Fed mantém estímulos nos EUA e joga alta de juros para 2023
Banco Central americano projeta que inflação deve sair de 2,2% para 3% este ano
O Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) anunciou nesta quarta-feira (16) a manutenção da taxa de juros do país entre 0% e 0,25%, como era amplamente esperado pelo mercado. A decisão foi unânime, e a instituição reforçou que está comprometida em usar todas as ferramentas para apoiar economia.
O Fed anunciou ainda que continuará a comprar pelo menos US$ 80 bilhões por mês em treasuries e US$ 40 bilhões por mês em mbs até que o “progresso substancial adicional” seja feito em direção ao pleno emprego e à estabilidade de preços.
De acordo com a instituição, os indicadores de atividade econômica e emprego se fortaleceram em meio a progresso de vacinação contra a Covid-19, mas os setores mais afetados seguem fragilizados.
O Fed ainda elevou os juros sobre as reservas excedentes e acordos de recompras de reversa em 5 pontos básicos cada a partir de 7 de junho.
Alta de juros em 2023
O Fed apresentou ainda nesta quarta suas projeções para os primeiros aumentos das taxas de juros pós-pandemia em 2023, citando uma melhoria na situação sanitária e deixando de lado uma referência de longa data de que a crise estava pesando sobre a economia.
As novas projeções apontam para uma maioria das 11 autoridades do banco central programando um aumento de pelo menos dois quartos de ponto percentual nas taxas de juros para 2023, mesmo com as autoridades, em comunicado, prometendo manter a política de apoio por enquanto para encorajar uma recuperação contínua dos empregos.
“O progresso na vacinação reduziu a disseminação da Covid-19 nos Estados Unidos”, disse o banco central dos EUA em um comunicado após sua última reunião de política monetária, uma mudança substancial para uma instituição que condicionou a política monetária ao longo dos últimos 14 meses no combate à pandemia.
Discurso do Powell
Em seu tradicional discurso após o anúncio, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a inflação dos Estados Unidos acelerou de forma “notável” e “acima das previsões” nos últimos meses, provocada pelo conjunto da fraca base comparativa de 2020, alta nos preços do setor de energia e retomada dos gastos com consumo, segundo ele.
Caso os índices de preços nos EUA fiquem acima das previsões, possibilidade considerada por Powell, o Fed pode ajustar a sua política monetária de acordo, disse ele. Isto só ocorrerá, porém, após uma “sinalização antecipada” da autoridade monetária americana.
Gargalos na cadeia de suprimentos que afetam o nível de preços no país “têm sido maiores” que o esperado, disse Powell.
O dirigente, no entanto, espera que a inflação retorne à meta de cerca de 2% do Fed no médio prazo. Até lá, a entidade espera que a inflação fique acima de 2% “por algum tempo”, completou Powell.
O dirigente disse ainda que o Fomc discutiu hoje ajustes nas suas compras de ativos, decidindo por manter o instrumento. Esta é a primeira sinalização oficial de que o BC dos Estados Unidos começou a discutir a retirada do apoio monetário, em processo conhecido como “tapering”. Powell disse que o assunto continuará a ser debatido, nas próximas reuniões.
*Com informações das agências Reuters e Estadão Conteúdo.