Bolsa cai ao menor nível desde dezembro e Petrobras perde 5%; dólar sobe 1,6%
Há preocupações com o avanço dos casos do novo coronavírus, que levou, inclusive, o estado de São Paulo a decretar restrição de circulação à noite
O dólar voltou a passar da faixa dos R$ 5,50 nesta quinta-feira (25), em meio à preocupação dos investidores com os riscos na economia e a política domésticas. A moeda americana encerrou o dia em alta de 1,62%, vendida a R$ 5,51. É o maior patamar desde 5 de novembro de 2020 (R$ 5,545).
Já o Ibovespa, que chegou a subir no início do dia, caiu 2,95%, para 112.256,36 pontos. É a menor pontuação para o índice de referência da bolsa de valores desde 2 de dezembro, quando fechou a 111.878,53.
A inversão acompanhou os papéis da Petrobras, que também chegaram a subir mais de 3% no início do pregão e reverteram a tendência para queda, depois que a petroleira divulgou um lucro surpreendente de R$ 7,1 bilhões em 2020 na noite de quarta-feira (24).
Os papéis preferencias (PETR4) caíram 4,96%, enquanto os ordinários (PETR3) perderam 3,9%.
Uma das incertezas no radar é sobre a PEC Emergencial que pode ser votada na semana que vem. Outras dúvidas são acerca das privatizações da Eletrobras e dos Correios, que, por mais que tenham dado uma sinalização positiva, ainda precisam ser aprovadas pelo Congresso.
O relator da matéria, senador Marcio Bittar (MDB-AC), disse que a PEC Emergencial só será votada na próxima terça-feira no Senado e deverá ter apenas sua discussão iniciada nesta quinta no plenário da Casa.
Também há preocupações com o avanço dos casos do novo coronavírus, que levou, inclusive, o estado de São Paulo a decretar restrição de circulação à noite, a partir de sexta-feira.
Durante a tarde, o Banco Central anunciou a segunda oferta de dólar do dia, com venda efetiva de US$ 615 milhões. No total, a autoridade monetária colocou US$ 1,535 bilhão nessa modalidade, com liquidação em 1º de março.
O BC não fazia leilão de dólar à vista desde dezembro de 2020. Na segunda-feira, o Banco Central já havia vendido US$ 1 bilhão em dinheiro novo via swaps cambiais tradicionais, numa tentativa de conter a forte reação negativa do câmbio à percepção do mercado de ingerência política na Petrobras.
“Está muito claro que o BC está mais pró-ativo no câmbio”, disse Alfredo Menezes, sócio-gestor na Armor Capital. Para ele, os motivos podem ser pressão política, preocupação com a inflação e interesse em diminuir reservas para abater dívida bruta –esta última opção, segundo ele, é reforçada pelo fato de a intervenção ter ocorrido com dólares das reservas.
O estresse nos mercados nesta quinta-feira ainda foi motivado pela contínua subida dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os Treasuries. A taxa de dez anos –referência para os custos globais de empréstimos– saltou para 1,614%, o maior patamar em mais de um ano, puxados por um temor crescente de avanço da inflação no país após pacotes trilionários de estímulos.
Juros mais altos tornam esse ativo –considerado o mais seguro do mundo– ainda mais interessante, o que estimula desmonte de carteiras em outros mercados, como as bolsas e títulos de países emergentes.
(Com Reuters)