Havan adia IPO após se frustrar com valor de mercado, diz jornal
Segundo o jornal, a varejista fundada pelo polêmico empresário Luciano Hang esperava ser avaliada em, no mínimo, R$ 100 bilhões
Pouco mais de um mês após protocolar um pedido de oferta pública inicial de ações, IPO, a rede varejista Havan mudou de planos e decidiu adiar a estreia na B3. As informações são do jornal O Valor Econômico.
Segundo o jornal, a varejista fundada pelo polêmico empresário Luciano Hang esperava ser avaliada em, no mínimo, R$ 100 bilhões. O objetivo era se tornar a segunda maior rede do país, atrás apenas do Magazine Luiza, que tem valor de mercado estimado em R$ 150 bilhões na B3.
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A Havan, por outro lado, teve avaliação próximo de R$ 70 bilhões, o que jogou um balde de água fria em Hang e suspendeu os planos da companhia de estrear na B3.
Além do valor abaixo do desejado pelo empresário, interlocutores da operação avaliam que alta volatilidade vivenciada pelo mercado nas últimas semanas deixariam ainda mais difícil o cenário apra Havan conquistar o tão sonhado R$ 100 bilhões. Agora, o conselho é esperar.
Procurados pelo CNN Brasil Business, a assessoria de imprensa da Havan e os interlocutores da operação não se pronunciaram.
Mas a Havan vale R$ 100 bilhões?
Com o prospecto enviado para a B3 (B3SA3) a varejista, fundada e controlada por Luciano Hang, pretende arrecadar R$ 5 bilhões para o caixa da empresa e ajudar em sua expansão. Além disso, especula-se que o próprio Hang venderia uma parte de sua fatia para ajudar a capitalizar.
Hang é o único acionista da empresa, com 100% de participação. Com esses números, ventila-se no mercado que seria uma operação próxima de R$ 10 bilhões, segundo informações dos jornais Valor Econômico e O Estado de S. Paulo. Isso colocaria a empresa em um valor de mercado de R$ 100 bilhões.
Para Daniela Bretthauer, analista de varejo da Eleven, o valor desejado por Hang não é realista e nem fácil de se conquistar. “A princípio não me parece nem um pouco realista. Só tem uma empresa que vale mais de R$ 100 bilhões no varejo brasileiro e ela se chama Magazine Luiza”, disse a analista em entrevista ao CNN Brasil Business.
Entre uma das razões para a avaliação de Bretthauer está o fato da Havan não ter um posicionamento digital forte. Enquanto a Via Varejo reportou receita líquida de R$ 11,6 bilhões no primeiro semestre deste ano (redução de quase 6%) em comparação a 2019, por exemplo, a Havan registrou R$ 3,2 bilhões em vendas, uma queda de quase cerca de 20%.
Do outro lado, o Magazine Luiza teve vendas menores do que a Via Varejo no primeiro semestre, cerca de R$ 10,8 bilhões, mas terminou o período com crescimento de 25% – isso em meio à pandemia do novo coronavírus. O grande diferencial da empresa foi a sua forte presença digital, caminho que vem sendo trilhado desde que Frederico Trajano assumiu a liderança da companhia, no fim de 2015.
Não à toa, cerca de 80% das vendas do Magazine Luiza vieram do comércio eletrônico no segundo trimestre deste ano. Já a Via Varejo alcançou 70% no mesmo período, ante 18,5 no ano anterior. Já a Havan conquistou meros 0,5% de participação. Em 2019, a empresa vendeu míseros R$ 77 milhões pela internet – justamente por não ter um canal digital fortalecido.
Diante deste cenário, especialistas avaliam que a Havan precisará provar que conseguirá correr atrás do prejuízo (digital e monetário) nessa história. No primeiro semestre deste ano, impactada pela pandemia, a varejista de Hang reportou prejuízo de R$ 127,5 milhões.
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