Não há intenção do governo em privatizar a Petrobras, diz presidente da estatal
Para Roberto Castello Branco, empresa deve mirar o setor privado e buscar gerar riquezas para o seu acionista, mesmo que este seja o estado
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou nesta terça-feira (25), em entrevista à CNN, que nem o governo nem o Congresso são favoráveis a uma privatização da petrolífera estatal.
O executivo, no entanto, disse que é “conceitualmente” a favor. “Mas eu sou disciplinado. Não há disposição do governo e do Congresso em privatizar a Petrobras”, completou, entrevistado pelos âncoras Monalisa Perrone e Caio Junqueira e pela analista Thaís Herédia.
“O problema não é discutir se a Petrobras vai ser privatizada ou não. É transformar a empresa em uma empresa forte e saudável”, alegou, afirmando mirar em “poucos exemplos” de empresas públicas que considera bem sucedidas.
Para Castello Branco, um desses exemplos seria a Codelco, estatal chilena de cobre. Ele afirma que a lógica dessa companhia é a busca por lucros para o seu acionista assim como uma empresa privada, apenas com o diferencial desse acionista ser o estado chileno.
Entre os que são contrários à venda da Petrobras, um dos principais argumentos é que o fato de a empresa atuar no segmento de petróleo e recursos naturais a tornaria “estratégica”, logo, podendo servir a interesses do setor público. A posição do executivo, portanto, é fincada em outro princípio.
O presidente da Petrobras afirma que não há interferência de nenhum tipo do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na empresa.
“Na Petrobras, tenho tido bastante liberdade para comandar a companhia, de acordo com os princípios e as boas práticas de gestão. Não tenho tido nenhuma interferência do governo, pedidos para colocar fulano ou ciclano em tal cargo. Até a política de preços e derivados, que era um tabu. Nós temos sido livres para precificar de acordo com os preços internacionais, preços de mercado”, relatou.
Lei do Gás
Castello Branco defendeu a aprovação do projeto conhecido como Nova Lei do Gás, que pode ir à votação na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (26).
Pela proposta, empresas privadas não precisam mais vencer leilões para entrar no segmento, bastando apresentar projetos e aguardar a aprovação da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
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“É um projeto muito bom, que abre o mercado para a competição. Quanto maior a competição, mais investimentos nós vamos ter, inovações tecnológicas. No final das contas, beneficia-se o consumidor”, argumentou o executivo.
Roberto Castello Branco afirmou que o monopólio que a Petrobras já deteve no segmento não foi positivo para a estatal. “Monopólio é algo inadmissível em um regime democrático e um país livre. Como monopolista, a Petrobras não ganhou dinheiro e bloqueou o desenvolvimento do mercado”, completou.
Em 2019, a Petrobras assinou um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em que reconhece formalmente o monopólio e assume o compromisso de se desfazer de ativos neste mercado.