Entenda o que acontece com as ações da Americanas fora do Ibovespa
Segundo especialistas consultados pela CNN, a retirada dos papéis do principal índice da bolsa de valores deve trazer menos liquidez
As ações da Americanas, negociadas sob o ticker AMER3, foram excluídas do Ibovespa e de outros 13 índices após a varejista ter o pedido de recuperação judicial acatado pela Justiça. Mas o que acontece com os investidores que têm ações da companhia? E com os fundos que também contam com os papéis?
Segundo especialistas consultados pela CNN, as ações da Americanas continuarão a ser negociadas na bolsa de valores. O que muda é que elas não estarão mais na composição do Ibovespa ou de outros índices após o pregão desta sexta-feira (20).
Ou seja, o investidor não verá mais o ticker no Ibovespa, entre as principais negociações, mas ainda consegue pesquisá-lo em seu home broker e realizar uma ordem de compra ou venda dentro da bolsa.
“A ação continua sendo negociada normalmente, apenas deixa de fazer parte de uma cesta específica de ativos”, explicou Victoria Minatto, analista de mercado da Eleven Financial Research.
Segundo a especialista, uma das implicações que a retirada de AMER3 do Ibovespa traz é a diminuição da liquidez, já que a ação para de ter a mesma visibilidade de antes, logo, o número de negociações diminuem.
Além disso, fundos de investimento que replicam os índices que deixarão de ter a Americanas também devem vender os papéis, de acordo com Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research.
“São muitos ETFs que deverão vender passivamente os papéis da companhia para se enquadrarem à nova composição do Ibovespa ou desses outros índices”, afirmou.
A ação da Americanas será retirada da carteira dos seguintes índices, conforme anúncio da B3 na quinta-feira (19): IBOV, IGCX, ICO2, ICON, IBXX, IGCT, IGNM, IBRA, IVBX, ISEE (ISE B3), ITAG, SMLL, IBXL e GPTW.
Pelas regras da própria B3, uma empresa que está em recuperação judicial não é elegível para compor os diversos índices da bolsa. A ação da Americanas passará a ter suas informações publicadas num segmento especial denominado “Recuperação Judicial” no Boletim Diário de Informações.
Fernando Ferrer ponderou que o momento é de cautela para aqueles que têm ações da companhia em sua carteira, e não recomenda comprar os papéis e nem operar vendido. Para ele, vender o ativo ou manter a posição dele (que já foi reduzido pelo mercado) são as melhores opções no momento.
“Acho que vai haver um fluxo vendedor dos papéis e grande volatilidade, tanto para cima quanto para baixo, mas não vejo oportunidade clara para o investidor no papel agora, vejo muito risco ainda”, disse.
“Não sabemos quanto de aumento de capital vai fazer, e observamos uma deterioração muito grande, não só de imagem, mas operacional. O fornecedor já não quer mais fornecer pois tem medo de não receber, assim como o vendedor de market place”, destacou o analista.