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    Em reorganização societária, Iguatemi será incorporada pelo Grupo Jereissati

    Objetivo é ampliar a liquidez dos papéis negociados na Bolsa e abrir caminho para uma futura emissão de ações e captação de novos recursos

    Em 2020, o crescimento foi maior, alcançando 19%
    Em 2020, o crescimento foi maior, alcançando 19% Foto: Hoa Thun Ho/Unsplash

    Por Circe Bonatelli, do Estadão Conteúdo

    Os conselhos de administração da Iguatemi – uma das empresas de shoppings mais tradicionais do país – e da sua controladora, a Jereissati Participações, estão encaminhando aos acionistas minoritários uma proposta de reorganização societária, transformando às duas companhias em uma só.

    O objetivo é ampliar a liquidez dos papéis negociados na Bolsa e, principalmente, abrir caminho para uma futura emissão de ações e captação de novos recursos junto a investidores. O grupo aposta no crescimento por meio da aquisição de concorrentes.

    Ao mesmo tempo, a reorganização visa a garantir a permanência do controle nas mãos da família Jereissati mesmo que ela não participe dos futuros aportes de capital na mesma proporção de outros investidores.

    A proposta que será submetida para assembleia de acionistas prevê que a Iguatemi Empresa de Shoppings (IGTA3) seja incorporada pela Jereissati Participações (JPSA3) e se torne uma subsidiária integral. Em troca, os atuais acionistas da empresa de shoppings receberão um prêmio de 10% sobre a cotação média das suas ações nos 30 dias anteriores, conforme o comunicado ao mercado.

    Com esse movimento, as ações pulverizadas entre diversos investidores fora do grupo controlador (o chamado free float) subiria em 45%, ampliando sua liquidez potencial, segundo o comunicado. A nova empresa passará a se chamar Iguatemi S.A. e terá papéis negociados na forma de certificados de depósito de valores mobiliários (units).

    Cada unit será composta por uma ação ordinária (ON) e duas preferenciais (PN). Hoje, a Iguatemi têm apenas papéis ON. Vale lembrar que as ações ON têm direito a voto nas assembleias, enquanto as PN têm prioridade para receber dividendos.

    Neste caso, as ações PN terão direitos econômicos equivalentes a três vezes os da ON. A família Jereissati controla a companhia de shoppings por meio da empresa Jereissati Participações, que funciona como uma holding.

    Hoje, a família possui um peso de 50,7% nos votos em assembleia e uma fatia de 30,6% no bolo dos lucros. Após a reorganização, passará a deter 65% dos votos e 29% dos lucros. Caso a Iguatemi S.A.

    faça uma futura emissão de units para atrair novos investidores e a família Jereissati não acompanhe a injeção de dinheiro na empresa, o seu poder de voto não será ameaçado, visto que os novos sócios receberão principalmente ações PN – sem direito a voto. A assembleia para deliberação da proposta ocorrerá no dia 8 de julho, às 10h.

    Os controladores não votarão. “A unificação das bases acionárias permitirá o aumento da sua capacidade de investimento e crescimento, sem o aumento do endividamento”, informa o comunicado. “Isso colocará as companhias em uma posição mais favorável para participar das oportunidades futuras de consolidação, combinações de negócios e aquisição de ativos estratégicos, aumentando a sua relevância no mercado imobiliário brasileiro”.

    Governança

    O conselho de administração da Iguatemi anunciou também a substituição do CEO, Carlos Jereissati Filho, no cargo desde 2006, pela vice-presidente financeira e de relações com investidores, Cristina Betts, que ingressou na empresa em 2008. A mudança nos postos ocorrerá a partir de 1º de janeiro de 2022.

    O antigo CEO continuará no grupo como membro do conselho. A nova empresa será listada no Nível 1 da B3, um degrau abaixo do Novo Mercado, que é o mais alto nível de governança corporativa entre as empresas listadas.

    Isso se dará porque a nova companhia passará a negociar ações preferenciais, o que não é permitido no Novo Mercado. A mudança para um patamar de governança inferior demanda que o controlador faça uma oferta pública de aquisição de ações dos minoritários, o que não está nos planos da família.

    Portanto, os minoritários precisarão aprovar tanto a mudança e a dispensa de tal oferta. Os conselhos de administração da holding e da empresa de shoppings ainda se comprometeram a manter todas as práticas, regras e recomendações do Novo Mercado no estatuto da Nova Iguatemi.

    Também serão instituídos na Iguatemi S.A. quatro comitês estatutários para apoiar o futuro conselho de administração: Finanças e Alocação de Capital; Auditoria e Partes Relacionadas; Pessoas, Cultura e Organização; e Riscos e Compliance.