Eleição nos EUA: Veja as principais ideias de Biden e Trump para a economia
Trump quer cortar imposto e Biden quer taxar os mais ricos, mas ambos falam em proteger e estimular a indústria doméstica
Na próxima terça-feira (3), serão decididas as eleições presidenciais da nação mais rica do mundo, os Estados Unidos, disputadas entre o republicano e atual presidente Donald Trump e o democrata Joe Biden, que foi vice-presidente no governo de Barack Obama.
Quem vencer terá a missão de reerguer a economia de uma das piores recessões de sua história, com os maiores índices de desemprego registrados desde a depressão de 1929 e ainda com mazelas não curadas na renda e na confiança de uma classe média que perdeu muita coisa depois da crise de 2008.
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Apesar de diametralmente opostos em alguns temas – como nas questões ambientais e nas relações internacionais –, os dois possuem também pilares semelhantes em suas agendas econômicas, como a intenção de proteger e atrair de volta para o país a indústria nacional.
“A China mete medo tanto nos republicanos quanto nos democratas; não podemos subestimar a capacidade ou disposição dos democratas de também enfrentar a China”, disse Neusa Maria Bojikian, pesquisadora do Instituto de Estudos Políticos sobre os Estados Unidos (INCT-Ineu).
“Isso continuaria com o Biden. A diferença pode ser na forma, com um negociações mais na base da diplomacia e menos no confrontacional.”
Veja a seguir um resumo das ideias de cada um dos dois candidatos nos principais temas econômicos em debate nesta campanha:
Impostos
É um dos pontos de diferenças mais claros entre os dois concorrentes: Trump promoveu uma abrangente reforma tributária em seu mandato que reduziu o imposto de pessoas e empresas, como maneira de estimular o crescimento da economia. Sua promessa é de prorrogar a redução.
Biden promete reconstituir parte dos impostos cortados por Trump e criar novos, para sustentar a ampliação de investimentos e de programas de seguridade social, também como maneira de estimular a economia. A ideia é que as novas cobranças recaiam principalmente sobre as famílias mais ricas e os lucros das grandes empresas.
O ato de 2017 de Trump reduziu o imposto de renda máximo, aplicado àqueles com renda anual superior a US$ 500 mil, de 39,6% para 37%. O imposto sobre as empresas foi cortado de 35% para 21%. A proposta de Biden é elevar o impostos dos mais ricos de volta para os 39,6% e aumentar o das empresas para 28%.
Salário mínimo
Biden inclui em seu programa a promessa de fixar o salário mínimo nacional do país em US$ 15 a hora. “A média atualmente é de US$ 7 a US$ 8 a hora, a depender do setor”, de acordo com Bojikian, do INCT-Ineu. É uma das medidas que devem aumentar os gastos e exigir recursos extras da arrecadação do governo.
Trump não tem uma proposta cravada para o tema, tendo também em vista que os estados já legislam sobre os pisos regionais. Mas o presidente gosta de propagandear o aumento da renda média do país que aconteceu nos anos de seu mandato, puxado pela maior oferta de empregos.
De acordo com as estatísticas oficiais, o ganho anual médio de uma família americana foi de US$ 68.703 em 2019, 9% mais que em 2016, último ano antes de o republicano assumir.
Indústria nacional
A proteção da indústria nacional e a intenção de levar de volta para os Estados Unidos as fábricas das empresas que foram produzir em outros países foi uma das principais tônicas destes quatro anos de governo Trump.
As tarifas aplicadas sobre centenas de produtos importados da China também foram no sentido de proteger a indústria nacional e os empregos do país – embora tenham produzido o efeito de encarecer os produtos finais consumidos pelos norte-americanos.
A tônica de proteção, porém, não deve ser totalmente diferente no caso de uma eleição de Biden. O ex-vice-presidente lançou durante a campanha um plano agressivo de fortalecimento da indústria nacional, que inclui taxas para empresas que produzem fora e incentivos para aquelas que se reinstalem no país.
“Biden pode ter um método diferente, mais multilateralista e mais apegado às regras, em especial às da OMC [Organização Mundial do Comércio]”, disse o ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral, sócio da BMJ Consultores Associados. “Mas esse discurso de mais proteção cresceu no mundo inteiro e não vai parar agora.”
Comércio e relações internacionais
A gestão de Trump foi marcada pelo rompimento ou distanciamento de acordos e instituições multilaterais, como a Organização Mundial de Comércio (OMC), a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o Acordo de Parceria Transpacífico (TPP, em inglês) e o acordo ambiental de Paris.
Já Biden deve voltar a ter um alinhamento maior a essas entidades, que promovem acordos internacionais de cooperação em comércio, ações políticas e ambientais.
“Trump foi deixando esses grandes arranjos regionais e indo para o bilateralismo, a negociação de condições parceiro a parceiro”, disse Bojikian, do INCT-Ineu. “Já Biden tem um perfil mais diplomático e deve voltar ao jogo multilateral. Os dois querem uma indústria doméstica forte e os Estados Unidos dando as cartas, mas de formas completamente diferentes.”
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