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    Etanol, gasolina ou energia em alta: veja qual combustível pesa menos no bolso

    Agora que a conta de luz está mais cara com a bandeira vermelha de patamar 2, ainda faz sentido usar um carro elétrico?

    Thiago Moreno, colaboração para o CNN Brasil Business

     

    Com o preço dos combustíveis nas bombas dos postos em disparada, os carros elétricos podem parecer mais atraentes — apesar do custo inicial consideravelmente mais alto. Porém, a energia elétrica também entrou em tendência de alta no Brasil, com a crise hídrica, que torna o custo de geração mais alto, e com o reajuste na tarifa de energia mais cara, anunciado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta semana.

    Mas será que esse aumento na conta de luz vai ter impacto no custo de uso de um veículo movido por baterias? Quanto custa rodar com um carro usando gasolina ou etanol?

     

    Antes de falar do elétrico, vale relembrar o custo por km rodado com um modelo a gasolina. Para referência, usaremos o Chevrolet Onix, carro mais vendido do Brasil, com o motor 1.0 turbo flex, o mais eficiente da linha e também capaz de rodar com etanol. Com gasolina, a marca declara um consumo de 13,9 km/l na cidade e de 16,7 km/l na estrada. Com etanol, os números são respectivamente 9,9 km/l e 11,7 km/l. 

    Chevrolet Onix
    Chevrolet Onix
    Foto: Divulgação

     

    O último relatório de preços de combustíveis divulgado pela ANP, a Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis, mostrou que o preço do litro da gasolina no estado de São Paulo é de R$ 5,405. Assim, a divisão do valor do combustível pelo consumo declarado do Onix mostra que o custo por quilômetro rodado é de R$ 0,38/km em uso urbano e R$ 0,32/km em uso rodoviário. 

    O mercado considera 12.000 km rodados por ano como um uso típico. Dessa forma, o custo anual seria de R$ 4.560 e R$ 3.840, respectivamente, considerando apenas o gasto com combustível. Com o etanol saindo em média por R$ 4,215 no estado, o custo por quilômetro com o combustível vegetal é de R$ 0,42/km na cidade e de R$ 0,36 na estrada. Após 12.000 km rodados em um ano, o proprietário gastará respectivamente R$ 5.040 e R$ 4.320 com o combustível vegetal.

    E os híbridos?

    Mesmo sendo turbo, o Chevrolet Onix ainda não é o carro mais eficiente do Brasil. Este título cabe aos carros híbridos, que combinam um motor a combustão e um ou mais elétricos para melhorar o consumo e as emissões. Para este cenário, usaremos como referência o Toyota Corolla Altis Hybrid, um dos mais acessíveis no mercado com esta tecnologia. No entanto, vale lembrar que o sistema híbrido é mais eficiente na cidade do que na estrada.

     

    Com gasolina, o consumo declarado para o Corolla híbrido é de 16,3 km/l na cidade e de 14,5 km/l na estrada. Usando o mesmo valor de R$ 5,405 por litro do combustível, o custo por quilômetro é de R$ 0,33/km e de R$ 0,37. Após um ano ou 12.000 km, o consumidor gastará respectivamente R$ 3.960 e R$ 4.473 no final das contas apenas em combustível.

    Toyota Corolla Altis Hybrid
    Toyota Corolla Altis Hybrid
    Foto: Divulgação

     

    Como o motor a combustão do Corolla híbrido também é flex, pode-se fazer o mesmo cálculo com etanol. O consumo é de 10,9 km/l (cidade) e de 9,6 km/l (estrada). O custo respectivo por quilômetro é de R$ 0,38/km e de R$ 0,43/km. Depois de 12.000 km, terão sido gastos R$ 4.560 em uso urbano ou R$ 5.160 na estrada, considerando R$ 4,215 cobrados por litro de etanol.

    Com energia mais cara, qual o custo do elétrico?

    Como a conta de luz varia muito conforme os impostos municipais e estaduais, usamos por base o cobrado na cidade de São Paulo (SP) para referência. Na capital paulista, o custo por kWh no fim do mês passou a ser de R$ 0,85 (anteriormente R$ 0,76). A medida em quiloWatt/hora é a mesma usada por carros elétricos. Em termos gerais, a capacidade das baterias em kWh mostram o quanto eles conseguem rodar com uma carga completa da mesma forma que a capacidade em litros do tanque de combustível de um carro à combustão determina sua autonomia.

    O carro usado para esta referência é o Renault Zoe. A marca anuncia que o carro tem uma bateria de 52 kWh e consegue rodar até 385 km com isso. Assim, seu consumo seria equivalente a 0,13 kWh/km. No entanto, é importante lembrar que o carro elétrico é bem mais eficiente no “anda e para” do trânsito do que em altas velocidades na estrada, situação onde a carga da bateria cai mais rapidamente.

    Renault Zoe
    Renault Zoe
    Foto: Divulgação

     

    Mas sabendo quantos kWh ele consome por quilômetro e quanto custa o kWh cobrado pela distribuidora de energia, já se pode saber quanto você gastaria para “abastecer” um carro elétrico na tomada de casa. Assumindo o consumo de 0,13 kWh/km e o custo de R$ 0,85 por kWh, custa ao Renault Zoe R$ 0,15 por km rodado, menos da metade do que o visto em modelos à combustão, mesmo híbridos. 

    Após 12.000 km rodados, um Renault Zoe vai custar R$ 1.835 em um ano mantendo o uso típico e considerando que o carro mantenha o consumo ideal declarado pela montadora. Há outras vantagens financeiras para quem comprar um elétrico, como isenção de impostos em alguns estados e municípios, além de terem a manutenção muito mais simplificada por não precisarem de consertos como troca de óleos, fluídos e filtros.

    No entanto, também há contrapartidas. A primeira é que esse cálculo leva em consideração o gasto se você carregar o carro na tomada de casa e nem todas as residências possuem pontos de carga preparados para os carros elétricos. Além disso, uma tomada convencional pode levar dias para dar uma carga completa. Os eletropostos para carga mais rápida variam na cobrança da carga e algumas montadoras garantem o pagamento do custo de recarga para alguns carros. No entanto, o Brasil hoje tem cerca de 500 eletropostos públicos. Pode não parecer pouco, mas é equivalente ao que é visto apenas na cidade de Amsterdã, na Holanda.