Puxado por gasolina, IPCA avança em fevereiro para 0,86%, maior nível desde 2016
Em janeiro, a inflação tinha sido de 0,25%. No ano, o índice acumula alta de 1,11% e, em 12 meses, de 5,20%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,86% em fevereiro, 0,61 ponto percentual acima da taxa de janeiro (0,25%), de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira (11). Este foi o maior resultado para um mês de fevereiro desde 2016, quando o IPCA foi de 0,90%.
No ano, o índice acumula alta de 1,11% e, em 12 meses, de 5,20%, acima dos 4,56% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Puxado pela alta dos combustíveis (7,09%), o maior impacto no índice do mês (0,45 p.p.) veio dos transportes (2,28%) e a maior variação, da Educação (2,48%). Juntos, os dois grupos contribuíram com cerca de 70% do resultado do mês.
A gasolina (7,11%), individualmente, contribuiu com 0,36 p.p., ou cerca de 42% do índice do mês. Além disso, os preços do etanol (8,06%), do óleo diesel (5,40%) e do gás veicular (0,69%) também subiram. Com os resultados de fevereiro, o item combustíveis acumula alta de 28,44% nos últimos nove meses.
Já o grupo Alimentação e bebidas (0,27% de variação e 0,06 p.p. de contribuição) desacelerou frente a janeiro (1,02%). Já Habitação, que havia recuado 1,07% em janeiro, subiu 0,40%, contribuindo também com 0,06 p.p. no resultado de fevereiro. Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,13% em Comunicação e a alta de 0,66% em Artigos de residência.
Economistas consultados pelo Banco Central elevaram a estimativa, pela nona semana consecutiva, para o IPCA neste ano. Eles projetam que a inflação fique em 3,98% em 2021, acima, portanto, do centro da meta, de 3,75%.
Andrea Damico, economista-chefe da gestora de investimentos Armor Capital, é ainda mais pessimista. Para ela, a inflação deste ano será de no mínimo 4,6% — “mas isso pode acabar mais alto e há um risco bem grande de chegar a 5%”, diz.
Nesta toada, os juros podem acabar em 5% ou até mesmo nos 6% ainda neste ano, ceifando de vez as expectativas de uma recuperação econômica mais rápida ou mais robusta.
Em atualização
Com reportagem de Juliana Elias