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    Moeda digital brasileira não será mesma coisa que bitcoin, diz presidente do BC

    De acordo com Roberto Campos Neto, moeda será uma nova forma de representação do real

    Fabrício de Castro, do Estadão Conteúdo

    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta quarta-feira que a moeda digital brasileira, em fase de estudo pelo BC, é uma nova forma de representação da moeda já emitida pela autoridade monetária – ou seja, o real. Segundo ele, ela não se confunde com os criptoativos, como o bitcoin, que não têm característica de moeda, mas sim de ativos.

    Estas avaliações constam de apresentação feita por Campos Neto em reunião por videoconferência com o Conselho Diretor da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na tarde desta quarta. O encontro foi fechado, mas o BC publicou em sua página na internet a apresentação.

     Nela, Campos Neto pontuou ainda que o BC brasileiro acompanha o tema das CBDCs – Central Bank Digital Currency, ou Moedas Digitais Emitidas por Bancos Centrais – há alguns anos. Um grupo de trabalho foi criado no BC em 2020 para tratar da questão.

    Campos Neto afirmou ainda, conforme a apresentação, que 86% dos bancos centrais do mundo possuem interesse no tema. Seis países já realizaram ou estão realizando pilotos de CBDCs e quatro estão envolvidos com “provas de conceito”. “Ao menos outros 42 estão em estágio exploratório ou de pesquisa”, registrou a apresentação. O Brasil está neste último grupo.

    Ao citar os criptoativos, Campos Neto afirmou ainda que a opinião do BC sobre eles continua a mesma. “Esses são ativos arriscados, não regulados pelo BC, e devem ser tratados com cautela pelo público”, disse.

    Futuro

    A moeda digital é mais um dos projetos do BC na área de tecnologia, com foco no mercado financeiro do futuro. Atualmente, existem no mundo moedas com lastro em algum ativo, as chamadas stablecoins, e as moedas sem lastro, que são as criptomoedas, como o bitcoin. A moeda digital em estudo pelo BC é uma divisa com lastro na própria moeda, ou seja, no real.

    Em tese, a moeda poderá ser aceita em quaisquer transações de pagamento, como o real convencional. Assim, o brasileiro poderá usar a divisa para pagar por produtos no comércio ou por serviços, por exemplo. A intenção do BC é que a moeda digital seja um complemento ao real convencional.

    O BC já publicou as diretrizes mais gerais para a moeda digital. Com base nisso, o órgão vai promover discussões com a sociedade, por meio de seminários, para aperfeiçoar a proposta. A expectativa é de que em dois ou três anos a moeda digital possa ser lançada.

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