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    Indústria retoma ritmo pré-pandemia, mas ainda tem espaço para crescer

    Após o baque, setor conseguiu recuperar a produção pré-pandemia -- mas isso não significa que os problemas estão resolvidos

    Karla Chaves, Tiê Santoro e Diego Mendes, da CNN Brasil, em São Paulo

     

    No auge das medidas de isolamento no país, o reflexo foi imediato no ritmo da produção industrial. Em março de 2020, a queda foi de 9% e, em abril, chegou a 19,8%, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Após o baque, o setor conseguiu retomar o ritmo pré-pandemia — mas isso não significa os problemas estão resolvidos.  

    “A indústria brasileira caiu muito forte na pandemia, a partir de março, mas, no finalzinho do ano passado, comecinho deste ano, já tinha recuperado todo o nível pré-pandemia”, diz Emerson Marçal, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

    Na empresa de Eduardo Mazurkyewistz, diretor Mazurky, fabricante de caixas de papelão, o pior momento foi no mês seguinte, em maio.

     

    “O mês de maio realmente foi muito delicado para a nossa empresa, porque, no mês de abril, nós ainda trabalhamos com encomendas que nós recebemos no mês de março e em maio nós praticamente não tínhamos encomendas, a produção caiu muito e isso tornou-se o pior mês dos últimos tempos”, conta.

    Mas não demorou para as máquinas voltarem a funcionar com toda a força. Em junho de 2020, a Mazurky teve um aumento de 30% na produção, quando comparado com o mesmo mês de 2019. De lá para cá, os números só melhoraram. Para atender à demanda crescente, foi preciso inclusive aumentar em 25% o quadro de funcionários e abrir um terceiro turno de trabalho.

    “A gente está bem otimista. A nossa visão é que, após a vacinação da maioria da população, esse consumo que muitas vezes está reprimido tende a explodir novamente de uma forma muito abrupta e que automaticamente vai gerar uma demanda para todos os setores de indústria, comércio, prestação de serviços”, diz Eduardo.

     

    No polo industrial de Manaus, um dos principais parques industriais do Brasil, o desempenho também já é melhor do que antes da pandemia.  No primeiro trimestre deste ano, o faturamento foi de mais de R$ 35 bilhões, um aumento de 34,87% em relação ao mesmo período de 2020 (R$ 26,43 bilhões), segundo dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

    No topo dos segmentos que ajudaram a alavancar os bons resultados estão bens de informática, com faturamento no primeiro trimestre do ano de R$ 9,71 bilhões e crescimento de 62,3% em relação ao mesmo período de 2020, e eletroeletrônicos com faturamento de R$ 7,91 bilhões e crescimento de 21,33%, segundo a Suframa.

    “O crescimento foi muito sensível e superamos a marca de 104 mil empregos diretos gerados no polo industrial agora no primeiro semestre”, diz Wilson Luis Buzato Périco, presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM).

    Espaço para crescer

    Com base no que mostramos até agora dá até para achar que a indústria nunca esteve tão bem. A questão é que, antes da Covid-19, o setor já não estava no melhor momento. Não tinha dado tempo de recuperar o que foi perdido na recessão do biênio 2015-2016. Na indústria da transformação, o calendário volta mais no tempo, porque, desde 2010, o setor perde espaço no Produto Interno Bruto (PIB).  A pandemia aumentou o desafio.

    “A indústria caiu nos últimos 10 anos. Perdeu não só participação no PIB, como diminuiu em termos de volume de produção. Principalmente o setor metalmecânico, o setor de bens de consumos duráveis e bens de capital”, diz o economista-chefe da CNI, Renato da Fonseca.

    Diante desse cenário, para os especialistas, a indústria brasileira ainda tem muito espaço para crescer. Mas o que esperar para o futuro do setor? Quais os desafios? E como aumentar a competitividade com o mundo? São muitas as perguntas e, para tentar responder, vamos olhar primeiro para um dos pilares da economia: a indústria de base.

    “Nada se faz sem uma construção, sem uma edificação. Então a construção está na origem de todo o tipo de retomada e de aceleração econômica”, diz Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.

    Acompanhe no próximo capítulos da série “Indústria, a retomada”, no Prime Time desta terça-feira (27).

    A indústria é o motor da economia brasileira
    Foto: CNI