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    Honda, Fiat, Ford: Covid-19 muda planos de montadoras e até antecipa promoções

    Nissan oferece financiamento em 36 vezes e primeiro pagamento em um ano; outras montadoras, como Fort e Fiat, também oferecem facilidades para reduzir perdas

    Luís Lima, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    A pandemia da Covid-19 afetou em cheio a indústria automotiva, que teve uma que da de 99% na produção de veículos em abril ante março, impactada pela quarentena imposta pela crise sanitária, segundo os últimos dados da associação que representa o setor, a Anfavea.

    Com cerca de 370 mil funcionários de linhas de produção em casa, o prejuízo no país pode chegar a R$ 42 bilhões em 2020, estima a Bright Consulting, consultoria focada no setor automotivo.

    Diante do cenário desafiador, as principais companhias do ramo, como Nissan, Ford e Fiat, têm mudado os planos para atrair os consumidores, mais receosos, e tentar atenuar o prejuízo catalisado pela crise. A estratégia inclui mais descontos e até antecipação de promoções.

    Confira as principais mudanças implementadas por essas companhias, e como cada uma delas tem reagido à turbulência atual.

    Nissan 

    A fabricante japonesa decidiu antecipar uma campanha inédita de vendas, com parcelamento em até 36 vezes, e primeiro pagamento em um ano. Se a compra for feita neste mês, por exemplo, a primeira prestação será paga só em maio de 2021.

    Para que a Nissan assuma as primeiras 12 parcelas, o consumidor precisa dar 60% de entrada do valor do carro. Em simulação feita pela Nissan Kicks, seu modelo mais vendido, pode ser adquirido com entrada de R$ 52 mil (valor de um Versa 2018, por exemplo), e saldo financiado em 12 parcelas de R$ 131 – que serão pagas pela empresa –, e 36 fixas de R$ 1.180. O juro é de 0,74% ao mês. O consumidor pagaria, ao todo, R$ 94,4 mil. À vista o SUV custa R$ 86,7 mil.

    A Nissan também banca a primeira revisão. Para quem já tem modelo financiado pelo CrediNissan, o braço financeiro da marca, há possibilidade de adiar parcelas por 60 dias.

    Em abril, as vendas da marca caíram 90% na comparação com o mesmo mês do ano assado, estima Tiago Castro, diretor sênior de marketing e vendas da Nissan no Brasil. Em maio, a redução está em 70%, o que sinaliza um certo alívio.

    A direção mundial da Nissan anunciará um plano global de negócios no dia 28, quando apresenta o balanço financeiro do ano fiscal do grupo, referente ao primeiro trimestre. Entre os projetos previstos para este ano, apenas o lançamento do novo Versa, fabricado no México, que era aguardado para o fim deste trimestre, será remarcado.

    Segundo Castro, a Nissan projeta para este ano queda de 25% a 30% das vendas totais do mercado brasileiro, para cerca de 1,8 milhão a 2 milhões de unidades. A expectativa é de manter sua participação no mercado, hoje de 4%. No Brasil, a montadora ainda vai confirmar se retomará a produção de veículos na fábrica de Resende (RJ) prevista para segunda-feira (25). 

    Em âmbito global, a montadora analisa a possibilidade de cortar 20 mil empregos, principalmente na Europa e em países em desenvolvimento, segundo noticiou nesta semana o jornal japonês Kyodo.

    Ford 

    Uma das facilidades oferecidas pela fabricante norte-americana foi a transferência para o fim do contrato de até três parcelas do financiamento de seus veículos. A possibilidade vale para quem financia a compra pela Ford Credit, braço de crédito da empresa, operacionalizado pelo Bradesco.

    A ação, anunciada em março em caráter emergencial, vale só para quem está em dia com o pagamento. Podem participar tanto o cliente pessoa física quanto o pessoa jurídica. Não há necessidade de qualquer tipo de comprovação relacionada à saúde ou renda.

    Em meio ao isolamento social, a Ford decidiu lançar, pela primeira vez em sua história, um veículo por meios digitais. No mês passado, apresentou virtualmente a picape Ranger Storm, em um evento bem diferente dos aguardados lançamentos presenciais. O anúncio foi feito em seis apresentações a pequenos grupos de jornalistas, com um material de vídeo que convidava a uma imersão dentro do carro.

