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    Letras e números ajudam a identificar ação na bolsa; saiba o que significam

    Código de negociação, ou "ticker" do investimento, dá informações sobre o tipo de ativo negociado em bolsa

    Artur Nicocelido CNN Brasil Business

    PETR3, VALE3, EMBR3F, BBAS3. Na sopa de letrinhas da economia, o mercado financeiro oferece um prato cheio. Para quem investe, esses códigos, formado por letras e números, servem para identificar o ativo na bolsa e trazem as características da ação negociada. E o que significa cada símbolo e compõe o ticker do papel?

    A ação de uma companhia nada mais é que uma fração da sociedade, ou seja, uma parcela do capital social de uma empresa. E esses pedaços negociados em bolsa podem ser ordinários ou preferenciais.

    Os papéis que terminam com o número 3, como PETR3 ou VALE3, são conhecidos como ordinários e carregam a sigla ON. Segundo Rob Correa, analista de investimentos e autor do livro “Guia do Investidor de Sucesso no Longo Prazo: Os Segredos Para a Independência Financeira”, essas ações dão o direito do investidor votar nas assembleias das empresas.

    As assembleias dos acionistas têm por objetivo, por exemplo, avaliar a prestação de conta das companhias, deliberar sobre as demonstrações financeiras, definir a remuneração dos administradores, eleger os membros do conselho fiscal e determinar a destinação do lucro líquido.

    Na hierarquia das companhias, a assembleia se posiciona acima do conselho administrativo. E, de acordo com a XP, “quando maior a quantidade [de ações ON], maior o peso do voto do acionista”.

    Com relação à negociação, Correa destaca que “como as ações ordinárias tem direito a voto [se comparado com outros modelos de papéis], geralmente elas estão com investidores que não negociam com tanta frequência”.

    Já as ações preferenciais, representadas pela sigla PN e pelo número 4, dão o direito de o investidor receber dividendos (parte do lucro de uma empresa que é repassado aos acionistas) com prioridade, mas não fornecem o direito ao voto.

    Normalmente, as ações preferenciais são as mais negociadas no dia a dia. “Mas vale ressaltar que esses papéis não contam com um instrumento de proteção, chamado Tag Along”, explica, Correa.

    O Tag Along, também conhecido como “direito de ir”, é a possibilidade do investidor minoritário vender suas ações (apenas as ordinárias) quando novos donos assumem a gestão da companhia.

    E, caso a empresa não pague dividendos para os investidores das ações preferenciais pelo prazo de três anos seguidos, os acionistas passam a ganhar direito a voto.

    As ações preferenciais também são divididas em subclasses definidas em: PNA, cujo número é 5; PNB, 6; PNC, 7; PND, 8. Contudo, segundo a XP, a definição varia de acordo com o que é definido no estatuto de cada uma das companhias.

    Para os investidores que buscam comprar ações ordinárias e preferenciais ao mesmo tempo, existem as units, cujo número é 11. Correa diz que cada unit tem uma composição distinta entre os dois modelos de papéis, “mas não existe uma combinação pré-estabelecida para compor o conjunto”.

    É possível saber a composição de cada unit no site da B3. Veja alguns exemplos abaixo:

    • BTG Pactual (BPAC11) – 1 ação ON + 2 ações PN;
    • AES tiete (TIET11) – 1 ação ON + 4 ações PN;
    • Klabin (KLBN11) – 1 ação ON + 4 ações PN

    Mercado fracionado e a termo

    Também há a possibilidade de atuar no mercado fracionado —recurso mais usado por pequenos investidores. Quando um acionista opta por comprar uma ação ordinária ou preferencial, normalmente ele é obrigado a adquirir um pacote de 100 papéis. Ou seja, se um ativo custa R$ 1, ele terá que pagar R$ 100.

    A fração serve para desmembrar o pacote de ações, possibilitando que o investidor compre apenas um ativo, pagando apenas R$ 1, por exemplo. Para acessar esse modelo de papel é preciso acrescentar a letra F, como VALE3F e EMBR3F.

    Agora, o mercado a termo —operação de compra e venda de um ativo com data de vencimento futura— “tem um comportamento semelhante ao fracionado, mas ao invés de colocar a letra F, o investidor acrescenta o T”, segundo serviço ao investidor da XP.

    De acordo com a corretora ModalMais, nesse modelo, determina-se que um número de ações serão compradas, e que o pagamento se dará em uma data futura. Como o pagamento não será à vista, o vendedor cobrará juros sobre o preço da ação.

    A taxa de juros é combinada entre as partes, mas, normalmente, fica próximo à taxa Selic, que hoje está a 10,75%. O prazo também é acordado no contrato, “podendo ser de, no mínimo 16 e, no máximo, 999 dias”, diz a ModalMais.

    Outras possibilidades de investimentos

    Os fundos imobiliários também são negociados no mercado com o ticker 11, porém, sua estrutura é diferente das units. Ao invés de ser uma fração de uma companhia, é um montante que será destinado a empreendimentos imobiliários, como shoppings, bancos físicos e galpões.

    Caso o fundo seja listado no mercado de balcão organizado pela B3, será colocado a letra B após o número 11.

    Os fundos imobiliários também pagam dividendos, “e esse é um de seus maiores atrativos”, segundo a corretora Guide.

    Por lei, a distribuição de dividendos deve ser de pelo menos 95% dos lucros e, no mínimo, uma vez a cada semestre. No entanto, é prática aos fundos imobiliários o pagamento mensal de rendimentos.

    “Os fundos imobiliários obtêm a renda a partir dos negócios gerados, sejam eles incorporação, venda ou aluguel. Logo, a desocupação de um imóvel pode impactar, mesmo que transitório, o seu rendimento e também o valor da cota”, aponta a Guide.

    “Por este motivo, o investidor não deve fazer suas escolhas baseadas somente na distribuição de dividendos. É preciso realizar uma análise qualitativa da gestão do fundo, dos ativos que compõem sua carteira e a expectativa de geração de renda”.

    Se o investidor tiver interesse em comprar papéis da Disney, Apple, Tesla ou Microsoft, por exemplo, basta digitar o código 34, e terá acesso aos papéis internacionais negociados por meio de BDRs (Brazilian Depositary Receipts), também conhecidos como CDVM (certificado de depósito de valores mobiliários) na B3.

    Por exemplo, se quiser se tornar acionista do conglomerado de parques de Orlando, basta comprar o DISB34. Para localizar os papéis da fabricante de iPhones, é só buscar por AAPL34.

    “Os BDRs são um espelho do ativo listado em bolsas estrangeiras, refletindo a variação do preço da ação às quais estão atrelados”, informa a corretora Rico.

    Desde 2020, os BDRs estão disponíveis para o investimento de qualquer brasileiro. E vale destacar que, conforme as companhias seguem as políticas de órgãos reguladores internacionais, não são todas as empresas internacionais que pagam dividendos, “depende da política de cada uma e como o papel foi lastreado na B3”, segundo orientação da corretora  Clear.

     

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