“Não concordo com auxílio temporário”, diz relator da MP do Auxílio Brasil
Deputado Marcelo Aro afirmou à CNN que ficaria "desconfortável" em incluir um benefício temporário em seu texto
Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (20), o deputado Marcelo Aro (PP-MG), relator da Medida Provisória (MP) que cria o novo programa social Auxílio Brasil, que substitui o Bolsa Família, voltou a dizer que é contra auxílios temporários. “Defendo que isso seja um auxílio permanente, para que seja uma política de Estado, não de governo”, afirmou o parlamentar.
“Esse programa social eu defendo porque eu estudei muito, me aprofundei no tema, me dediquei ao assunto da renda básica, e estou convicto de que o texto é bom”, disse.
Sobre o orçamento, Aro disse que iria utilizar o orçamento do Bolsa Família, de R$ 34,7 bilhões, e elevar para R$ 60 bilhões. “Tudo dentro do teto. Para ser uma política de Estado de não de governo”. Segundo Aro, essa era a situação até segunda-feira (18), conforme o combinado com o Executivo.
Contudo, Aro relatou ter sido surpreendido com uma reunião em que foi decidido um benefício de R$ 400. O que elevaria o orçamento para R$ 85 bilhões. O que deixa em aberto de onde sairão os recursos. Como a proposta do governo foi para que se criasse, então, um auxílio temporário nesse valor, o relator disse que ficaria “desconfortável” em incluir um benefício temporário em seu texto.
Já na terça-feira, ele conta, falou-se, primeiramente, sobre a aprovação da PEC dos Precatórios como fonte. No mesmo dia, após o cancelamento do anúncio que o governo faria sobre o novo programa social, foi informado a ele a possibilidade de incluir a diferença de valores de um eventual auxílio temporário, de R$ 50 bilhões, no extrateto, o que, para o deputado, “piorou o que era ruim”.
Na manhã desta quarta-feira, o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que o substituto do Bolsa Família será de R$ 400 e que não vai furar o teto de gastos. “Como o presidente vai fazer isso, eu não tenho a mínima ideia”, disse o deputado na entrevista.
“Acho que vai ter algum recuo, porque eu não vejo de onde tirar”, acredita Aro. “Mas, sabemos que a equipe econômica pode achar uma solução. Estou aqui nessa expectativa. Mas acho difícil. Vai voltar a falar que vai ser no extrateto, o que eu não concordo, porque acho que uma política pública como essa tem que ser decisão do governo de priorizar em que investir”.
Para Aro, ele está de acordo com o auxílio, mas com responsabilidade fiscal. “Ninguém aguenta mais. Nós temos o teto para ser respeitado. Quando relatei o auxílio emergencial, tinha motivos, a pandemia. Agora, não justifica extrapolar o teto e acho um ato de irresponsabilidade fiscal”.