É difícil encontrar solução a curto prazo para falta de chips, diz especialista
Impacto na indústria deve demorar para ser normalizado
A escassez mundial de chips que afeta a produção de quatro em cada dez fábricas de produtos eletrônicos no Brasil não deve ter solução a curto prazo, aponta o especialista em tecnologia e inovação Arthur Igreja em entrevista à CNN neste domingo (25).
“Tivemos um somatório de eventos importantes. O primeiro deles é essa escassez do lado da produção. As indústrias estão demandando mais já que, com o home office, as pessoas e empresas começaram a comprar mais notebooks, tablets e smartphones. Quem conseguiu comprar, comprou, e várias outras indústrias foram para o final da fila. Então, é um problema que demora muito para ser resolvido e, simplesmente, não tem como substituir”, explica.
A forma de consumo da tecnologia também foi afetada pela pandemia. “As pessoas passaram a ficar mais em casa, gastaram menos com turismo e tiveram que buscar webcam melhor, microfone. Elas foram fazendo upgrades, e tem demanda de chips por todos os lados. Todas as indústrias estão competindo para comprar esses chips e brigando por seus contratos”.

A situação deve demorar a normalizar. “Mesmo que a demanda se estabilize, houve fechamento de fábricas nesse período, queda de estoque e restrições na volta à indústria. Não dá para expandir a oferta rapidamente”, diz Igreja.
A longa duração da pandemia no Brasil pela demora na vacinação torna a situação ainda mais delicada.
“O país sofreu mais que os outros países em suas fábricas. Aqui, a pandemia foi mais dura e mais longa. Os cancelamentos de contrato perduraram por mais tempo, e a retomada dos pedidos foi tardia, daí entra no final da fila. E com o fator dólar, os produtos ficam mais caros, e os consumidores podem retardar algumas compras. É muito difícil encontrar uma solução de curto prazo para essa questão”, avalia.