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    Mercadante terá máquina de empréstimos no BNDES e há temor de juro subsidiado

    Potencialmente, total de novos empréstimos do banco de fomento pode facilmente chegar a quase três vezes o montante da PEC do Estouro

    Fernando Nakagawada CNN

    Aloizio Mercadante terá o controle de uma verdadeira máquina de empréstimos à frente do BNDES. Potencialmente, o total de novos empréstimos do banco de fomento pode facilmente chegar a quase três vezes o montante da PEC do Estouro.

    No mundo econômico, o temor é que o banco despeje todo esse crédito – que poderia chegar a meio trilhão de reais – com a volta dos empréstimos subsidiados. Se isso acontecer, haveria grande distorção do mercado de financiamentos e a política monetária do Banco Central perderia eficiência.

    A escolha do ex-senador para a presidência do banco acontece em um momento confortável para o BNDES. Nos últimos anos, a instituição reforçou o capital e tem, entre os grandes, o maior espaço para o aumento dos empréstimos.

    O número que mostra esse espaço para emprestar é o Índice de Basileia. O indicador mede a relação entre o capital do banco e o total de empréstimos daquela casa.

    Nos últimos anos, o BNDES reforçou o indicador que está perto de 35%. Grosso modo, isso quer dizer que a cada R$ 100 emprestados, o BNDES usou R$ 35 próprios. O número é bem superior aos dos concorrentes – inclusive os públicos – que costumam ter número inferior a 20%.

    É essa diferença que dá uma grande vantagem ao BNDES. Em bancos e corretoras, muitos analistas de crédito dizem que, se o banco de fomento quiser, teria espaço para praticamente dobrar a carteira de crédito sem precisar aumentar o capital – só usando o espaço já existente.

    Assim, o índice de Basileia do BNDES cairia para um patamar parecido com o dos concorrentes – e que ainda está acima do mínimo exigido pelo BC.

    O problema não é o banco emprestar mais, dizem analistas. O que o mundo das finanças teme é que esse caminhão de dinheiro seja emprestado com juros subsidiados.

    Isso geraria uma grande distorção do mercado de crédito – principalmente o corporativo – e reduziria de maneira não desprezível a eficiência da política monetária do Banco Central. Isso aconteceria porque, com empréstimos que não seguem a taxa Selic, o BC teria de elevar ainda mais o juro para conseguir o mesmo efeito em toda a economia.

    A prática de juros abaixo do mercado – que sempre existiu no BNDES – começou a acabar a partir de 2017, no governo Michel Temer.

    Na época, a TJLP, a Taxa de Juro de Longo Prazo, foi substituída pela nova TLP, a Taxa de Longo Prazo. Assim, o BNDES trocou o juro subsidiado pelo Tesouro Nacional por uma nova referência que segue o mercado de juros futuros.

    Essa foi a virada de página para a grande transformação do banco nos últimos anos. Saíram os campeões nacionais e os créditos subsidiados e entraram operações com taxas de mercado.

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