Mercado teme que Bolsonaro adote populismo econômico de olho em Lula em 2022
Economistas acreditam que dualidade entre direita e esquerda reduz chance de agenda reformista

A possibilidade de uma disputa entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022 pode mudar completamente o cenário econômico. Para analistas e economistas, o principal risco é o Brasil ter a adoção de políticas populistas como o primeiro movimento da disputa eleitoral do próximo ano.
Após consultar mais de uma dezena de analistas e economistas do mercado financeiro, fica clara a onda de cautela e aversão ao risco gerada pela decisão de Edson Fachin. Mais cedo, o ministro do Supremo Tribunal Federal anulou, em decisão monocrática, as condenações do ex-presidente Lula definidas pela Justiça Federal no Paraná relacionadas às investigações da Lava Jato.
Para o mundo econômico, preocupa principalmente a perspectiva de que a disputa eleitoral de 2022 seja novamente polarizada entre Bolsonaro –como candidato da direita– e Lula –como candidato opositor, da esquerda. Esse cenário, dizem economistas, reduz muito a chance de vitória de um candidato de centro com agenda reformista. Esse cenário, por si só, seria suficiente para gerar pessimismo para os investidores.

No atual cenário, porém, há outra preocupação –talvez mais urgente– e de curto prazo: a possibilidade de adoção de medidas populistas do atual governo de olho nas eleições do próximo ano. O temor, dizem analistas, é que essa dualidade possível em 2022 vire incentivo para que Bolsonaro adote abertamente políticas populistas, como ampliação do auxílio emergencial ou a intervenção mais forte na política de preços de tarifas públicas.