Juros poderiam ser mais baixos para o agronegócio, diz Tereza Cristina
Em entrevista ao programa Brasil Pós-Pandemia, a ministra da Agricultura também admitiu que o país deve incentivar mais os programas de florestas plantadas
Os juros básicos no Brasil vêm caindo reunião após reunião do Banco Central e chegaram à mínima histórica de 2,25% ao ano. Diante desse cenário, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, acredita (e gostaria) que a taxa média cobrada dos produtores do agronegócio caísse ainda mais dos 5,5% anunciados para o Plano Safra 2020/2021.
“Acredito que os juros poderiam ser mais baixos e trabalhamos muito para isso neste Plano Safra”, disse Cristina aos âncoras William Waack e Rafael Colombo no programa “O Brasil Pós-Pandemia: A Retomada”.
“Acho que precisa cair mais, mas não é o Ministério da Agricultura o responsável por isso, e, sim, o mercado. E o governo, que coloca um grande valor do Tesouro para diminuir essa taxa para os que os produtores rurais tenham uma taxa compatível.”
O Plano Safra 2020/2021 teve uma diminuição no custo do dinheiro em comparação com o programa anterior. Para os produtores de porte médio, por exemplo, a taxa média de juros caiu de 6% para 5% ao ano. Para os grandes, houve uma redução para 6% (no custeio) e 7% (para investimento). Já os pequenos agricultores terão taxas entre 2,75% a 4%.
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“Elas (as taxas) precisam caber no negócio do produtor, senão o produtor não terá como pagar”, diz Cristina.
Uma das saídas para facilitar a vida dos produtores, na visão de Cristina, é uma reformulação dos tributos. Ela diz que o Brasil paga mais impostos nos insumos do que países vizinhos, como Uruguai e Argentina. “Temos um imposto de maquinário que impacta muito os nossos custos”, diz.
De acordo com a ministra, se não fosse o impacto da pandemia da Covid-19, as taxas poderiam ter sido ainda menores. Ela também disse que tem contato direto com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para que exista um foco maior na ajuda ao pequeno e médio produtor.
“O grande pode ir ao mercado e ter juros menores do que podemos oferecer”, afirma.
A ministra também falou da importância de apoiar a agricultura familiar e dar mais possibilidades para que acessem outros tipos de crédito. Prova disso é a possibilidade de o pequeno conseguir ter acesso ao Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).
“Queremos que ele tenha renda. Colocamos R$ 31 bilhões para esses pequenos agricultores, valor recorde para esse público, para que possam tomar crédito e progredir”, diz.
Florestas plantadas
Outro segmento que está no radar do Ministério da Agricultura é o de florestas plantadas – ainda mais em um momento em que o mundo cobra o Brasil para que adote políticas ambientais mais firmes.
A ministra admite que a prática, que é uma forma de as empresas compensarem as suas emissões de carbono, precisa ser mais incentivada.
O governo também pretende acelerar o programa de concessões florestais, em que é possível praticar um manejo mais sustentável. Alguns desses projetos estão na mão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Esse é um programa que pode ser feito para a Amazônia, para a araucária e até na região da caatinga”, diz ela.
De acordo com a ministra, o Brasil é uma grande potência agroambiental e não se pode desprezar os avanços do setor. “Temos água, áreas, tecnologia, produtores dispostos a plantar e que vão alimentar o mundo”, afirma ela.
Segundo a ministra, o Brasil será um dos principais responsáveis pela produção de alimentos até 2050 e, até lá, o crescimento tem que ser de, no mínimo, 40%.
(edição: André Jankavski)
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