    Em âmbito global, a empresa reportou um prejuízo de US$ 2 bilhões no primeiro trimestre, e antecipou que espera que o resultado negativo dobre no período seguinte.

    Para reforçar o caixa no Brasil, a empresa negocia com um grupo de fora do setor automobilístico a compra da fábrica do ABC paulista. A companhia tenta vender as instalações desde o anúncio do encerramento das atividades no local, em fevereiro de 2019. Desde então, entraram no páreo duas empresas chinesas e o empresário brasileiro Carlos Alberto de Oliveira Andrade, dono do Grupo Caoa.

    A empresa mantém suspensa a produção de veículos no país.

    Fiat Chrysler

    A fabricante italiana adiou para janeiro do ano que vem o início do pagamento de parcelas de veículos comprados antes do fim de abril. Como parte do plano chamado “Forza 2021”, a entrada exigida era de entre 40% e 50% do valor do carro, com financiamento de 36 ou 48 vezes, respectivamente.

    Após 48 dias de paralisação, a Fiat voltou a fabricar veículos no Brasil no dia 11 deste mês, e aposta agora em processos digitais de venda para a retomada do consumo, segundo disse Antonio Filoso, presidente da empresa no país, em entrevista à CNN. Isso significa que a empresa poderá apresentar o carro, mostrar suas características técnicas e negociar usando meios tecnológicos.

    Além disso, a companhia diz que investirá na higienização dos veículos que serão entregues e, se o consumidor preferir, a entrega será no domicílio.

    A Fiat tem cerca de 10 mil funcionários no Brasil, divididos em três fábricas. Antes da suspensão das atividades no país, em 23 de março, o ritmo de produção era de 1.600 veículos por dia em Betim (MG) e 1.000 em Goiana (PE). Em abril, a indústria inteira de veículos do país produziu 1.800 veículos.

    Em maio, a empresa estima uma queda de vendas entre 70% e 75% até esta quinta-feira (21). Sobre a retomada das atividades, Filoso disse que a empresa está “trabalhando intensamente” para preservar a saúde dos colaboradores no Brasil e no restante da América Latina.

    Volkswagen 

    A mondadora alemã permitiu adiar em até dois meses o pagamento das parcelas de financiamento, por meio do Volkswagen Financial Services. A medida vale para contratos de crédito cujos vencimentos estão em dia. Os clientes podem pedir o adiamento do pagamento por meio dos canais de atendimento da empresa.

    A crise provocou o congelamento de investimentos e adiamento de alguns lançamentos. Foram mantidos, entanto, a previsão de apresentar o SUV Nivus, produzido no Brasil, até o fim de junho, e Tarek, feito na Argentina, até o fim do ano. Com queda estimada em 80% nas vendas, os próximos lançamentos e negociações devem ganhar força em meios digitais.

    Em entrevista à CNN Brasil, o presidente da Volkswagen América Latina, Pablo Di Sí, reforçou a importância de ajuda do governo para capitalizar o setor. “Ninguém está pedindo dinheiro de graça, estamos pedindo dinheiro ao sistema de bancos privados com uma série de garantias para que o dinheiro chegue principalmente nos fornecedores e na cadeia para manter toda essa rede de 1,2 milhão de trabalhadores.”

    No Brasil, a empresa anunciou retomada da produção no último dia 18 de maio, na filial de São José dos Pinhais (PR), com dois turnos, que operam em ritmo mais lento que o normal. Para a volta das atividades, escolheu plantas que produzem o T-Cross. Já as unidades de automóveis em São Bernardo do Campo e em Taubaté, além da de motores em São Carlos, todas localizadas no estado de São Paulo, tiveram a abertura postergada para o fim do mês.

    Na volta à produção, a empresa afirmou que adotou medidas de higiene e segurança baseadas nas experiências das fábricas do grupo instaladas na China e na Alemanha.

