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    Já vemos descentralização e queda de spread, diz Campos Neto sobre Open Banking

    Durante evento, presidente do Banco Central afirmou que sistema de compartilhamento de dados vai dar poder aos consumidores e simetria ao setor financeiro

    Ana Carolina Nunes, do CNN Brasil Business

    Desde o inicio de suas atividades, o sistema de transferência instantânea do Banco Central, o PIX,  já tem mostrado efeitos, assim como o início do Open Banking, em fevereiro,  já aponta para redução do spread e aumento da descentralização bancária, afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante sua participação na 2º edição do Seminário Open Banking, realizado pelo jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (28).

    Segundo Campos Neto, o PIX é só uma parte do arcabouço do sistema Open Banking que deve modernizar o sistema financeiro. Para ele, inclusive, o termo Open Banking já é um nome obsoleto e poderia ser chamado de Open Finance, pela reunião de produtos e serviços bancários e financeiros que o sistema vai oferecer. “O Open Banking faz parte de um arcabouço muito grande. Mas já começamos a ver descentralização, queda de spread. Tem toda uma parte de finanças descentralizadas que vai conectar com open banking, PIX conecta com Open Banking, que conecta com moeda digital etc”.

    Os benefícios para o consumidor também foram destacados pelo presidente do BC, como a redução de custos dos serviços financeiros e maior inclusão. “O Open Banking significa redução da assimetria, produtos sob medida, custos mais baixos, mais desenhados para a necessidade de cada um, então com preços melhores, inclusão da população e intensificação da concorrência”, listou.

    Para o presidente do BC, o sistema de open banking, além da descentralização, traz transparência nas operações e protagonismo para o consumidor. “No futuro, o cliente que vai montar o seu banco vai montar a sua forma de fazer intermediação financeira.”

    Campos Neto afirmou ainda que grande parte do negócio de finanças é quanto se conhece do cliente, o quanto se tem informação. “Eu conheço melhor o meu cliente, logo eu conheço melhor o risco dele”. Portanto, diz o presidente do BC, o futuro da intermediação financeira está muito ligado à organização de dados, e o custo da organização e do armazenamento de dados está caindo. 

    Outro destaque feito por Campos Neto foi às redes sociais. “As mídias sociais também estão competindo nesse mundo de pagamento, Vemos WhatsApp Pay, ou outros movimentos semelhantes ao PIX na China, na índia, na Rússia, se organizando nesse sentido. É um negócio de organização de dados. “A convergência de três canais é a corrida do outro hoje é: ter conteúdo, ter pagamento e ter mensageiria”, avaliou. 

    O executivo seguiu dizendo que a grande disputa hoje está centrada em uma forma de monetizar esses dados. “A gente se pergunta no mundo financeiro qual o canal do futuro? Será que as pessoas vão entrar no banco via mídia social? Será que o banco e a mídia social vão ser uma coisa só?”. Os avanços no setor são tantos, que Campos Neto explicou que grande parte dos projetos de inovação em finanças estão fora do que o BC regula. “Os modelos de negócios vão sendo aprimorados”.

    E, segundo o Campos Neto, aprimorados de moda a dar mais poder ao consumidor. “O consumidor vai conseguir olhar para todo o sistema. Ele terá capacidade de escolher melhor, ver o mais barato. O que é o Open Banking? É reconhecer que o consumidor tem controle dos seus dados.”

    Fases

    A primeira fase do chamado sistema open banking começou em 1° de fevereiro deste ano, com o compartilhamento de dados entre as instituições. A segunda fase começa em 15 de julho e a terceira, em 30 de agosto, com o compartilhamento de serviços iniciadores de pagamentos via Pix, e evolução para um sistema de arranjos mais abrangentes, disse Campos Neto. 

    Na última fase, prevista para iniciar em 15 de dezembro, entra a ampliação do escopo dos produtos, como serviços de câmbio, seguros, previdência complementar e testagem. “Nós decidimos fazer o teste com muitos agentes e poucos produtos, e, com o tempo, vamos aumentando a gama de produtos oferecidos.”