É uma decisão de negócio global, diz especialista sobre saída da Ford do Brasil
Montadora encerrou a produção no Brasil nesta segunda (11)
Ricardo Bacellar, sócio da empresa de consultoria KPMG e integrante da equipe internacional de reposicionamento da Ford, afirma que a decisão da gigante automobilística encerrar a produção no Brasil se deve a uma discussão de negócio global.
“É um conjunto de fatores. É óbvio que o ambiente local [político, econômico e social do país] impacta qualquer linha de negócio. Mas a gente não pode fechar os olhos para os interesses globais de uma empresa como a Ford, que joga um jogo global”, argumentou.
Assista e leia também:
Ford deixará de oferecer Ka e EcoSport; lembre outros carros clássicos da marca
Equipe econômica vê Ford como ‘péssima’ notícia, mas rechaça culpa do governo
Brasil deveria ter investido em picapes e SUVs, diz consultor sobre a Ford
Calendário de lançamentos da Ford em dezembro indicava fim de fábricas no Brasil
Segundo Bacellar, não é de hoje que a montadora, além de não apresentar bons resultados nas operações no país, também tem se deparado com grandes desafios em nível internacional.
“Quando ela fechou a fábrica de São Bernardo, há pouco tempo, no mesmo ano ela também tomou a decisão nos Estados Unidos, que é um mercado pujante, de restringir o seu line-up, focar em modelos de veículos que eram mais rentáveis”, disse.
“Não é uma decisão específica no Brasil, é uma decisão de discussão de negócio global. A Ford precisava muito focar investimentos na China e precisava deslocar investimentos para poder viabilizar essas estratégias de negócios. É um mix de elementos.”
Serão fechadas as fábricas da companhia em Taubaté (SP), que produz motores; Camaçari (BA), onde produz os modelos EcoSport e Ka e em Horizonte (CE), onde são montados os jipes da marca Troller.
A empresa informou que vai manter seu centro de desenvolvimento de produtos, na Bahia, o campo de testes, em Tatuí (SP), e a sede administrativa, em São Paulo.
Cerca de 5.000 funcionários devem ser afetados na América do Sul, estima a companhia. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (BA), cerca de 10 mil trabalhadores serão atingidos só no local.
(Publicado por Sinara Peixoto)