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    Já pensou em investir em hits sertanejos e músicas do Paulo Ricardo? É possível

    O retorno depende do número de vezes que a música for tocada publicamente; trata-se de um investimento de risco

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Os investimentos alternativos extrapolam cada vez mais os limites de diversificação conhecidos pelo mercado financeiro. Uma modalidade oferecida pela paulistana Hurst Capital, por exemplo, permite que você invista em royalties de músicas e ganhe sempre que elas forem tocadas.

    “Trata-se da compra do fluxo de recebíveis que as músicas geram ao longo do tempo. Toda vez que uma canção é executada, é preciso pagar direitos autorais, e esse dinheiro vai para os seus titulares”, diz Arthur Farache, CEO da Hurst. 

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    “Acreditamos que, de modo geral, a gestão coletiva do tema, comandada pelas associações autorais e pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de Direitos Autorais (Ecad), consegue realizar um bom trabalho. O que torna a modalidade atrativa.”

    Funciona assim: a fintech adquire o direito sobre obras (composições) e/ou fonogramas (gravações) de certo artista durante período limitado, adiantando uma projeção dos ganhos ao titular com o desconto possível. Com isso, o retorno passa a depender única e exclusivamente do número de reproduções da discografia no período.

    Isso vale para shows ao vivo, televisão, publicidade, rádio, YouTube, plataformas de streaming… tudo. O Ecad e as sociedades autorais recolhem estes royalties e repassam ao seu titular, neste caso a Hurst e os investidores que toparam colocar pelo menos R$ 10 mil no ativo. O prazo praticado pela plataforma tem sido de 5 anos.

    “Durante a pesquisa, analisamos o relatório de arrecadação, para ver quanto aquele artista faturou nos últimos anos”, diz. “Com base nisso, fazemos uma estimativa de quanto aqueles royalties podem render no futuro, e antecipamos este valor para o titular dos direitos, aplicando uma taxa de desconto.”

    Atualmente, a plataforma conta com sucessos de: 

    – Paulo Ricardo, ex-vocalista e baixista da banda RPM. São 590 músicas sob tutela da Hurst, como aquela do olhar numerado e a outra que toca na entrada do Big Brother Brasil. A plataforma estima uma rentabilidade de 9,6% a 15,7% (média de 12,62%) e a cessão tem duração de 78 meses, ou 5 anos.

    – Luiz Avellar, pianista que compôs aquela canção sobre uma garota que faz o mundo se encher de graça, além de vinhetas de abertura de telejornais da Globo. São mais de 5.200 músicas e rentabilidade entre 10,7% e 16,92%, com média de 13,79% e validade de 5 anos a partir de dezembro de 2020.

    – E Pancadinha, ou Philipe Rangel Santos de Castro, compositor de sertanejo universitário e pagode e responsável por aquele hit do cara que está magoado a ponto de ter traças (e álcool) corroendo sua existência. São 468 obras que podem render entre 8,4% e 15,4% ao ano, com faturamento esperado de 13%. Vale por cinco anos.

    OBS: a Hurst pediu para os nomes das músicas não serem divulgados.

    Após adquirir os direitos, a Hurst disponibiliza o ativo no site para que investidores de varejo comprem cotas, mas mantém sua custódia. A casa também conta com parceiros institucionais, que dizem respeito a cerca de 60% de suas movimentações.  

    Remuneração

    Do investimento: Esse tipo de ativo não paga um grande prêmio no fim do prazo de cessão. Pelo contrário, são aportes mensais feitos aos investidores conforme as músicas são executadas e as entidades do meio recolhem e pagam os royalties. Partindo deste princípio, é natural que este pagamento seja sempre diferente.

    Da plataforma: A Hurst cobra 5% de taxa de originação e outros 2% de taxas legais. Sobre o investimento mínimo de R$ 10 mil, Farache afirma que o valor é alto o suficiente para que os investidores leiam sobre o tema antes de avançar, além de permitir que a empresa dê um bom atendimento aos seus clientes.

    “Acreditamos que, se baixarmos muito o tíquete, não conseguiremos dar um bom atendimento aos clientes”, diz. A casa também não tem um mercado secundário, temendo uma possível falta de liquidez. O gestor acredita, no entanto, que será possível ter algo do gênero no longo prazo.

    Acima dos R$ 35 mil, há ainda incidência de 15% do Imposto de Renda.

    Riscos

    Um dos grandes riscos, talvez o maior de todos, é que as obras arrendadas parem de fazer sucesso e deixem de recolher royalties. No caso de vinhetas, músicas de abertura e jingles, há também o risco de que as canções sejam substituídas e deixem de tocar completamente. 

    Professor de finanças do Insper e sócio da Casa do Investidor, Michael Viriato prega cuidado ao investidor iniciante. “É um investimento de risco, porque não sabemos se um artista ou uma música vão continuar fazendo sucesso. Precisamos ter cuidado na hora diversificar o portfólio.”

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