Faturamento das franquias brasileiras volta ao nível de 2017 com pandemia
Apesar de uma leve recuperação no 4º trimestre, o desempenho de 2020 quando comparado ao de 2019 (R$ 186,75 bilhões) foi bastante inferior
O faturamento das franquias brasileiras encolheu em 2020, para R$ 167,18 bilhões, e voltou ao nível de 2017 (R$ 163,31 bilhões) por conta da pandemia do novo coronavírus, segundo um balanço feito pela ABF (Associação Brasileira de Franchising). Apesar de uma leve recuperação no 4º trimestre, o desempenho de 2020 quando comparado ao de 2019 (R$ 186,75 bilhões) foi bastante inferior.
Em 2019, por exemplo, o índice de unidades abertas era de 9,2%. No ano passado, caiu para 6,6%. O número de franquias que fecharam também aumentou: de 4,9% para 9,2% no mesmo período. De acordo com a ABF, isso significa que 2020 resultou em um total de 156.768 operações ante 160.958 no ano anterior.
O número de redes também caiu, passando de 2.918 para 2.668 marcas no período analisado. O que aumentou durante o ano abalado pela Covid-19 foi o número médio de unidades por marca. A média subiu 6,5%, saltando de 55,3 para 58,8 operações.
A ABF afirma que isso “demonstra uma maior maturidade do mercado” e corrobora com a tendência da participação de multifranqueados, “seja multiunidades (donos de franquias de uma mesma marca), seja multimarcas (proprietários de operações de diferentes redes)”.
O Boticário lidera
Apesar de a marca de cosméticos O Boticário seguir na liderança das 50 maiores franquias, houve uma variação de -5%. Enquanto há dois anos existiam 3.806 lojas abertas, em 2020 o número caiu para 3.620. O supermercado Dia também foi afetado pela pandemia, com uma queda de 10% no número de franquias.
Outras franquias, como a loja de casa e construção Remax, o Mercadão dos Óculos e a Nutrimais, passaram pela pandemia quase ilesos e viram o número de suas lojas aumentarem. O crescimento foi de 80%, 67% e 49%, respectivamente.
De acordo com o balanço, dentre os onze segmentos analisados, Casa e Construção foi o que teve a variação mais positiva, de 25,6% no 4º trimestre do ano passado quando comparado ao mesmo período de 2019, e de 12,8% no acumulado do ano inteiro.
“A permanência das famílias em casa para manter o distanciamento social levou à realização de pequenos reparos e reformas e à maior valorização das residências”, explica a ABF.
Outros segmento que se deu bem foi o de Saúde, Beleza e Bem Estar, com um crescimento de 5,4% no 4º trimestre e de 3,1% no ano.
A ABF afirma que o setor foi beneficiado “pelo fato de haver uma demanda ainda reprimida, pela decisão de parte dos pacientes, em aproveitar a quarentena para realizar procedimentos mais invasivos, a acentuação do desejo de bem-estar mesmo em um contexto tão delicado e o redirecionamento de recursos que seriam utilizados para outros fins, como viagens e outras atividades sociais restritas nesse período”.
Também foi observado que, no ano passado, as 50 maiores investiram mais em lojas do que em outros formatos. Em 2020, o número de lojas cresceu 5%, enquanto o de outros formatos caiu 10%.
A expectativa é que 2021 traga melhoras — mas, com a volta de São Paulo para a fase vermelha do plano de contigência da pandemia, a situação pode continuar complicada.