‘Estamos absolutamente tranquilos’, diz Campos Neto sobre inflação futura
O presidente do Banco Central destacou que essa alta é reflexo da dolarização de produtos, bem como da maior demanda interna e externa
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade monetária está “absolutamente tranquila” em relação a inflação futura. “Entendemos que existia uma pressão no ano de 2020, por isso entendemos a razão desses ajustes recentes na expectativa de inflação, mas não entendemos que isso vá contaminar as inflações futuras”, disse em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (24).
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Segundo ele, a pressão inflacionária tem efeitos provenientes da alta de commodities em reais, bem como do pagamento do auxílio emergencial. “Podemos ver isso pelo anedótico do que tem subido”, observou.
O diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk, que também participou da coletiva, reforçou a análise de que uma possível contaminação da pressão inflacionária em 2021 é baixa. “Dada a ociosidade da economia, esse repasse é muito baixo. Se esse repasse passar para 2021, é muito improvável que seja relevante para fazer a inflação do cenário básico chegar próxima da meta”, explicou.
Alta no preço de alimentos
Apesar de admitir a forte alta nos preços de alimentos, o presidente do BC destacou que essa alta é reflexo da dolarização de alguns produtos, bem como da maior demanda interna e externa. Assim, a alta deve se estabilizar.
“Estamos absolutamente tranquilos em relação ao cenário. Os preços de alimentos sofrem sim um aumento, mas tendem a se estabilizar. A gente mostrou o efeito do auxílio emergencial e um pouco do câmbio favorável que gerou exportação que não existia anteriormente”, esclareceu.
“Em relação ao cenário mais turbulento, sempre olhamos o balanço de risco e levamos em consideração cenários adversos. Entendemos que o pior do efeito pandemia parece ter ficado para trás, mas estamos vigilantes caso isso não ocorra”, acrescentou.
Retomada acima da média
Campos Neto também destacou que a velocidade da retomada econômica no Brasil está acima da média dos demais países emergentes. “Tanto na reavaliação de 2020 como nas expectativas de 2021, há indicação de que o crescimento está bastante acima da média dos mercados emergentes, a velocidade da retomada”, comentou.
Segundo ele, essa percepção se dá na análise dos dados da indústria, de consumo e do varejo. “Vemos que os programas feitos tiveram efeito e nossa retomada tem um formato mais robusto”, completou.
O presidente do BC ainda comentou sobre a preocupação fiscal da instituição com o fim do auxílio emergencial, uma vez que é certo que o governo não tem capacidade de continuar pagando R$ 600 mensais como benefício social.
“A massa salarial brasileira ampla foi quase que toda recomposta, mas o consumo caiu. Há uma poupança precaucional circunstancial que substitui essa queda. O cenário ideal para o BC é aquele no qual o auxílio deixa de existir ou diminui – obviamente, a gente entende que o governo deve ter algum novo programa, mas não cabe a nós especular -, e o efeito poupança acumulado tende a voltar pra economia, substituindo a queda do auxílio junto ao crescimento econômico. Há uma reincorporação da poupança ao consumo”, explicou.
Na avaliação dele, ainda é cedo para se falar em uma segunda onda da pandemia no Brasil. No entanto, ele ressaltou que em países que tiveram formato de contaminação de sino pela Covid-19, essa segunda onda ataque mais jovens, reduzindo o número de óbitos.
“Não cabe ao BC especular sobre fatores não econômicos, mas temos cenários alternativos onde incorporamos todo esse tipo de informação”, comentou.
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