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    Equatorial Energia vai assumir dívida de R$ 800 milhões da CEA após privatização

    Antes da aquisição, a CEA (Companhia de Eletricidade do Amapá) tinha uma dívida de R$ 3,115 bilhões, sendo R$ 2,092 bilhões com fornecedores

    Marta Nogueira, da Reuters

    A Equatorial Energia assumirá uma dívida de R$ 800 milhões da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), ao adquirir a companhia em um leilão de privatização realizado na última sexta-feira, disse nesta segunda-feira (28) o diretor financeiro, Leonardo Lucas.

    Antes da aquisição, a CEA tinha uma dívida de R$ 3,115 bilhões, sendo R$ 2,092 bilhões com fornecedores. No entanto, após uma renegociação que envolveu órgãos de governo, a parcela devida a fornecedores foi reduzida em R$ 1,5 bilhão.

    Um outro montante de R$ 772 milhões, referentes a RGR (encargo do setor elétrico), foi reduzido integralmente, segundo o executivo.

    Do total de R$ 800 milhões assumidos, cerca de R$ 600 milhões serão devidos a fornecedores, dos quais R$ 250 milhões serão pagos agora e o restante parcelado em 24 vezes ao custo de CDI + 2,70% ao ano, explicou Lucas.

    “Temos liquidez, baixa alavancagem… e acesso ao mercado de capitais para trabalhar na reestruturação das obrigações da CEA em condições adequadas de custo e prazo, e essa será uma das nossas (ações de) geração de valor para esse ativo”, afirmou o executivo, ao participar de teleconferência com analistas de mercado.

    No certame de sexta-feira, a companhia fez a única oferta pela CEA, que foi adquirida por um valor simbólico de cerca de R$ 50 mil, referentes a ações de titularidade do Estado do Amapá.

    A celebração do contrato de concessão também está condicionada à realização de aumento de capital da CEA no valor mínimo de R$ 400 milhões, a ser subscrito pela Equatorial.

    Apetite para aquisições

    A vitória no leilão de privatização vem após a Equatorial ter adquirido a distribuidora de eletricidade gaúcha CEEE-D no final do primeiro trimestre. Além disso, a empresa ainda estuda participar do leilão da Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa), apresentando interesse em se expandir ainda mais no Estado.

    “Iremos olhar, sim”, disse o presidente da companhia, Augusto Miranda, durante a teleconferência com analistas, explicando que a participação ainda dependerá de análises internas da companhia.

    A área de concessão da CEA no Amapá reúne 860 mil habitantes, em um mercado altamente concentrado em dois municípios: Macapá e Santana. “O nível de perdas totais é muito alto, próximo a 50% e essa será uma de nossas principais frentes de atuação”, disse o executivo.

    “O perfil de consumo é fortemente concentrado no mercado residencial, mais de 51%, o que deve inclusive aumentar na medida em que as unidades clandestinas forem regularizadas”, afirmou.

    A concessão terá o prazo de 30 anos, portanto, até 2051.

    O executivo explicou que a próxima revisão tarifária da CEA será em 2026, mas lembrou que haverá uma revisão extraordinária em 2023.

    “Historicamente, a Equatorial acelera os investimentos em novas concessões, especialmente em programas para melhorar a qualidade, combater as perdas e também para acompanhar crescimento de mercado”, afirmou.

    “É importante comentar que, com essa aquisição, nossas distribuidoras já cobrem cerca de 24% do território nacional…, mais de 13% da população brasileira”, afirmou.

    A empresa também controla distribuidoras de energia no Maranhão, Pará, Alagoas e Piauí.

    Os executivos da companhia explicaram que a conclusão da aquisição dependerá apenas de aprovações regulatórias, do órgão antitruste Cade, e da agência reguladora Aneel, além do aporte de capital previsto nas regras do leilão.