Efeito coronavírus: vendas de álcool em gel crescem 600% em uma semana no Brasil
Produtos de limpeza, como filtros de ar, álcool e sabão líquido tiveram um salto de venda entre a primeira semana de março e a última de fevereiro, diz Nielsen
O temor causado pela propagação do novo coronavírus no Brasil motivou uma corrida dos brasileiros para a compra de álcool em gel. A venda do produto em supermercados saltou 623% na comparação entre a primeira semana de março e a última semana de fevereiro, segundo dados enviados com exclusividade pela Nielsen, empresa especializada no setor varejista.
No mesmo período, tiveram altas significativas outros produtos de limpeza, como filtros de ar (100%), álcool (85%), sabão líquido (33%) e outros itens do segmento (58%). O levantamento engloba cerca de 150 companhias do varejo brasileiro.
“Depois da confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil, houve uma mudança forte e rápida na compra de produtos relacionados à prevenção”, avalia Fernanda Vilhena, gerente de atendimento ao varejo da Nielsen.
Especificamente sobre o álcool em gel, Vilhena explica que trata-se de um produto que não costuma ter vendas muito altas e parte de uma base baixa. “Nas próximas comparações semanais, deve haver avanços menores, inclusive por uma questão de menos estoque. Porém, na comparação anual, os aumentos devem continuar significativos”, pondera.
Na relação entre a segunda e a primeira semana de março, a busca foi maior no segmento de alimentos, com uma alta de 31% de commodities, como arroz, feijão, açúcar e farinha. Na quarta-feira, dia 11, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o coronavírus como pandemia global. No mesmo período, também foram maiores as vendas nos segmentos de limpeza (+21%), higiene e beleza (+25%), mercearia (+18%), medicamentos (+13%) e perecíveis (+11%).
“Nas próximas semanas, devemos observar um crescimento mais forte para produtos básicos, pois temos uma população mais preocupada e que começa a se abastecer para viver em quarentena”, avalia Vilhena.
Segundo ela, padrões de consumo semelhantes ao Brasil foram identificados em países que enfrentaram antes os efeitos do coronavírus, como China e Itália. Baseado em outras pandemias e do cenário internacional, a Nielsen identificou seis etapas para o comportamento do consumidor.
Nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde a crise está mais avançada, a empresa identifica que os compradores estão já no quarto nível, de preparação para vida em distanciamento social. “Nesses dois estados, vemos empresas fechando as portas, inclusive multinacionais e shoppings. Há uma preocupação grande e que deve avançar em outras cidades do país nos próximos dias”, diz Vilhena.