Dólar sobe 4%, a R$ 4,80, maior alta percentual desde março de 2020; Ibovespa cai
Moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 4,80, enquanto o principal índice da B3 terminou o dia em baixa de 2,86%, aos 111.077,51 pontos
O dólar encerrou esta sexta-feira (22) em alta de 4,07%, cotado a R$ 4,80. A moeda norte-americana registrou a maior alta percentual desde 16 de março de 2020, começo da pandemia de Covid-19. Na semana, a moeda subiu 2,34% e, em 2022, registra desvalorização de 13,76%.
Já o Ibovespa fechou em baixa de 2,86%, aos 111.077,51 pontos, maior queda percentual desde 26 de novembro de 2021, quando caiu 3,39%.
Ao longo do dia, investidores também reagiram à perspectiva cada vez mais provável de endurecimento da postura de política monetária do Federal Reserve derrubando ativos de risco em todo o mundo. Esse cenário somava-se ao mercado externo de olho na cena política doméstica de novos atritos entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF).
E no Brasil ainda, o foco também esteve na política monetária, após declaração do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele disse que “o momento exige serenidade para avaliar o tamanho e a duração dos choques atuais”, e que “persistirá em sua estratégia até que o processo de desinflação e a ancoragem das expectativas em torno de suas metas se consolide”.
A alta da moeda americana deixa no radar uma saída de capital estrangeiro do Brasil devido à aceleração dos juros nos Estados Unidos, queda das ações brasileiras no mercado estrangeiro e desvalorização dos juros futuros, diz Bruno Madruga, chefe de renda variável e sócio da Monte Bravo Investimentos, em entrevista à CNN.
Na última quarta-feira (20), o Ibovespa fechou em queda de 0,62%, aos 114.343,78 pontos. Já o dólar registrou desvalorização de 1,03%, cotado a R$ 4,618.
Sobe e desce da B3
Veja os principais destaques do pregão desta sexta-feira
Maiores altas
- Copel (CPLE6) +1,63%
Maiores baixas
- CSN (CSNA3) -7,68%;
- Locaweb (LWSA3) -6,29%;
- Vale (VALE3) -5,80%;
- Iguatemi (IGTI11) -5,38%;
- Cogna (COGN3) -5,26%
Fed
O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou na quinta-feira que um aumento de 0,5 ponto percentual nos juros estará “sobre a mesa” quando o Fed se reunir em maio, acrescentando que seria apropriado “agir um pouco mais rapidamente”.
O comentário —que consolida a ampla expectativa de que o banco central norte-americano intensificará a dose de aperto monetário diante da inflação mais alta em quatro décadas— levou o índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes a tocar uma máxima em 25 meses nesta sexta-feira, enquanto várias divisas arriscadas pares do real, como rand sul-africano, dólar australiano e peso mexicano, caíam entre 0,7% e 1% no dia.
“A visão de que o Fed deve apertar o passo, que foi sustentada pelas autoridades mais hawkish no início, passou a ser amplamente aceita. Com isso, o mercado já precifica pelo menos três altas de meio ponto (nos juros) nas próximas reuniões”, disse a XP em nota.
Juros mais altos nos EUA elevam a atratividade de se investir na extremamente segura renda fixa norte-americana, o que tende a aumentar o ingresso de recursos na maior economia do mundo e, consequentemente, beneficiar o dólar.
Eletrobras
Fontes do Planalto e do Ministério da Economia disseram à CNN que o governo considerou que foi derrotado com o adiamento pelo Tribunal de Contas da União (TCU) do julgamento do processo de privatização da Eletrobras por 20 dias, mas não desistiu de vender a estatal.
Como o próprio ministro Vital do Rego antecipou à CNN na terça-feira (19), ele pediu vista por 60 dias. Mas durante a sessão houve uma negociação com outros ministros que consideraram o prazo muito extenso e ele acabou aceitando que o período de vista durasse 20 dias.
Com isso, o processo só deve voltar à pauta da corte de contas no dia 11 de maio, o que torna inviável que o cronograma inicial seja estabelecido.
Ao mesmo tempo, em visita à Índia, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse nesta sexta-feira (22) que o governo continua planejando capitalizar a Eletrobras neste ano.
“Acredito que a decisão do TCU sobre Eletrobras foi avanço no processo, porque o relator apresentou seu voto e os demais ministros debateram. O cronograma para capitalizar a Eletrobras era até o fim de abril, mas esse atraso de 20 dias levará a um ajuste”, afirmou em entrevista coletiva virtual.
Noticiário político
Na véspera, feriado de Tiradentes que manteve os mercados locais fechados, o presidente Jair Bolsonaro anunciou um decreto concedendo perdão ao deputado Daniel Silveira por meio de uma “graça constitucional”, um dia após o Supremo Tribunal Federal condenar o parlamentar pelos crimes de coação no curso do processo e atentado ao Estado Democrático de Direito. A medida, vista por muitos como uma afronta ao STF, tem potencial de abrir nova crise com a cúpula do Judiciário.
Fernando Bergallo, diretor de operações da assessoria de câmbio FB Capital disse acreditar que, embora “indesejável”, a tensão política não está fazendo preço no mercado de câmbio local, que reflete principalmente os temores de juros mais altos nos Estados Unidos, e afirmou que o mercado já esperava alguma recuperação do dólar mesmo antes da escalada das tensões entre Bolsonaro e o STF.
