Ibovespa cai 1,7% com tributação de dividendos no radar; dólar sobe
O mercado financeiro não recebeu bem a proposta entregue ao Congresso por Guedes. Texto sugere mudanças em rendimentos como os fundos imobiliários
O mercado brasileiro não recebeu muito bem a segunda parte da reforma tributária, entregue pelo governo à Câmara nesta sexta-feira. O Ibovespa caiu 1,74%, para 127.255 pontos.
Apenas sete ações do Ibovespa apresentaram variação positiva. Entre elas, as da Vale (VALE3), que subiram 1,23% e evitaram queda ainda maior do índice.
O dólar, que demonstrava pouca variação ante o real nos primeiros negócios do dia, passou a subir e fechou em alta de 0,64%, a R$ 4,9376.
Na semana, a cotação caiu 2,64%. Em junho, o dólar ainda recua 5,51%, e a moeda perde 4,89% em 2021.
A bolsa reagiu à tributação de dividendos proposta pelo Executivo na segunda fase da reforma tributária, enviada hoje ao Congresso Nacional.
A ideia do governo é taxar em 20% os dividendos distribuídos pelas empresas de capital aberto.
“Pela primeira vez, estamos aumentando os impostos sobre rendimentos do capital, que são os impostos sobre dividendos”, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, mais cedo.
Investidores reagiam também à escalada da inflação. O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), considerado a prévia da inflação, subiu 0,83% em junho, acima da taxa de 0,44% registrada em maio. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (25) pelo IBGE. Em 12 meses, o índice acumula alta de 8,13%, bem acima do teto da meta do governo.
As atenções também estavam voltadas para Brasília. Na CPI da Pandemia, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão depõem sobre o caso Covaxin.
Globalmente, o apetite por risco do mercado ocorre em reação ao anúncio de um acordo do governo dos EUA com a oposição republicana para avançar no Congresso com um gigantesco projeto de gastos em infraestrutura.
Investidores também digeriam os resultados do Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE) de maio, que subiu 0,5% frente a abril e 3,4% em relação a maio de 2020, em linha com as expectativas do mercado. No mês passado, a inflação anual americana medida pelo CPI atingiu 5%, o maior nível em 13 anos.
Há temores de que crescentes pressões inflacionárias possam levar o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) a antecipar o aperto de sua política monetária. Dirigentes do Fed, no entanto, insistem que o salto da inflação americana é transitório.
Lá fora
O índice S&P 500 encerrou a semana em máxima recorde nesta sexta-feira, impulsionado pelas ações da Nike e de vários bancos, enquanto dados de inflação mais fracos do que o esperado aliviaram preocupações sobre uma redução repentina no estímulo concedido pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos).
As ações da Nike avançaram para uma máxima histórica, depois que a fabricante de tênis projetou vendas para o ano fiscal acima das estimativas de Wall Street. Os ganhos dos papéis também ajudaram o Dow Jones a ficar na dianteira entre os três principais índices acionários.
O Dow Jones subiu 0,69%, encerrando aos 34.433 pontos, enquanto o S&P 500 valorizou-se 0,33%, aos 4.280 pontos. O Nasdaq recuou 0,06%, aos 14.360 pontos.
As bolsas asiáticas fecharam em alta generalizada acompanhando o tom positivo de Wall Street ontem, quando o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou um acordo bipartidário para um projeto de gastos em infraestrutura.
O índice acionário japonês Nikkei subiu 0,66% em Tóquio hoje, a 29.066,18 pontos, enquanto o Hang Seng avançou 1,40% em Hong Kong, a 29.288,22 pontos, o sul-coreano Kospi se valorizou 0,51% em Seul, para a nova máxima histórica de 3.302,84 pontos, e o Taiex registrou ganho de 0,55% em Taiwan, a 17.502,99 pontos.
Na China continental, os mercados tiveram desempenho ainda melhor, com alta de 1,15% do Xangai Composto, a 3.607,56 pontos, e avanço de 1,11% do menos abrangente Shenzhen Composto, a 2.442,08 pontos.
Na Oceania, a bolsa australiana também foi impulsionada por Wall Street, e o S&P/ASX 200 avançou 0,45% em Sydney, a 7.308,00 pontos.
*Com informações de Reuters e Estadão Conteúdo