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    Lojas Quero-Quero querem dominar o interior; ações podem subir mais 20% em 2020

    A Quero-Quero tem um modelo único em comparação às varejistas listadas na bolsa brasileira: o foco está em pequenas cidades do interior com até 40 mil pessoas

    André Jankavski, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Desconhecida no eixo Rio-São Paulo, que concentra quase 70% dos investidores da bolsa brasileira, a varejista gaúcha Quero Quero (LJQQ3), especializada em móveis e eletrônicos, mostra que quer ser uma protagonista do setor na bolsa. E está conseguindo. Desde a sua abertura de capital, ocorrida em agosto, as suas ações já tiveram alta de 17%. O Ibovespa, no mesmo período, teve queda de 3,2%.

    E, segundo os bancos Bradesco e Itaú, os papéis devem crescer ainda mais até o fim deste ano

    A Quero-Quero tem um modelo único em comparação às varejistas listadas na bolsa brasileira: o foco está em pequenas cidades do interior, com população de até 40 mil habitantes.

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    O que pode ser considerado negativo para alguns, é um tremendo diferencial competitivo para os outros: a competição é baixíssima, geralmente contra negócios de bairro, e com um modelo de expansão muito mais barato de acontecer.

    “A companhia tem uma dinâmica única em pequenas cidades e, por isso, ela está bem posicionada para surfar um potencial crescimento do mercado com pouca competição dos grandes operadoras”, diz relatório do Itaú BBA assinado por 

    Hoje, a Lojas Quero-Quero opera 362 lojas com uma média de 650 metros quadrados, consideradas pequenas para o varejo eletrônico, sendo que 75% delas são no Rio Grande do Sul. Santa Catarina (15%) e Paraná (10%) concentra o restante. E deve crescer ainda mais, segundo o Bradesco.

    “Nós vemos potencial de praticamente dobrar o número de lojas somente nos três estados em que a Lojas Quero-Quero já opera”, diz o relatório assinado pelo analista Richard Cathcart.

    Nas estimativas do banco, a empresa deve chegar a 395 neste ano e, em 2024, deve chegar a 745 unidades.

    Uma comparação realizada pelo Itaú BBA mostra que a empresa teve um crescimento de 17% em crescimento em número de unidades no ano passado. RaiaDrogasil (RADL3) e Lojas Renner (LREN3), conhecidas por serem inauguradoras em série, tiveram crescimento de 13% e 10%, respectivamente. O Itaú, inclusive, é ainda mais otimista com a Quero-Quero: imagina que, até 2022, a empresa terá 540 unidades.

    Por isso, o Bradesco acredita que as ações da empresa ainda estão subvalorizadas e enxerga espaço para uma alta para até R$ 19. Isso representa uma alta de 27% em comparação ao preço do fechamento da última quarta-feira (16).

    Um dos diferenciais concorrenciais da Quero-Quero também é o suporte financeiro que ela dá aos clientes. Cerca de 60% das vendas feitas na loja são feitas com o cartão da própria varejista. “É uma importante ferramenta para competir contra os pequenos, informais e outros competidores mais estabelecidos”, diz Catchcart.

    E a empresa nem perde tanto dinheiro assim. Ao contrário: 45% do lucro bruto da empresa vem dos financiamentos. E a taxa de inadimplência é cerca de 15% do portfólio – menor do que, por exemplo, a Guararapes (GUAR3), dona da Riachuelo, com 20%. Para completar, segundo o Itaú, é uma importante ferramenta de fidelização do cliente.

    Riscos

    Segundo análise do Itaú BBA, como a empresa também é muito forte em móveis e no segmento de jardinagem, o comércio eletrônico não é tão forte. Para se ter uma ideia, na China, onde o mercado é o mais avançado do mundo, as vendas pela internet desse setor representam apenas 7%, ante 45% dos eletrônicos.

    No Brasil, a proporção é de 1% para casa e jardinagem para 22% de eletrônicos, segundo dados da Euromonitor.

    Porém, a digitalização avança fortemente – e empresas como Magazine Luiza (MGLU3) e Mercado Livre estão conquistando novos mercados rapidamente. Logo, é sempre um risco ficar para trás na digitalização.

    Além disso, como é muito dependente dos lucros da sua financeira, a Quero-Quero pode sofrer com um aumento da inadimplência no Brasil pode ter um duro golpe em seu lucro.

    “Um cenário macroeconômico desafiador sempre tem potencial de machucar o lucro e as operações financeiras desse porte”, diz o Itaú BBA. 

    Mesmo assim, a empresa também aposta em uma valorização do papel para R$ 18 até 2021. Em um momento tão duro para o varejo, a Quero-Quero mostra que, pelo menos para os bancos, é possível ganhar bastante dinheiro no interior do Brasil.

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