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    ‘Não se culpe se seu negócio falir pela pandemia’, diz Flávio Augusto

    Fundador da Wise Up diz que é natural empreendedores não terem caixa para sobreviver à pandemia e dá dicas para balancear investimentos na pessoa física

    Luísa Melo,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo

     

    Se seu negócio não resistir ao coronavírus, não se culpe. Essa é uma das principais mensagens do bilionário Flávio Augusto, fundador da rede de idiomas Wise Up, aos empreendedores que enfrentam dificuldades neste momento. Ele diz que, com soluções digitais, sua empresa conseguiu driblar as medidas de distanciamento e até gerar mais receita durante a pandemia, mas isso só foi possível graças a um trunfo que a grande maioria não tem: caixa.

    O empresário destaca que nenhuma companhia de pequeno porte está preparada para ficar meses sem vender e, ao mesmo tempo, continuar a pagar salários e a honrar compromissos financeiros.

    “Se você quebrou, não se culpe, porque você tem um motivo de força maior. Não se sinta derrotado. Procure aprender com essa situação e não desista, porque muitos dos que deram certo um dia fracassaram – e sem pandemia”, disse em entrevista ao CNN Brasil Business.

    Para ele, a Covid-19 confirmou uma máxima repetida há tempos para seus milhões de seguidores na internet: estabilidade não existe. E é preciso contar com o imprevisível.

    “Ela veio para mostrar que amanhã ou depois pode ter um outro vírus, uma outra variável, uma guerra, uma crise política. A verdade é que nós nunca sabemos. Contar com o imponderável negativo não significa deixar de ser otimista.”

    Serviu também, diz, para despertar os empreendedores para o mercado online, ainda que apenas como forma de diversificar os canais de distribuição de seus produtos ou serviços. “Se o imponderável existe, prepare sua empresa para um ambiente mais digital também. Não é abrir mão do presencial. Se você tem uma loja ou um restaurante, por que não pensar em delivery mesmo depois da pandemia? Por que não ter o e-commerce?”

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    Foco no online

    Foi justamente por meio da vertente digital que a Wise Up conseguiu injetar dinheiro novo na empresa durante a crise. Com as escolas fechadas, a rede passou a permitir que os franqueados comercializassem também o produto Wise Up Online, de aulas de inglês 100% pela internet, lançado em outubro de 2019. O resultado foi uma alta de 950% nas vendas da plataforma desde março.

    Além disso, para não perder a base de alunos, a companhia ofereceu um desconto de 25% nas mensalidades dos cursos presenciais (divididas em 10 vezes), cinco horas de conteúdo virtual por semana, e reposição total das classes perdidas no pós-pandemia. Também isentou os donos das unidades do pagamento dos royalties da franquia por três meses e deu treinamento sobre como renegociar o aluguel.

    Assim, segundo Flávio, a rede está conseguindo passar pela turbulência sem ter fechado nenhuma escola até então e sem demissões em massa. “A gente está apoiando o franqueado, que é um empreendedor lá na ponta, para que a loja dele fique de pé. Daqui a pouco a gente volta com todo o gás, depois que a economia voltar”, diz.

    É ainda no ambiente online a mais nova aposta da Wiser Educação, holding que controla a Wise Up. Na próxima sexta-feira (12), vai ao ar um aplicativo por meio do qual pessoas poderão vender os produtos da empresa em troca de uma comissão. Cerca de 53 mil vendedores já se cadastraram e estão em treinamento para usar o app.

    Debaixo do guarda-chuva da Wiser Educação estão também a rede de escolas de inglês Number One, a editora Buzz e a plataforma MeuSucesso.com, de estudos de caso de empreendedorismo. O grupo foi criado em 2017, depois que Flávio se tornou sócio de outro experiente empresário do ramo, o também bilionário Carlos Wizard, fundador da rede que leva seu sobrenome. No ano passado, a firma de investimentos Kinea, do Itaú, comprou 20% da companhia.

    Outra novidade que pode pipocar na empresa a qualquer momento é o lançamento em bolsa. “Não temos definido o prazo, nem onde abrir o capital, mas não é uma opção descartada e em breve a gente pode ter surpresas”, diz Flávio.

    Guru, não!

    Flávio Augusto é veterano em empreendedorismo. Fundou a Wise Up aos 23 anos, em 1994. Duas décadas depois, vendeu a empresa por quase R$ 900 milhões, para comprá-la de volta por menos da metade do preço mais à frente. O grupo, hoje com 430 unidades e cerca de 80 mil alunos, é avaliado em aproximadamente R$ 2 bilhões.

    O empresário é ainda dono de um time de futebol nos Estados Unidos, o Orlando City, que comprou por US$ 120 milhões há sete anos e hoje vale cerca de US$ 600 milhões. Autor de quatro livros, dá dicas sobre como erguer negócios por meio do grupo Geração de Valor (que é também o título de sua primeira obra) e já se tornou uma celebridade nas redes sociais. Só no Instagram, tem 2,8 milhões de seguidores, sobretudo jovens.

    Apesar disso, ele rejeita a pecha de guru, palavra que considera “hororrosa”: “Não me identifico assim, não. Eu sou muito mais um incentivador”, diz. E também afirma não ganhar um centavo com as pílulas de conhecimento virtuais.

    Risco nos negócios, não na bolsa

    Quando a crise de 2008 estourou, Flávio Augusto viu seus investimentos praticamente se desfazerem. Ele conta que tinha uma posição alavancada cinco vezes em derivativos no mercado a termo e perdeu 70% de todo o seu capital líquido. A experiência serviu para que ele revisse a estratégia e, desta vez, diz não ter perdido nada.

    “Sabe aquela história de que estabilidade não existe? Doze anos atrás eu precisei aprender”, afirma. Agora, considera que aplicar centenas de milhões de dólares em um clube de futebol nos EUA e outras centenas de milhões de reais em empresas no Brasil já é se arriscar o suficiente e, portanto, diz colocar seu dinheiro na renda fixa.

    “Eu aprendi que tenho que balancear o meu risco. Se eu aposto muito em uma coisa, preciso ter, do outro lado, um dinheiro de reserva, um investimento mais conservador. Então, eu sou muito arrojado nos negócios e mais conservador no financeiro”. 

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