    Hyundai

    A montadora sul-coreana também decidiu oferecer a prorrogação de pagamentos, por meio da repactuação de contratos, a partir do Banco Hyundai. Para solicitar, é preciso entrar na área de clientes, no site da empresa, selecionar o contrato que deseja renegociar e seguir o procedimentos solicitados.

    A empresa também promoveu, até 30 de abril, uma promoção na linha do compacto HB20 e no HB20S (sedã). No primeiro caso, os três volumes compactos tiveram desconto de R$ 4,9 mil, com valor a partir de R$ 50.490. Já a linha HB20S Diamond Plus teve um abatimento de R$ 3,3 mil, por R$ 77.990.

    No caso do modelo mais barato, o HB20 hatch, as vantagens incluem vale-combustível ou IPVA grátis, desconto estimado a R$ 1,5 mil. Nas linhas do modelo Creta, com as mesmas condições, o abatimento equivale a R$ 3 mil.

    Outra medida foi a ampliação de garantias e revisões de veículos das famílias HB20 e Creta com vencimento a partir de 10 de março de 2020 até 30 de abril de 2020, com possibilidade de prorrogação.

    Como facilidades para frear a queda nas vendas, a empresa destacou, em comunicado, as ferramentas digitais de venda, o agendamento de visitas pelo WhatsApp, e a programação de entrega do veículo ao cliente.

    A empresa decidiu retomar parcialmente as operações da fábrica em Piracicaba (SP), na última quarta-feira (13), com a volta de 700 pessoas ao trabalho. Na unidade, produz os modelos Creta, HB20, HB20S e HB20X.

    General Motors (GM)

    A Chevrolet, marca da General Motors, concedeu um desconto de até R$ 36 mil a empregados e até outras duas pessoas indicadas, em um processo de compra feito a partir da internet. O abatimento vale para as linhas Montana, Spin, Cruze, S10, Trailblazer e Equinox. Joy e Onix ficaram de fora da promoção. 

    Em alguns modelos, como a picape Montana, com desconto de quase R$ 20 mil, o valor pode cair para menos de R$ 50 mil e ser financiado com entrada de 40% do valor. O restante pode ser pago em até 48 parcelas mensais, com juros de 0,89% ao mês. Entre outros modelos, a Spin tem desconto de até R$ 26 mil, por menos de R$ 70 mil, e a Traiblazer cai de R$ 247 mil para pouco mais de R$ 210 mil — a maior redução.

    A GM reabriu no último dia 18 de maio um turno de trabalho na unidade de São Caetano do Sul (SP). As outras fábricas em São José dos Campos (SP), Gravataí (RS) e a unidade de motores em Joinville (SC) não têm prazo para reabrir as portas, embora as previsões são para junho.

    No retorno às atividades, a empresa informou ter desenvolvido um protocolo de segurança para manter o novo coronavírus fora de suas instalações

    Impactada pela Covid-19, a maior montadora de veículos dos Estados Unidos reportou um lucro líquido de US$ 247 milhões no primeiro trimestre, uma queda de mais de 88% sobre o mesmo período de 2019.

    Honda 

    Para facilitar a comunicação com os clientes na pandemia, a montadora lançou o aplicativo “Honda Serviços Financeiros”. A ferramenta permite que clientes do Consórcio Honda e do Banco Honda acompanhem pelo celular informações sobre financiamento e cota de consórcio. Dentre as principais funcionalidades, estão o acesso às parcelas, emissão de boletos, recibos de pagamentos, cadastramento em débito automático, entre outras. 

    No fim de abril, anunciou a suspensão temporária de contratos dos trabalhadores de sua fábrica em Manaus (AM), a maior de motos do Brasil, com capacidade de produzir mais de 1 milhão de unidades anualmente. A divisão de motos da empresa tem 7 mil colaboradores, e 6.500 deles foram afetados pelas medidas, amparadas na MP 936 do governo federal.

    Durante o período de aplicação da medida, os salários podem ter redução de até 25%. A montadora afirma que será assegurado de 75% a 100% da renda líquida atual dos empregados, por meio de ajuda compensatória. A previsão de volta em Manaus é 25 de maio. Já as fábricas de Sumaré (SP) e Itirapina (SP) devem voltar à atividade em 25 de junho.

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