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    Inovação: Quais empresas podem ser os ‘unicórnios’ brasileiros em 2021

    Entre janeiro e novembro, startups brasileiras receberam US$ 2,87 bilhões em 426 aportes, aponta levantamento mensal da Distrito Dataminer

    Foto: Unsplash

    Matheus Prado,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Nos acréscimos de 2020, a fintech de crédito Creditas anunciou que recebeu aporte de US$ 255 milhões e entrou para o time de unicórnios brasileiros (startups que valem mais de US$ 1 bilhão), que já tinha sido reforçado por VTEX e Loft este ano. 

    Também tem o caso do C6 Bank, que pode ou não fazer parte da lista conforme interpretação, já que a instituição não recebeu um aporte, e sim vendeu ações ordinárias para 40 investidores.

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    Ou seja, apesar de um período extremamente desafiador na economia, o mercado de venture capital aproveitou a liquidez do mercado, promovida pelos BCs, para continuar investindo em tecnologia no segundo semestre.

    Prova disso é que, entre janeiro e novembro, startups brasileiras receberam US$ 2,87 bilhões em 426 aportes, aponta levantamento mensal da Distrito Dataminer. Este volume é apenas 4% inferior ao total de 2019, de US$ 2,96 bilhões.

    Em entrevista ao CNN Brasil Business em novembro, Paulo Passoni, sócio do SoftBank na América Latina, reforçou o sentimento e garantiu aportes a quatro empresas da América Latina até o 1º trimestre de 2021. A Creditas, que era uma delas, já foi agraciada.

    Novas possibilidades

    Mas, se o ritmo de investimentos segue parecido, o leque de opções para aceleração dessas empresas parece estar crescendo. A democratização da bolsa de valores, por exemplo, desencadeia uma nova forma de financiamento.

    “O mercado local está começando a entender melhor essas empresas”, diz Manoel Lemos, sócio da Redpoint eventures. “Não necessariamente estão dando lucro, mas agregam muito valor. Méliuz, Enjoei e até Locaweb são exemplos disso. Há três anos atrás elas não teriam feito IPO.”

    Outro movimento que aparece forte, esse por parte de grandes empresas, é a incorporação de companhias menores para agregar serviços de tecnologia rapidamente. A Dasa, no segmento de saúde, tem avançado dessa forma. A tendência é que, cada vez mais, o alcance das grandes corporações seja combinado com a inovação das pequenas.

    Também será muito bem-vindo o Marco Legal das Startups, aprovado pela Câmara dos Deputados em 14 de dezembro. “Com os investidores-anjo protegidos, a tendência é que exista ainda mais dinheiro disponível no mercado”, diz Marcelo Nakagawa, professor de inovação e empreendedorismo do Insper.

    O PL estabelece que a categoria funcionará como composição acionária das empresas em que investem, ou seja, estão livres de cobranças tributárias e trabalhistas caso as empresas decretem falência.

    E é com este ambiente que o setor avança para 2021, tão ou mais empolgado que um ano antes. Pensando nisso, a reportagem pediu para especialistas apontarem quais podem ser os próximos unicórnios brasileiros. Veja abaixo.

    Neon

    Criada em 2014 por Pedro Conrade, a Neon Pagamentos é mais uma fintech bem posicionada no mercado nacional. A empresa esteve mal das pernas em 2018 e o banco chegou a passar por uma liquidação extrajudicial, mas se recuperou em parceria com o Banco Votorantim. 

    O banco recebeu aporte de US$ 300 milhões em setembro, liderado pelo fundo General Atlantic, e deve estar próximo à marca. “Empresa sólida com aportes cada vez maiores, está muito próxima. Também pode optar pela abertura de capital”, diz Marcus Salusse, professor do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV.

    MadeiraMadeira

    A MadeiraMadeira, e-commerce de móveis e decoração curitibana, antes exportava pisos e revestimentos para os Estados Unidos. Depois de ser duramente impactada pela crise de 2008, acelerou seus serviços digitais e passou a vender produtos de construção, reforma e decoração online.

    Ela aparece como uma das favoritas para receber um novo aporte do Softbank, na ordem de US$ 120 milhões. “A empresa vem crescendo muito e a Covid-19 acelerou seus resultados brutalmente”, disse Passoni, do fundo japonês. “Tem um potencial enorme. Tem todas as condições, qualidades para receber aporte nosso e de outros investidores.” 

    Olist

    Outra empresa acelerada pelo Softbank, recebeu US$ 60 mi em novembro deste ano. Fundada no Paraná em 2015, a companhia é basicamente uma janela para os maiores marketplaces do país, segmento que cresceu absurdamente durante o isolamento social e não deve regredir.

    “É uma empresa com execução brilhante, com um espaço que só cresce e inserida num mercado que também só cresce”, diz Lemos, da Redpoint. Vale destacar que o fundo é parceiro da startup e vem realizando aportes nos últimos anos, mas todos os analistas ouvidos citaram a empresa.

    Dr. Consulta

    Representando o setor de saúde, a empresa tem penetração em vários estados e está inserida num segmento que tende a crescer muito, já que oferece consultas e exames a preços populares. Além disso, a exemplo de Dasa e Fleury, tem investido em tecnologia para ampliar a oferta de serviços.

    “O mercado de saúde ainda é muito atrasado, com reservas de mercado, lideranças antigas e lentidão para adotar saídas tecnológicas. Mas a Dr. Consulta está muito bem, principalmente com o setor de telemedicina acelerado por conta da pandemia”, diz Salusse, da FGV.

    CashMe

    Criada dentro da incorporadora Cyrela, a CashMe se tornou independente e tem core business parecido com o da Creditas, fintech de empréstimo com garantia em imóveis. Da mesma forma que a concorrente, cresceu muito em 2020 por causa da situação econômica do país.

    “As grandes diferenças são: ela não teve grandes aportes nos últimos tempos, cresceu organicamente, e tem a expertise interna da Cyrela, que ajuda muito no setor. Já é uma empresa que gera muito lucro, com Ebitda bem positivo. Só precisa ser oficializada”, diz Nakagawa, do Insper. 

    Resultados Digitais

    Fundada em Florianópolis em 2011, a Resultados Digitais encontrou um nicho de mercado que vem crescendo desde então: o marketing digital. Seu grande produto é o software RD Station, que atende empresas de pequeno e médio porte e ajuda na obtenção e retenção de clientes online. 

    Organiza também o RD Summit, importante evento de marketing digital e vendas. “A RD está bem posicionada porque atendeu a uma demanda do mercado e conseguiu criar uma rede forte na América Latina”, opina Marcelo Nakagawa, professor de inovação e empreendedorismo do Insper.

    Cargo X

    Atacando um dos grandes problemas do transporte brasileiro, a Cargo X –fundada em 2013 por Federico Vega– opera como uma transportadora que conecta empresas e caminhoneiros com recursos tecnológicos avançados. Ganhou destaque em 2020, pois começou a ampliar duas áreas do negócio: marketplace e serviços financeiros. 

    “Essas empresas operam no vazio institucional, neste caso deixado pelos Correios. O setor de logística, um dos mais complicados do país, ainda tem muito para crescer. Dá até para comparar com o surgimento das fintechs, quando estava tudo na mão dos bancos tradicionais”, diz Salusse, da FGV.

    Também foram citadas: Buser, Mutante, Conta Azul, Hotmart, Super Lógica e Take.