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    Mudança de portfólio: saiba quais setores devem continuar em alta na B3

    Empresas exportadoras como a Vale conseguem manter certo patamar apesar de possíveis crises internas, mas isso não é regra

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Operadores trabalham em escritórios da XP Investimentos, em São Paulo
    Operadores trabalham em escritórios da XP Investimentos, em São Paulo
    Foto: Paulo Whitaker / Reuters (10.set.2015)

    O mês de novembro trouxe notícias animadoras para o mercado financeiro, fazendo com que bolsas de valores ao redor do mundo acumulassem fortes altas no período. Nessa linha, e motivado pelo avanço na pesquisa de vacinas contra o novo coronavírus, o Ibovespa avançou mais de 17% até o dia 25, ultrapassando a barreira dos 110 mil pontos.

    Grande parte disso, inclusive, deve-se ao retorno do capital estrangeiro, que já supera os R$ 26 bilhões no intervalo. O valor é superior até ao ritmo de fuga de capitais verificado em março, quando investidores internacionais, num movimento de aversão a riscos, retiraram mais de R$ 20 bilhões do mercado nacional.

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    Mas esse movimento de subida não foi necessariamente um reforço dos papéis que se mostraram mais resilientes no período mais agudo da crise. Pelo contrário, setores preteridos pelos investidores durante a crise voltaram a registrar fortes altas com esperança de que certo nível de normalidade esteja voltando.

    E o oposto também é verdade. Empresas dos setores de varejo e tecnologia, que se tornaram ativos de segurança no ápice das incertezas, vêm sofrendo fortes correções no mês. Magazine Luiza (MGLU3) é um bom exemplo disso. Confira abaixo as maiores altas do Ibovespa no período:

    “Na minha visão, o que está ocorrendo é uma arbitragem de excessos”, diz Rodrigo Almeida, CIO do Andbank Brasil. “Não considero que seja uma sinalização de que as coisas vão melhorar logo, e sim que havia depreciação exagerada dos ativos. A volta do capital estrangeiro mostra isso.”

    Dado este contexto, é preciso responder essencialmente a duas perguntas: como as incertezas fiscais internas podem travar este momento de euforia do mercado nacional; e quais setores terão fôlego para continuar avançando de forma sustentável nos próximos pregões.

    Sobre o contexto, analistas entendem que a receita segue a mesma. O governo precisa dar sinais que irá endereçar os problemas fiscais e, mais do que isso, começar a andar com votações como o Orçamento e a PEC emergencial do teto de gastos ainda este ano.

    É claro que há empresas, principalmente as exportadoras como a Vale, que conseguem manter certo patamar apesar de possíveis crises internas, mas isso não é regra. Confira abaixo, então, a análise setorial de especialistas ouvidos pelo CNN Brasil Business:

    Viagem e Turismo

    Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) lideram os ganhos do mês, com a primeira ganhando 59% e a segunda avançando 49%. Embraer (EMBR3) subiu outros 39% e a CVC (CVCB3) 33%. No entanto, analistas ouvidos pela reportagem consideram que ainda há muitos fatores que impedem uma recuperação sustentada.

    Leandro Saliba, gestor de renda variável da AF Invest, entende que é preciso entender quais mudanças de hábitos serão duradouras no pós-pandemia, como por exemplo a redução do fluxo de viagens de trabalho. “É difícil mapear mudanças de hábitos. Além disso, as empresas do setor ainda estão perdendo renda e o nível de desemprego ainda é muito elevado.”

    Petroleiras

    Outro setor com grande participação nos ganhos da B3, impulsionado pelo aumento do fluxo de capital estrangeiro e o avanço das vacinas, que aumentam a demanda por petróleo. (Vale lembrar que o preço do barril da commodity chegou a ter preços negativos no auge da crise).

    Com este cenário pior se dissipando, a PetroRio (PRIO3) subiu cerca de 44% no mês, e 29% somente em um pregão, mas a Petrobras não ficou muito atrás. As ações ordinárias (PETR3) ganharam 41%, enquanto as preferenciais (PETR4) subiram outros 38%.

    E, apesar do avanço já considerável, analistas ainda enxergam possibilidade de crescimento no setor. “Além das particularidades do setor, o câmbio desfavorável ao real é positivo para as empresas de commodities e exportadoras”, diz Almeida, do Andbank.

    Educação

    Aqui é preciso olhar para uma combinação de dois fatores. “O cenário de retomada das aulas presenciais é importante. Se isso vier junto com uma possível recuperação econômica, possibilitando que as pessoas invistam mais em educação, será ainda melhor para o setor”, diz Paloma Brum, economista da Toro Investimentos.

    Em novembro, a Yduqs (YDUQ3) já havia avançado 36%, enquanto a Cogna (COGN3) cresceu outros 17% no período. A Toro estima, mesmo assim, que há espaço de crescimento, com a Yduqs saindo na frente por estar mais exposta a um mercado das classes A e B, que tende a sofrer menos nestes períodos.

    Bancos

    Os primeiros a sentir qualquer crise por conta da inadimplência. Neste caso específico, as instituições brasileiras já declararam boa parte das suas provisões, o que é uma vantagem. Saliba acredita que o pior passou, mas estima o setor ainda deve sofrer com a falta de pagamentos no primeiro semestre de 2021.

    Mesmo com incertezas, os investidores foram as compras e Bradesco (BBDC3 e BBDC4), Santander (SANB11) e Itaú (ITUB3 e ITUB4) avançaram 26% nos primeiros 24 dias de novembro. A Toro enxerga possibilidade de entrada no Banco do Brasil (BBAS3) e em Itaú e Bradesco.

    Shoppings

    Multiplan (MULT3) avançou 23%, brMalls (BRML3) outros 22% e Iguatemi (IGTA3) 21%. Entre as varejistas de vestuário, Lojas Renner (LREN3) foi outra que subiu 23%. Analistas entendem que certos papéis ainda estão descontados, mas é preciso que as coisas voltem “ao normal” para que as ações atinjam seu potencial completo.

    Frigoríficos

    Beneficiado pela alta do dólar e pela disparada da demanda internacional, o segmento segue com boas perspectivas, aponta Brum, da Toro. BRF (BRFS3) já subiu 33% em novembro, enquanto a JBS (JBSS3) avançou 16% e a Marfrig (MRFG3) cresceu outros 8%.  

    Ela cita ainda que a BRF está buscando viabilizar algumas plantas com certificação Halal. Assim poderá atender o mercado islâmico e aumentar ainda mais suas perspectivas de ganhos no longo prazo.

    Lá fora

    O mercado americano também avançou firmemente nos últimos dia. Dow Jones e S&P 500 alcançaram máximas nas últimas semanas. “A fotografia tem mudado nos últimos dias. Setores de tecnologia e comunição, que performaram bem, estão tendo acerto. Os investidores estão fazendo a rotação para outros setores”, diz Willian Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities.

    Ele cita setores como imobiliário, aéreo, turismo e petroleiras com espaço para continuar performando bem. Apesar disso, alerta que, por conta do mercado estar em suas máximas históricas, é preciso ter cuidado redobrado para realizar alocação de recursos.

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