Isso porque, na última sessão, na quarta-feira, a moeda norte-americana à vista fechou em queda de 1,03%, a R$ 4,6186 na venda, maior desvalorização percentual desde 4 de abril. É comum, após oscilações expressivas, haver ajustes no preço da divisa.
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Veja como ficaram os mercados internacionais nesta sexta-feira:
Wall Street
Wall Street caiu mais que 2,5% nesta sexta-feira, o que fez com que os três índices fechassem a semana em território negativo, depois que notícias surpreendentes sobre balanços empresariais e certeza crescente em torno da iminência de aumentos agressivos da taxa de juros afetar investidores.
O índice S&P 500 fechou em queda de 2,77%, a 4.271,78 pontos. O Dow Jones caiu 2,82%, a 33.811,40 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite recuou 2,55%, a 12.839,29 pontos.
Foi a terceira semana consecutiva de perdas para os índices S&P 500 e Nasdaq, enquanto o índice Dow Jones registrou sua quarta queda semanal consecutiva.
O Dow Jones sofreu sua maior queda diária desde outubro de 2020.
As preocupações com os riscos dos aumentos da taxa de juros continuaram a reverberar após a guinada do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, a uma posição mais “hawkish” (dura no combate à inflação), na quinta-feira, quando ele apoiou uma ação mais rápida para conter a alta dos preços e disse que um aumento de 0,50 ponto percentual estaria “na mesa” quando o Fed se reunir em maio.
O índice de volatilidade da CBOE, também conhecido como o indicador de medo de Wall Street, saltou nesta sexta-feira e terminou em seu nível mais alto desde meados de março.
Todos os 11 principais setores do S&P 500 recuaram, com destaque para a queda de 3,6% em saúde e de 3,7% do setor de materiais.
Na semana, o Dow Jones caiu 1,9%, o S&P, 2,8% e o Nasdaq, 3,8%.
Ações na Europa
As ações europeias fecharam em mínimas em quase um mês nesta sexta-feira, conforme uma combinação de fatores negativos como o lockdown contra a Covid-19 na China e preocupações com altas rápidas dos juros abalavam o sentimento globalmente.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 1,79%, a 453,31 pontos, seu resultado mais fraco desde 25 de março.
O setor de recursos básicos, que abriga mineradoras globais como Glencore e Rio Tinto, despencou 3,6% após os preços dos metais serem atingidos pelas medidas de restrição contra o coronavírus na China.
Em geral, os papéis mundiais atingiram mínimas em cinco semanas, enquanto investidores temem que as rápidas elevações das taxas de juros nos Estados Unidos, Reino Unido e zona do euro, devido à inflação crescente, pesarão sobre o crescimento econômico.
O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou na quinta-feira que um aumento de 50 pontos-base “estará na mesa” quando o banco central dos EUA se reunir em 3 e 4 de maio, enquanto o Banco Central Europeu provavelmente subirá os juros antes do final do ano, disse a chefe da instituição, Christine Lagarde à CNBC nesta sexta-feira.
- Em Londres, o índice Financial Times recuou 1,39%, a 7.521,68 pontos;
- Em Frankfurt, o índice DAX caiu 2,48%, a 14.142,09 pontos;
- Em Paris, o índice CAC-40 perdeu 1,99%, a 6.581,42 pontos;
- Em Milão, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 2,12%, a 24.279,63 pontos;
- Em Madri, o índice Ibex-35 registrou baixa de 1,84%, a 8.652,30 pontos;
- Em Lisboa, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,87%, a 6.002,91 pontos.
Ásia
As ações chinesas registraram sua maior queda semanal em seis semanas nesta sexta-feira, enquanto o iuan ampliou as perdas, já que os rígidos lockdowns da Covid-19 no país paralisaram a atividade econômica em muitas cidades grandes, mesmo com as autoridades prometendo fornecer mais ajuda às empresas atingidas pelas medidas.
Autoridades de Xangai dobraram sua ofensiva contra o vírus, lançando outra rodada de testagem em toda a cidade e alertando os moradores de que o lockdown de três semanas só será suspenso em fases quando a transmissão for eliminada. Acredita-se que muitas outras cidades também estejam sob alguma forma de lockdown.
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 0,44% no dia, enquanto o índice de Xangai teve alta de 0,23%.
Mas ambos os índices registraram suas maiores perdas semanais desde o início de março e permaneceram perto de mínimas em dois anos, tendo apagado quase todos os ganhos obtidos após a promessa do vice-primeiro-ministro, Liu He, em 16 de março, de apoiar a economia e os mercados financeiros.
- Em Tóquio, o índice Nikkei recuou 1,63%, a 27.105 pontos;
- Em Hong kong, o índice HANG SENG caiu 0,21%, a 20.638 pontos;
- Em Xangai, o índice SSEC ganhou 0,23%, a 3.086 pontos;
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,44%, a 4.013 pontos;
- Em Seul, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,86%, a 2.704 pontos;
- Em Taiwan, o índice TAIEX registrou baixa de 0,60%, a 17.025 pontos;
- Em Cingapura, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,38%, a 3.361 pontos;
- Em Sydney, o índice S&P/ASX 200 recuou 1,57%, a 7.473 pontos.
*Com informações da CNN Brasil