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    Meta de inflação: o que pode ser aprimorado no sistema, como citou Campos Neto

    Em entrevista ao "Roda Viva", chefe do BC não descartou um aprimoramento no sistema para deixá-lo “mais flexível e eficiente”

    Roberto Campos Neto em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura.
    Roberto Campos Neto em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura. Nadja Kouchi

    Thais HerédiaGabriel Passerida CNN

    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tentou colocar a bola no chão e separar a atuação do BC da política de Brasília na entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

    Campos Neto negou que tenha sugerido mudança nas metas de inflação para promover queda dos juros, deixando claro que as metas não são instrumento de política monetária e que uma mudança agora poderia ter efeito contrário do desejado pelo governo.

    O chefe do BC não descartou, no entanto, um aprimoramento no sistema para deixá-lo “mais flexível e eficiente” e disse, sem entrar em detalhes, que há mais de uma proposta de ajuste para o modelo.

    Desde que foi adotado no Brasil, o sistema de metas convive com dois problemas que comprometem sua eficiência. O primeiro é o calendário anual, que não acomoda o horizonte relevante para efeito dos juros na economia.

    A atuação do BC contra a alta da inflação tem efeitos significativos entre 12 e 18 meses de atuação, no chamado horizonte relevante para a política monetária. A meta, na configuração atual, deve ser cumprida no intervalo entre janeiro e dezembro, seguindo calendário anual.

    O segundo ponto de mudança seria o índice usado como referência, o IPCA. Em 1999, quando a meta de inflação foi criada, o IPCA era o índice com maior credibilidade e com capacidade de captar uma grande quantidade de preços da cesta de consumo dos brasileiros.

    Atualmente, o país contém novos mecanismos de acompanhamento dos preços que refletem muito mais o processo inflacionário como um todo, não limitando a atuação do Copom a um único indicador.

    / CNN

    Em entrevista ao CNN Money, a economista-chefe da Principal Caritas, Marcela Rocha, destacou que essa discussão em torno do índice de referência usado para balizar a meta não é exclusividade do Brasil. “Alguns países discutem o uso do núcleo da inflação, excluindo itens que são mais voláteis e dependentes de fatores que não estão sob o escopo dos bancos centrais”.

    Campos Neto também disse na entrevista ao Roda Viva que uma mudança no patamar da meta, no contexto atual da economia brasileira, desencadearia um efeito contrário ao desejado.

    “Ao invés de ganhar flexibilidade, você pode terminar perdendo flexibilidade”, pontuou o presidente do BC. Marcela Rocha segue a mesma linha e pontua que um eventual ajuste na meta, seja para cima ou para baixo, depende dos seguintes fatores (veja no quadro abaixo):

    / CNN

    “Para mudar a meta de inflação, a gente precisaria de responsabilidade fiscal, inflação ancorada a longo prazo, coordenação política. Sem essas medidas, a meta se torna inócua e o efeito pode ser contraproducente, pode ser um tiro no pé. Ao invés de termos a desejada queda na taxa de juros, inflação baixa, podemos ter o cenário completamente oposto”, avalia Marcela Rocha.

    Segundo a economista, essas medidas são importantes para ancorar as expectativas. “Não são apenas as expectativas do mercado financeiro, mas também dos agentes econômicos, empresários, empreendedores e todos aqueles que compõem os diferentes setores da economia”.