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    Mulheres ganham 77,7% do salário dos homens no Brasil, diz IBGE

    Para cargos como gerentes e diretores, a diferença salarial entre homes e mulheres é ainda maior

    Por Mylena Guedes, da CNN, no Rio

    As mulheres receberam 77,7% do salário dos homens em 2019. A diferença é ainda mais elevada em cargos de maior rendimento, como diretores e gerentes. Nesse grupo, as mulheres ganharam apenas 61,9% do rendimento dos homens. Os dados são de uma publicação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada nesta quinta-feira (4).  

    A pesquisa, que analisa as condições de vida das brasileiras, aponta que a maior desigualdade salarial está na região Sudeste e que apenas 34,7% dos cargos gerenciais do país eram ocupados pelo sexo feminino.

    Apesar da disparidade, mais mulheres tinham diploma da faculdade. Na faixa-etária entre 25 e 34 anos, 25,1% das mulheres concluíram o nível superior, contra 18,3% dos homens, uma diferença de 6,8 pontos percentuais. Contudo, nas instituições de graduação, menos da metade (46,8%) dos professores eram mulheres. Ainda que pouco, o número melhorou nos últimos anos. Em 2013, eram 43,2% docentes nas faculdades.

    CoWomen
    Mulheres trabalhando em coworking
    Foto: CoWomen / Unsplash

    Na graduação, elas são minoria nos cursos de ciências exatas e produção. No curso de engenharia, por exemplo, correspondem a menos de um quarto (21,6%) dos alunos. Já nas áreas relacionadas ao cuidado e bem-estar, como serviço social, a participação feminina é muito maior, de quase 90%.

    Se, por um lado, as mulheres são mais escolarizadas, por outro, têm menor inserção no mercado de trabalho e na vida pública, permanecendo em situação de vulnerabilidade. Apenas 54,6% das mulheres de 25 a 49 anos com crianças de até três anos de idade estavam empregadas em 2019, enquanto a porcentagem dos homens na mesma condição é de 89,2%. Ou seja, uma diferença de mais de 30 pontos percentuais.

    Em lares sem crianças, o nível de ocupação foi de 67,2% para as mulheres e 83,4% para os homens. Além da disparidade em relação ao gênero, a pesquisa aponta, ainda, a desigualdade racial. Isso porque as mulheres pretas ou pardas com crianças de até 3 anos de idade tem o menor nível de ocupação, de 49,7%.

    Jornada dupla

    A responsabilidade quase duas vezes maior por afazeres domésticos permanece como fator limitador para o sexo feminino, pois tende a reduzir a ocupação das mulheres ou a direcioná-las para serviços menos remunerados.

    Semanalmente, são 21,4 horas gastas por mulheres, enquanto os homens dedicam apenas 11 horas do tempo para tarefas de casa. O Sudeste lidera o tempo gasto com esses afazeres, são 17,3 horas semanais na região, sendo 22,1 horas gastas por mulheres e 11,3 horas gastas por homens. Os dados mostram, portanto, que a inserção feminina no mercado é dificultada também pela necessidade de conciliação da dupla jornada. 

    Política

    Se for levado em conta que as mulheres são maioria na população do país, a sub-representação na política fica ainda mais evidente. Apesar do aumento da participação feminina ao longo dos anos, em 2020, as mulheres representavam apenas 14,8% dos deputados federais. Essa é a menor proporção da América do Sul e a 142ª posição de um ranking com dados para 190 países.

    Segundo a análise e estudos eleitorais, o descompasso entre a proporção de candidatas e deputadas em exercício pode ser atribuído a fatores como a falta de apoio material às candidaturas femininas, inclusive no âmbito dos partidos políticos, e ao maior sucesso eleitoral dos candidatos que já eram parlamentares anteriormente.

    A pouca representação também pode ser observada no nível de governo local. Em 2020, somente 16% dos vereadores eleitos eram mulheres. Em relação as eleições de 2016, houve aumento de menos de 3 pontos percentuais. O Rio de Janeiro é o estado com o menor percentual de vereadoras eleitas, apenas 9,8%. Já o Rio Grande do Norte apresentou o maior percentual, que ainda não é significativo, de 21,8%.

    Violência 

    Utilizada para a análise do fenômeno do feminicídio (definido na Lei n. 13.104/2015), a informação sobre local de ocorrência da violência mostra que em 2018, enquanto 30,4 % dos homicídios de mulheres ocorreram na própria casa, para os homens essa proporção foi de 11,2%. Em 2019, apenas 7,5% dos municípios brasileiros tinha delegacias especializadas para atender mulheres.

    Já em relação a gestação de adolescentes, em cinco anos, de 2011 para 2019, a taxa de fecundidade caiu de 64 para 59 nascimentos a cada mil mulheres, sendo a maior taxa na região Norte (84,5 nascimentos a cada mil mulheres) e, por estado, no Amazonas (93,2).