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    IPVA e IPTU: saiba quando é vantajoso pagar os impostos à vista ou parcelar

    Não há uma regra aplicável para todos, decisão depende da situação financeira de cada pessoa, segundo especialistas

    João Pedro MalarFabrício Juliãodo CNN Brasil Business , em São Paulo

    Entre as tradições de começo de ano está uma que, em geral, as pessoas não se animam: o pagamento de dois impostos, o IPVA – para donos de veículos automotivos – e o IPTU (imposto Predial e Territorial Urbano)- para donos de imóveis. O pagamento desses tributos pode ser feito à vista ou parcelado, mas a escolha de uma dessas formas varia caso a caso.

    Em São Paulo, por exemplo, o governo estadual anunciou um aumento do desconto para pagamento à vista do Imposto Sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) de 9% em janeiro. O valor é o triplo do desconto em 2021, de 3%.

    Já o parcelamento do pagamento pode ser feito em até cinco vezes.

    Ao mesmo tempo, o valor do desconto do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) na capital paulista continua de 3% para pagamento à vista. E os dois impostos subiram em 2022, em um contexto de crise econômica.

    Especialistas ouvidos pelo CNN Brasil Business afirmam que o pagamento à vista ou parcelado depende da situação financeira de cada pessoa.

    Perfis dos pagadores

    Jhon Wine, educador financeiro da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), afirma que é importante considerar o cenário financeiro individual antes de tomar a decisão. Em geral, ele divide os pagadores em três perfis.

    O primeiro é o de pessoas que possuem uma grande reserva financeira, aplicada em investimentos ou não, cujo valor total supera em algum grau a quantia que seria paga para quitar o imposto à vista.

    O segundo é o da pessoa “equilibrada”, que não está endividada, mas também não possui nenhuma reserva financeira no momento, ou possui uma reserva pequena.

    Por fim, há o perfil mais frequente atualmente, o de pessoas endividadas. Nesse caso, é importante levar em conta não apenas o tamanho das dívidas contraídas, mas também os tipos, como dívida no cheque especial, em contas ou em empréstimos.

    Em novembro de 2021, uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontou que cerca de 12 milhões de famílias brasileiras estavam endividadas, maior valor já registrado nos 11 anos do levantamento.

    O cenário piorou com a deterioração da situação econômica do país, com a inflação elevada, chegando à casa dos dois dígitos, e a alta da taxa básica de juros, a taxa Selic, para 9,25% ao ano ao fim de 2021, ante 2% no começo do ano.

    Como tomar a decisão?

    Identificado o perfil, é o momento de colocar tudo no lápis e decidir se o pagamento será à vista ou parcelado.

    Segundo Wine, no caso da pessoa endividada não há muita opção, já que a falta de dinheiro disponível obriga o parcelamento. “Aí precisa se organizar para pagar parcelado, não tem muita escolha”, diz.

    O educador financeiro afirma que o perfil equilibrado “provavelmente também vai ter dificuldade de pagar à vista”. 

    Segundo Patrícia Palomo, especialista em educação financeira e sócia da Sonata Gestão de Patrimônio, já para aqueles que possuem reserva financeira é mais vantajoso realizar o pagamento à vista.

    “Para quem tiver recurso em conta ou em aplicações conservadoras com liquidez diária, vale a pena pagar a vista. Dificilmente um investimento conservador para vencimento em 5 meses consegue superar a rentabilidade de 9% líquido no período”, explicou.

    “Considerando a alíquota de imposto de 22,5% (prazo inferior a 6 meses) o retorno bruto do investimento dela precisa ser cerca de 11,6% acima no período para valer a pena manter o recurso investido e não usá-lo para pagar a vista”, disse.

    Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, também compartilha da mesma visão, afirmando ser mais vantajoso realizar o pagamento de uma só vez.

    “Se deixar o dinheiro aplicado, considerando que vai pagar em parcelas, a pessoa não vai conseguir um ganho que justifique não ter feito o pagamento à vista”, afirmou.

    O professor, no entanto, fez a ressalva de que, para que o pagamento seja possível em uma única parcela, a pessoa tem que ter o dinheiro disponível. “Se for tomar dinheiro emprestado para fazer o pagamento à vista, acredito que não vale a pena, porque provavelmente a pessoa vai pagar uma taxa de juros maior durante esse período”, observou.

    De olho no IPTU

    Além do IPVA, o brasileiro tem que arcar com outros gastos no início do ano, como é o caso do IPTU. Em São Paulo, o pagamento pode ocorrer à vista, com desconto de 3% no tributo, ou parcelado em até dez vezes.

    Ao contrário do que os especialistas recomendaram aos brasileiros que possuem reserva financeira disponível, neste caso o melhor cenário é realizar o parcelamento do imposto.

    “O IPTU está usando uma taxa menor, de cerca de 8,5% ao ano, o que daria 0,68% ao mês. Então se a pessoa tiver uma aplicação que renda mais que 0,68% ao mês, não vale a pena pagar à vista, e sim manter o dinheiro investido e parcelar”, afirmou Josilmar Cordenonssi, professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

    O professor cita como exemplo a Selic como base para a aplicação. A taxa básica de juros atualmente está em 9,25% e, portanto, é uma opção melhor para deixar o dinheiro render enquanto parcela o IPTU.

    “Se deixar dinheiro no Tesouro Selic, ele vai render mais do que a taxa de juros de 8,5% do IPTU. É melhor parcelar você tendo dinheiro ou não tendo, neste caso. Depois que pagar as parcelas ainda vai sobrar um dinheiro no final das contas”, disse o professor.

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