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    Entenda como a paralisação de caminhoneiros em rodovias afeta mercado e economia

    Ao menos por ora, o movimento não tem as proporções dos atos de 2018 e, segundo boletim oficial do Ministério da Infraestrutura, a situação está sendo controlada gradualmente

    Priscila Yazbekdo CNN Brasil Business São Paulo

    O Brasil é extremamente dependente do transporte de rodas, via caminhões, o que faz com que os impactos de uma paralisação dessas atividades, ainda que parcial, tenha grande potencial de afetar o ritmo da atividade.

    Em 2018, quando o país passou por uma greve dos caminhoneiros em proporções muito maiores do que o movimento visto desde a madrugada desta quinta-feira (9), o índice do Banco Central mostrou um recuo na atividade de mais de 3% em maio, mês em que os atos eclodiram. Ao mesmo tempo, a indústria chegou a ter um tombo de 11% e a inflação registrou alta de 1% no mês seguinte, maior avanço desde 1995.

    Ao menos por enquanto, apesar de os pontos de paralisação terem afetado 15 estados brasileiros mais cedo, o movimento não foi declarado oficial pelas lideranças, como foi há três anos e, segundo boletim oficial do Ministério da Infraestrutura, a situação estava controlada no começo da tarde. Não podemos ignorar, porém, que esse evento — ainda que possa ser isolado –, vem num momento crítico para o país, que passa por uma das crises hídricas mais graves de sua história recente, e por incertezas provocadas por um clima de instabilidade institucional.

    Esse cenário nebuloso vem sendo alimentado também pela escalada dos preços ao consumidor, cuja trajetória pode ser diretamente impactada pela redução do fluxo de caminhões nas estradas.

    O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto, publicado nesta quinta-feira pelo IBGE, foi de 0,87%, o maior nível para o mês em 21 anos. Em 12 meses, o índice já acumula quase 10%, cerca do dobro do teto da meta para este ano. Nesse cenário, o café já acumula uma alta de 22% em 12 meses, a carne, de 31%, e a gasolina já subiu 39%.

    A situação dos combustíveis vale uma explicação à parte, já que o cenário é um pouco mais complexo. A gasolina já passa de R$ 7 em alguns postos e essa situação se retroalimenta. Conforme a população faz filas para reabastecer, temendo mais reajustes, o preço sobe ainda mais, por causa da alta na demanda.

    O sindicado que representa os postos de Minas Gerais chegou a pedir recentemente que a população não corra para encher o tanque, porque isso agrava o cenário.

    Ontem, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, fizeram um apelo para que os caminhoneiros liberassem as estradas, temendo esse tipo de impacto na economia.

    As ações da Petrobras reagiram aos anúncios de ontem, sobretudo depois de um bloqueio numa base de distribuição da estatal em Santa Catarina. Os ativos chegaram a cair quase 6%, bem acima da perda do Ibovespa no dia, de 3,8%.

    (Publicado por Ligia Tuon)