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    FMI reduz projeção do PIB brasileiro em 2020. O Fundo está exagerando?

    No mesmo dia em que o Fundo enxerga um buraco maior, bancos de investimentos e fundos revisam as previsões para algo menos pior

    Sede do FMI, em Washington, EUA (08/04/2019)
    Sede do FMI, em Washington, EUA (08/04/2019) Foto: Yuri Gripas/Reuters

    Thais Herédiada CNN

    A revisão do Fundo Monetário Internacional sobre sua expectativa do PIB de 2020 surpreendeu pela magnitude da queda estimada. Os economistas do FMI esperam um tombo de 9,1% para a economia brasileira neste ano. O que eles estão vendo a mais, ou a menos que nós que estamos aqui? 

    “Eles usam um modelo com dados do mundo todo, relacionam desempenhos diferentes da economia, pegam alguma coisa do Brasil, claro, mas é uma visão mais geral. Aqui não, os economistas olham no varejo, o dia todo, todo dia, o tempo todo. É como se nós fizéssemos no varejo e eles no atacado. Afinal, eles fazem projeções para 200 países, não é um olhar microscópico do Brasil como fazemos aqui”, disse à coluna Victor Candido, economista chefe da Journey Capital. 

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    Neste mesmo dia em que o Fundo enxerga um buraco maior, bancos de investimentos e fundos que operam no Brasil começam a revisar suas previsões para algo menos pior. Caso do BTG Pactual que saiu de uma retração de 7% para uma de 6% em 2020. O relatório Focus do Banco Central, que ouve  mais de 100 analistas, mostrou estabilidade para expectativa sobre o PIB pela primeira vez em 18 semanas, em 6,5% de recuo.  

    O que motivou essa parada, ou freio de arrumação nas expectativas, foram os resultados da atividade econômica de abril, todos horrorosos, em todos os setores. Por incrível que pareça, esperava-se coisa bem pior. Outra motivação, a percepção de que o fundo do poço deve ter sido mesmo em abril já que dados já conhecidos de maio e junho revelam alguma recuperação, sendo este mês com ritmo mais acelerado. Um efeito esperado da reabertura da economia que se espalhou pelo país. 
     
    Acertar uma previsão econômica não é tarefa fácil e dá aos economistas a pecha de descolados da realidade – para o bem e para o mal. Tudo depende da referência e do histórico de acerto daqueles que formam mais opinião e direcionam decisões sobre investimento e consumo, caso do Fundo Monetário Internacional. 

    Nos últimos 3 anos, o FMI errou nas previsões para o PIB brasileiro. Tomando como base os relatórios econômicos de meados de julho para 2017, 18 e 19, a instituição se aproximou apenas do resultado do ano passado.  Em julho de 2017, a instituição revisou para 0,3% o crescimento do ano; ficou em 1,3%.  No mesmo período de 2018, a estimativa era de uma alta de 1,8%; o ano terminou com alta de 1,1%. Em julho do ano passado, o FMI previa crescimento de 0,8% para o ano; ficou 1,1%. 

    Um economista com passagem pelo governo federal e também organismos multilaterais como FMI explicou à coluna que tudo indica que a janela temporal para previsão do Fundo ficou para trás. “Esse relatório já deve estar pronto há uns 30 dias. Até aprovarem tudo lá dentro, demora muito e são muitos países. Não faz mais sentido essa projeção de queda de 9%”, disse sob condição de anonimato. 
     
    No final das contas, forçando um pouco a mão, dá para dizer que dessa vez o FMI exagerou. Mas é preciso reconhecer que o cenário mais realista de todos é o da incerteza. Este talvez seja o ano com maior volatilidade nas previsões não só para o PIB como também para outros indicadores importantes da economia. Abusando do clichê, só o tempo vai dizer quem estava certo, quem estava errado e quem acertou por estar no meio das pontas.

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