Mesmo em ano de reajustes, ações da Petrobras valorizam 27%, mostra levantamento
Entretanto, economistas alertam que, com o período eleitoral no segundo semestre, o investidor deve ficar atento
Um levantamento realizado pela plataforma Economatica, a pedido do CNN Brasil Business, mostrou que, no período de janeiro de 2021 até janeiro de 2022, as ações da Petrobras valorizaram 27,45%.
Apesar de o ano de 2021 ter sido marcado por consecutivos reajustes nos preços dos combustíveis e pela troca do presidente da estatal em abril, Rodrigo Moliterno, head de Renda Variável da Veedha Investimentos, explica que algumas características da empresa e do cenário atual fazem com que as ações não sejam impactadas negativamente.
Para Moliterno, “o risco de influência governamental dentro da empesa vem diminuindo. Observamos várias forças políticas com o intuito de interferir nos preços praticados, mas sem sucesso. A Petrobras se manteve austera em sua política e isso diminuiu o risco para o mercado”, afirmou.
O economista pontuou que a própria commodity com a qual a empresa atua, o petróleo, “está com uma tendência de recuperação. A demanda e o desempenho têm aumentado por conta da reabertura das economias”, disse.
Além disso, resultados e previsões para a estatal demonstram a boa receptividade do mercado. O recorde anual de produção no pré-sal em 2021, os leilões realizados pela empresa e a expectativa para o pagamento de dividendos em 2022 são alguns dos exemplos.
Comportamento do investidor
Mesmo com a valorização e perspectivas da empresa, o investidor deve se atentar, principalmente, para dois fatores que podem gerar algum impacto negativo nas ações.
O especialista da Valor Investimentos Virgílio Lage afirmou que “o risco da utilização da Petrobras e outras estatais para a realização de reformas populistas é algo que deve ser observado com atenção, por exemplo”.
O segundo ponto mencionado por Lage é a provável volatilidade que deve ocorrer por conta das eleições. “O investidor que busca resultados no curto prazo precisa manter uma atenção maior com relação ao período eleitoral”.
“Já aquele que investe no longo prazo, tem uma preocupação menor e pode manter as ações. A empresa está quebrando recorde de dividendos, está mais enxuta e desinvestido em áreas de menor importância”, afirmou.
Na mesma linha, Moliterno concluiu dizendo que a estatal tem se comportado mais como “uma empresa privada e endereçada para o mercado, retomando a sua credibilidade. Ela volta a ser uma empresa geradora de caixa e isso atrai investimentos”.