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    GTA, WoW, CoD: como investir no setor de jogos, que está bombando em Wall Street

    Indústria de games deve alcançar receitas de US$ 180 bi em 2021, enquanto cinema e música só devem levantar US$ 51 bi e US$ 23 bi, respectivamente

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    A indústria de jogos está deixando suas rivais do setor de entretenimento no chinelo. Dados da consultoria NewZoo mostram que as receitas ligadas à indústria de games devem alcançar os US$ 180 bi em 2021, enquanto cinema e música só devem levantar US$ 51 bi e US$ 23 bi, respectivamente. 

    Esse crescimento, consolidado desde o início dos anos 2000, foi ainda impulsionado pela pandemia do novo coronavírus. “As pessoas estavam sem sair de casa, buscando novas formas de interação”, diz Breno Bonani, analista da Avenue, que mapeou o movimento e criou um relatório sobre o tema.

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    Comparando com outros ativos ligados à tecnologia, Bonani defende que o avanço do setor de jogos, mesmo com a influência da Covid-19, é mais sustentável. “O Zoom, por exemplo, foi impulsionado pela pandemia. Serviços de Cloud a mesma coisa. E-commerce também, talvez não tivesse essa expansão tão rápida”, diz.

    “A indústria de games, por outro lado, está crescendo a dois dígitos, pelo menos 10% ao ano, desde 2013. É muita coisa.” Isso porque mais de 2 bilhões de pessoas, mais de um quarto da população global, jogam algum game, seja no computador, no console, ou, mais recentemente, no celular.

    Com isso, papéis e fundos de índice do setor têm se destacado em Wall Street e resistido à recente queda das ações de tecnologia, chamando a atenção de investidores não só pela componente lúdica, mas também pelas cifras. 

    A EA Sports, conhecida por seus jogos esportivos como o Fifa, avançou mais de 20% no ano. Activision Blizzard subiu ainda mais, quase 40% em 2020. A empresa é dona de títulos como World of Warcraft, Diablo e Call of Duty (que ganhou versão para celular).

    E aqui está um dos grandes, se não o maior dos pilares deste avanço. Vários jogos consagrados como PUBG e Fortnite, que eram exclusivos para plataformas mais robustas, começaram a migrar também para os smartphones. Além disso, títulos exclusivos para mobile também se tornaram sucessos absolutos.

    Exemplo disso é o Free Fire, game nativo para celulares que conta com mais de 60 milhões de jogadores ativos e tem na América Latina e no Sudeste Asiático seus grandes mercados. Segundo mostra o relatório de Bonani, a Sea Limited, empresa controladora do jogo, viu suas ações quase quadruplicarem no ano de 2019.

    “Os jogos mobile representavam 18% das receitas do setor em 2012. Hoje, menos de uma década depois, já representam 54%”, explica. Isso demandou, como é óbvio, adaptações por parte da indústria. Hoje boa parte dos jogos são gratuitos e contam com micro-transações para fortalecer as receitas. “Tem um efeito psicológico que faz as pessoas gastarem mais, já que o valor de cada transação é baixo”, diz.

    Do outro lado do espectro, um setor que ainda deve crescer muito é o de esports, que engloba as competições profissionais envolvendo jogos eletrônicos. De toda a receita bilionária do setor, US$ 600 milhões correspondem a essa área específica, que está em franco crescimento.

    Marcas como a BMW, a Coca-Cola e o Tinder, por exemplo, já patrocinam equipes. Outras, como a brasileira Havan, deram um passo ainda mais assertivo e criaram seus próprios times. “O mercado de esports tem muito espaço para crescer. As pessoas começaram a entender que dá para viver disso”, explica Breno. “Tem verba de publicidade, venda de ingressos.”

    O que pode dar errado

    Por se tratar de um setor extremamente competitivo, as empresas dependem do acerto em seus lançamentos de jogos ou consoles, o que nem sempre ocorre. “Um caso clássico foi da Nintendo com o lançamento do Wii U, que se mostrou um fiasco. Nos dois primeiros dias após o lançamento, suas ações caíram mais de 10%”, lembra.

