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    Ibovespa fecha no maior patamar em três meses, aos 112 mil pontos; dólar tem queda

    Principal índice da bolsa subiu 1,19%, enquanto a moeda norte-americana terminou o dia com desvalorização de 0,26%, cotada a R$ 5,424

    João Pedro MalarArtur Nicocelido CNN Brasil Business* , em São Paulo

    O Ibovespa encerrou esta quinta-feira (27) em alta de 1,19%, aos 112.611,65 pontos – maior patamar desde 18 de outubro de 2021 (114.428 pontos), e estendendo ganhos pelo terceiro pregão consecutivo. O índice local teve impulso de ações dos setores de varejo e financeiro, enquanto papéis de saúde pressionaram na ponta oposta.

    O avanço também ocorreu por conta da alta nas commodities conforme os investidores reorganizavam suas aplicações após uma sinalização mais dura de alta de juros pelo Federal Reserve.

    E, na cena local ainda, o noticiário de ofertas de ações também movimentaram o dia, com expectativa para precificação do follow-on da Braskem.

    Já o dólar fechou em queda de 0,26%, a R$ 5,424, em meio a um novo pregão instável nas praças financeiras externas e a um rali global da moeda norte-americana por expectativas de altas mais agressivas de juros nos EUA. A cotação terminou bem distante da mínima do dia, quando bateu R$ 5,353, com recuo de 1,56%.

    O mercado também ficou atento às expectativas de juros mais altos no Brasil, com os investidores de olho na força global da divisa norte-americana e acompanhando o noticiário fiscal doméstico.

    Na quarta-feira (26), a moeda norte-americana teve leve alta de 0,06%, cotada a R$ 5,438. Já o Ibovespa fechou em alta de 0,98%, aos 111.289,18 pontos.

    Fed

    O foco dos investidores foi a reunião de política monetária do banco central dos Estados Unidos divulgada na quarta-feira.

    O documento não trouxe grandes novidades para os investidores, com o Fed mantendo os juros no intervalo entre 0% e 0,25%, mas afirmando que espera ter as condições necessárias para elevar as taxas “em breve”. A expectativa é de alta na reunião de março.

    O tom do comunicado mais ameno chegou a impulsionar as bolsas, mas os índices tiveram queda com o teor mais rígido do presidente da instituição, Jerome Powell, na entrevista coletiva logo depois.

    Além de dura, a fala do líder do BC americano deixou em aberto quantas vezes o juro pode subir este ano e quando o balanço patrimonial de US$ 9 trilhões vai começar a ser reduzido.

    A perspectiva de elevação dos juros aumenta a atratividade da renda fixa sobre as ações nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, pode fazer com que investidores busquem mercados mais resilientes e baratos, como o europeu e os emergentes, e migrem para ativos em alta, como as commodities.

    Qualquer alta de juros no país, porém, pode afetar os investimentos no Brasil, já que torna os títulos do Tesouro norte-americana ainda mais atrativos para os investidores. Esse cenário já ocorre com outras moedas ao redor do mundo, com o índice DXY, que compara o dólar com diversas moedas, em alta nesta quinta-feira.

    Segundo a OHM Research, o mercado atingiu o pico do pessimismo com o Fed. Agora, é necessário superar a variante Ômicron e a tensão entre Rússia e Otan para conseguir alguma recuperação.

    Commodities

    Ao longo da semana anterior, o mercado refletiu um processo de migração por parte dos investidores para áreas ligadas a commodities e para os mercados emergentes, o que favorece o Brasil e o real, já que a bolsa brasileira possui uma grande quantidade de empresas ligadas ao setor.

    Esse cenário se manteve nesta semana, com ações da bolsa como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) sendo beneficiadas pelas altas do minério de ferro e do petróleo.

    Expectativas de mais medidas pró-crescimento na China, enquanto pressões econômicas baixistas persistem, estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, disseram analistas.

    No caso do petróleo, analistas do Goldman Sachs afirmam que os preços do petróleo Brent devem superar os US$ 100 por barril neste ano. Segundo eles, o mercado de petróleo continua em um “déficit surpreendentemente grande” já que o efeito da variante Ômicron do coronavírus na demanda pela commodity é, até agora, menor do que o que era esperado. Além disso, as tensões na Ucrânia afetam os preços.

    Brasil

    Na cena local, o aumento do risco fiscal segue no radar dos investidores. O texto do orçamento de 2022, sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), cortou os investimentos ao menor nível da história, para R$ 42,3 bilhões, mas manteve intactas as verbas para o orçamento secreto, para o fundo eleitoral e para reajustes salariais.

    Junto com a PEC dos Combustíveis, um analista de mercado define que a percepção é que o governo está partindo para o tudo ou nada, e deve caminhar para medidas mais populistas para elevar sua popularidade até as eleições.

    Segundo projeção da equipe de análise da XP, a PEC pode diminuir a arrecadação entre R$ 70 bilhões e R$ 100 bilhões.

    Sobe e desce da B3

    Veja abaixo quais foram os principais destaques do pregão desta quinta-feira:

    maiores altas

    • Magazine Luiza (MGLU3) +6,96%;
    • Banco Inter (BIDI11) +6,28%;
    • Via Varejo (VIIA3) +6,21%;
    • BB Seguridade (BBSE3) +5,91%;
    • Grupo Soma (SOMA3) +5,58%

    maiores baixas

    • Intermedica (GNDI3) -4,70%;
    • Hapvida (HAPV3) -3,43%;
    • Grupo Natura (NTCO3) -3,24%;
    • Marfrig (MRFG3) -2,99%;
    • Braskem (BRKM5) -2,70%

    Com informações de Priscila Yazbek e da Reuters

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