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    É preciso estender o estado de calamidade e o auxílio, defende Monica de Bolle

    Em entrevista ao CNN Brasil Business, a economista defende que o país adote uma mentalidade parecida com a que teve em 2020 no combate à pandemia

    Ligia Tuon, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    O estado de calamidade pública decretado pelo governo federal no começo da pandemia de Covid-19 terminou no fim do ano passado. Mas o país voltou a registrar recordes de contaminação pela doença em 2021, o que vem gerando pressão de alguns setores da sociedade para que o decreto seja retomado. Esse movimento traria de volta a possibilidade, por exemplo, de extensão do auxílio emergencial, sem fazer com que o governo quebre o teto de gastos.

    Essa estratégia é a defendida pela economista Monica de Bolle, professora da Universidade Johns Hopkins e membro do Observatório Covid-19 BR. Segundo ela, ela é a única opção cabível neste momento para quebrar as cadeias de transmissão do vírus. Para piorar, é bom lembrar, já há novas variantes mais transmissíveis e que levaram ao colapso do sistema de saúde em Manaus recentemente.

    Em entrevista ao CNN Brasil Business, de Bolle defende que o país adote uma mentalidade parecida com a que teve em 2020 no combate à pandemia, com extensão do estado de calamidade pública, o que permitiria a volta do auxílio emergencial e um maior orçamento para a saúde.  

    “A pandemia agora está pior no Brasil e com perspectiva de agravamento, não de melhora. Temos dívida elevada? Temos. Déficit alto? Temos. Mas essas não são as nossas restrições nesse momento, a nossa principal restrição é uma pandemia descontrolada, que pode fazer mais gente adoecer e isso sim gera colapso econômico”, diz ela.

    “Isso gera um colapso econômico hoje, não daqui a três anos quando a dívida vai estar muito elevada”, completa.

    Com 9 milhões de casos de Covid-19 e mais de 220 mil mortos pela doença, o Brasil vive de novo em trajetória ascendente de contaminação, com mais de mil mortes registradas por dia. Nesse cenário, estados e municípios voltam a decretar o fechamento das atividades não essenciais, o que vai impactar ainda mais trabalhadores e empresários.

    “Precisa dar assistência para quem não tem como trabalhar nessa situação. Então precisa discutir o auxílio emergencial”, diz de Bolle.  

    Enquanto isso, o governo federal tem apostado todas as suas fichas na imunização da população contra o avanço da doença, apesar da forma errática como a campanha de vacinação contra a Covid-19 vem sendo conduzida até agora.

    Por exemplo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a dizer nesta semana que vai considerar a volta do auxílio emergencial, caso a vacinação fracasse. No entanto, ainda há um longo processo para que a toda a população receba as duas doses do imunizador, tendo em vista que o país não possui ainda as doses necessárias nem para o grupo preferencial.

    Para de Bolle, é necessário uma visão mais completa do problema.

    “O que vem primeiro são as medidas sanitárias e junto com elas o auxílio emergencial. Infelizmente, a vacinação virá depois”, diz de Bolle.

    O Brasil vacinou até agora pouco mais de um milhão de pessoas. Só no grupo preferencial, composto por idosos, pessoas com comorbidades e profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate à pandemia, há mais de 50 milhões de pessoas. Logo, ainda faltam muitas doses e o governo ainda não mostrou com clareza quais serão os gastos e de onde eles saírão. 

    “A pergunta que eu coloco é a seguinte: como vamos falar em comprar mais doses se os recursos da área de saúde não estão lá? Não tratamos saúde e economia de uma forma só, fizemos o oposto e continuamos fazendo isso. Vai dar errado”, diz.

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