    Também há o caso das companhias que dependem de plataformas ou de contratos de exclusividade, como no imbróglio entre a Epic Games com a Apple. “Muitas empresas apenas desenvolvem os jogos e dependem de plataformas de terceiros para expor suas produções”, diz. 

    “Outras têm que se adequar ou cumprir determinadas normas antes de lançar algum projeto. Existe um forte controle regulatório (ESRB) e de segurança que varia entre os países.” Isso pode criar um funil entre a produção e a distribuição e prejudicar empresas e o cliente final.

    Por fim, como em qualquer setor ligado à tecnologia, inovações podem causar rupturas significativas no segmento, forçando várias companhias a se adaptar repentinamente, o que pode afetar os resultados futuros delas.

    Em que ativos investir

    Blizzard Activision

    Uma das maiores companhias do setor de games, que nasceu da fusão entre a Activision e a Blizzard, em julho de 2008. Faz parte da composição do S&P500 e é membro da Fortune 500. As ações já se valorizaram quase 40% em 2020, com a empresa reportando receita de US$ 1,9 bilhão no segundo tri do ano, ante US$ 1,3 bilhão do mesmo período de 2019.

    A Activision desenvolve, distribui e publica jogos de franquias como Call of Duty, Spyro e Crash. Já a Blizzard desenvolve o jogo do estilo MMORPG – Massive Multiplayer Online Role Playing Game, World of Warcraft, que até hoje é um dos MMO com mais players ativos online e que pagam uma mensalidade para jogar. 

    Segundo dados da companhia, sua plataforma de jogos possui aproximadamente 500 milhões de usuários ativos por mês, em 196 países. 

    Take Two

    “A Take Two é um estúdio menor, mas potente em questão de lançamentos de jogos”, diz. É a terceira maior companhia do setor de games nos EUA por receita, atrás da Activision e da EA Sports. As ações da empresa já avançaram 33,7% no ano e seus papéis são listados na Nasdaq, bolsa americana de tecnologia.

    A marca desenvolve e publica jogos como Grand Theft Auto (GTA), Red Dead Redemption, as franquias Mafia e Bioshock, além de jogos como NBA 2K20, Civilization, XCOM e Borderlands. 

    A companhia se destacou nos últimos 20 anos. De 2000 até 2010, a receita total cresceu 218%, atingindo U$ 1,1 bilhão. Conseguiu repetir essa performance na última década graças às vendas monstruosas do GTA V (lançado em 2013) e de novos lançamentos, como Red Dead Redemption (lançado em 2010). 

    O presidente da companhia, Karl Slatoff, já disse em entrevista que está nos planos da companhia, para se tornar a maior e mais versátil empresa da história do setor de games, lançar 93 novos jogos até 2025.

    ETFs

    GAMR

    “Dado que esse é um setor dinâmico, de forte concorrência e com uma presença essencial da tecnologia em todos os seus processos, entendemos que uma forma de se expor ao setor com possível menor risco e mais diversificação se dá através de um ETF”, explica Bonani. 

    O Wedbush ETFMG Video Game Tech ETF, ou GAMR, replica um índice de ações de empresas globais que oferecem suporte, criam ou usam videogames. Tem carteira composta por 90 companhias que vão desde gigantes como a Apple e a Nintendo até produtoras de jogos como a Bandai e Konami. O fundo já avançou 52,13% em 2020.

    NERD 

    Já o Roundhill BITKRAFT Esports & Digital Entertainment ETF, ou NERD, cresceu 57,35% no ano e aposta, além das das produtoras de jogos e empresas de tecnologia, no setor de esports. O papel conta com empresas que fabricam periféricos (mouse, teclado, fones) como Razer e Logitech, e plataformas de streaming, como a Afreeca TV. 

    Os ativos estão disponíveis no mercado americano. No Brasil, a XP oferece um COE (COE Índice eSports) voltado para o setor e emitido pelo Credit Suisse.

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