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    Mulheres ocupam apenas 11% dos assentos dos conselhos das novatas da bolsa

    Das 17 empresas que abriram capital até setembro, oito ainda não têm nenhuma mulher no corpo de conselheiros

    Juliana Elias, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Elas são menores e em geral mais jovens. Ainda assim, ao menos no que diz respeito à presença de mulheres no topo de seus negócios, a avalanche de empresas que entrou para a bolsa de valores neste ano tem muito pouca diferença em relação às veteranas, ainda massivamente dominadas por homens.

    É o que mostra um levantamento feito pelo 30% Club, movimento que trabalha pela ampliação da participação das mulheres nas lideranças do mundo corporativa. 

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    O braço do grupo no Brasil contou quantas cadeiras são ocupadas por mulheres nos conselhos de administração de todas as companhias que fizeram sua Oferta Inicial de Ações (IPO, na sigla em inglês) em 2020: de um total de 116 conselheiros que somam juntas, apenas 13 são do sexo feminino, o equivalente a 11,2% (veja a lista completa abaixo).

    O conselho administrativo é um dos órgãos mais importantes de uma empresa. Seu papel é fazer uma ponte entre os acionistas e a direção, e todas as principais decisões e direcionamentos devem passar por ele.  

    A conta do 30% Club, feita junto à parceira Fabiola Sena, fez um raio-x das 17 empresas que concluíram o IPO de janeiro a setembro, isto é, que começaram a ter suas ações negociadas na B3, a bolsa de valores brasileira, pela primeira vez nesse período. 

    Destas 17, oito, ou praticamente a metade, ainda têm o conselho inteiramente masculino: Boa Vista (crédito), Locaweb (internet), Quero Quero (varejo), Simpar (transporte e logística) e as construtoras Cury, Melnick, Mitre Realty e Moura Dubex. 

    A novata com maior participação feminina é a rede de farmácias Pague Menos – com três mulheres em um conselho de nove, ou 33%. A Pague Menos é também a única de todas as 17 que tem uma mulher presidindo o conselho.

    Ela é seguida pelo Grupo Soma, dono das marcas de moda Farm e Animale, e pela rede de petshops Petz, ambas com 5 homens e 2 mulheres na cúpula (29%).

    Grandes e sem mulheres

    O perfil final de pouca diversidade da lista dos IPOs é muito pouco diferente do que já acontece nas grandes empresas da bolsa. Consideradas as 100 maiores companhias listadas no Brasil, reunidas no índice IBRX 100 da B3, as mulheres também respondem por apenas 10% das vagas de conselheiros, de acordo com o 30% Club. 

    “Das 100, 34 ainda têm o conselho formado só por homens, e só em seis o conselho têm mais de 30% em mulheres”, disse Olivia Ferreira, fundadora da Enlight e uma das representantes do 30% Club no Brasil. 

    Copel, Magazine Luiza, Santander, SulAmérica, Telefônica Brasil e TIM formam o time das que já têm ao menos um terço do corpo de conselheiros em mulheres – sendo a Magazine Luiza a mais equilibrada delas. Na rede varejista fundada por Luiza Trajano, três dos sete conselheiros são mulheres, o que dá 43%. 

    É ela também uma das únicas onde a presidência do conselho, ocupada atualmente pela própria Luiza, está com uma mulher. Entre as 100 maiores empresas de capital aberto do Brasil, isso só acontece em mais outras três: o grupo de e-commerce B2W, a concessionária CCR e a fabricante de alimentos M.Dias Branco. 

    “Há uma série de estudos que mostram que as empresas com mais diversidade têm melhor performance, e começa também a haver uma cobrança por parte dos investidores”, diz Natalia Dias, presidente do Standard Bank no Brasil e responsável pelo trabalho do 30% Club junto ao setor financeiro.  

    Entre as principais barreiras para que a presença das mulheres seja maior, Ferreira, da Enlight, menciona o recorrente mas falso argumento das empresas de que é mais difícil encontrar mulheres capacitadas, além de processos de indicação ainda pouco profissionalizados. 

    “No Brasil, a escolha dos conselheiros é ainda muito informal; os controladores [da empresa] que indicam seus conselheiros e muitas vezes são pessoas da própria rede de contatos”, diz ela. “Como 90% são homens, a nomeação de mulheres fica ainda mais difícil.” 

    O 30% Club é um movimento criado no Reino Unido em 2010 com o objetivo de elevar a participação feminina a pelo menos 30% das posições nos conselhos da 100 maiores empresas listadas na bolsa de Londres. A marca foi alcançada em 2018.

    Atualmente, o grupo está presente em 15 países. No Brasil, onde Ferreira ajudou a criar a representação local no ano passado, a meta estipulada foi elevar a participação feminina nas 100 maiores dos atuais 10% para os 30% até 2025. Outra meta é zerar já em 2021 as 34 empresas que ainda sobraram nessa lista sem ao menos uma mulher no conselho.

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    Errata: Ao contrário do publicado anteriormente, a Petz possui duas conselheiras, e não uma. Com essa mudança, o total de mulheres nos conselhos das novas entrantes da bolsa alcança 11%, ante 10% na primeira versão. Este texto foi alterado.

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