Dois milhões de usuários em três meses: como o Duolingo quer conquistar o Brasil
Em entrevista ao CNN Business Brasil, a única funcionária da empresa no país conta quais são os próximos passos
Com um exército de uma mulher só: é assim que o Duolingo quer conquistar os smartphones, cadernos e currículos dos usuários no Brasil todo. Presente no país como aplicativo desde 2012, foi só no ano passado que a plataforma de ensino de idiomas inaugurou seu escritório brasileiro, contratando a sua primeira (e única) funcionária por aqui, a diretora de Marketing Analigia Martins, para aumentar a presença e o desenvolvimento da marca no Brasil.
Estratégia que parece estar dando certo, como mostram os números enviados com exclusividade ao CNN Brasil Business. Nos primeiros três meses do ano, o Duolingo ganhou 2 milhões de novos usuários brasileiros.
Segundo maior mercado no mundo
O Brasil também já é o segundo mercado que mais utiliza o app, atrás somente dos Estados Unidos. Por aqui, 61% das pessoas utilizam o Duolingo para aprender inglês — 33% por conta dos estudos, 15,8% com foco em trabalho e 12,6% pensando em viagens.
“Queremos ser o grande aliado dos brasileiros na hora de aprender um idioma e conquistar seus objetivos”, diz Martins.
Para entender melhor o comportamento do usuário no Brasil, segundo Martins, o primeiro passo foi fazer uma pesquisa para saber mais sobre o que ele queria e imaginava em relação ao aplicativo.
Sabendo isso, era a hora de botar a mão na massa, ou melhor, a hora de fazer as contas nas redes sociais. “Por meio das campanhas em mídia digital, conseguimos falar com milhões de pessoas, e isso faz com que eu consiga segmentá-las e com que elas cheguem no aplicativo”, diz. “Hoje as nossas redes trazem um conteúdo relativo aos idiomas que ensinamos, então acaba sendo um suporte para o aluno aprender mais”, explica.
De olho no público mais velho
Com a pesquisa, Martins também descobriu que a maioria dos usuários tinham idades que iam dos 15 aos 25 anos. A meta, agora, é expandir a faixa etária dos estudantes e focar no grupo acima dos 35 anos.
“Queremos levar o Duolingo para pessoas diferentes, que não conhecem o app no Brasil e que querem usar o idioma nesse momento em que vivemos agora, nesse momento de crise econômica, e não têm como pagar um curso”, afirma.
O foco para os próximos anos, como conta Martins, é continuar investindo pesado no marketing em terras brasileiras, com uma campanha que “dará o que falar” nos próximos meses, além do lançamento de uma ferramenta pensada para os brasileiros que ela convenceu o time global a adicionar no aplicativo — sem maiores detalhes no momento.
O Duolingo também pretende expandir o Duolingo English Test (DET), teste de proficiência na língua inglesa oferecido pela companhia que, nos últimos três meses, cresceu 500%, enquanto concorrentes como o TOEFL e o IELTS estavam com seus centros fechados pela pandemia do novo coronavírus.
Democratizar o acesso
A empresa, que está avaliada em US$ 2,4 bilhões após um investimento de US$ 35 milhões, tem 50 milhões de usuários no mundo todo e cerca de 32 milhões no Brasil. Em seu leque estão 99 cursos de 40 idiomas, indo de inglês a italiano, sem se esquecer do espanhol e do alemão.
Martins é sucinta ao explicar os desejos da companhia para o Brasil: “queremos colocar o Duolingo na boca do povo.” Sem trocadilhos.
Disponível tanto para aparelhos com o sistema operacional Android quanto para iPhones (cujo sistema é o iOS), o Duolingo, segundo Martins, tem como principal missão “democratizar o aprendizado de novas linguagens”.
“Estudar e falar um idioma não é fácil e nem sempre é motivador. Sabemos que é um desafio para muitas pessoas, para a maioria delas. Então, quando você tem um aplicativo que é gratuito, acho que é um bom conjunto para que as pessoas tenham mais interesse e se motivem mais para aprender um novo idioma”, diz.
Além de democratizar o ensino, para Martins, o Duolingo quer ainda fazer outra coisa. “Também queremos que as pessoas tenham mais vontade de estudar”, diz. Recentemente, 30% dos usuários que tinham o app baixado, mas não o utilizavam, voltaram a aprender algum idioma por ele.
Martins acredita que o aplicativo também pode ser um auxílio para pessoas que já fazem cursos de idioma, mas que precisam de um reforço. “Podemos ser uma opção para quem não tem condições financeiras de pagar por um curso e também como um suporte para quem já faz um curso de idiomas e quer continuar estudando fora da aula”, conta.
Versão grátis ou paga
Para utilizar o aplicativo, basta criar uma conta, escolher o idioma que você pretende aprender e começar a estudar. Na versão 100% gratuita do app, o usuário recebe algumas vidas, que vai perdendo conforme erra, e vê um anúncio depois de completar cada lição.
Em uma versão paga, o Duolingo Plus, o usuário não vê anúncios e consegue estudar offline — mas Martins garante que os conteúdos free e pagos são os mesmos, sem diferenciação. A empresa não abre o número de assinantes pagos.