidade de gerar caixa, pagar dividendos a todos e fazer os investimentos. Então, não existe a intenção de um IPO”, diz ele.

    Se o futuro for o nióbio, o mercado financeiro vai querer tentar convencer a CBMM do contrário e levá-la para a bolsa.