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    Diferente do setor urbano, o agronegócio nunca parou de crescer, diz economista

    "O agronegócio tem efeito multiplicador, mas sozinho não destrava a economia", diz, José Roberto Mendonça de Barros, sócio da consultoria MB Associados

    Marcia de Chiara, do Estadão Conteúdo

    Uma das razões pelas quais as projeções de crescimento da economia para este ano estão sendo ampliadas é o bom desempenho do agronegócio, que tem atraído grande volume de investimentos, segundo o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da consultoria MB Associados.

    O simples fato de o setor nunca ter parado de crescer nos últimos anos e demandar mais insumos e máquinas, entre outros produtos, já é algo que induz a expansão da cadeia de produção.

     

    No atual momento, existe um fator adicional: a forte alta de preços internacionais das matérias-primas. “O agronegócio tem efeito multiplicador, mas sozinho não destrava a economia”, alerta o economista, lembrando que a geração de emprego no próprio setor é pequena.

    Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

    O que explica o grande investimento na cadeia do agronegócio?

    Ao contrário do setor urbano, o agronegócio nunca parou de crescer. O simples fato de crescer já exige mais instalações, equipamentos etc. Na safra 2015/2016, foram plantados 58 milhões de hectares e colhidos 186 milhões de toneladas de grãos. Na safra 2020/21, a estimativa é de uma produção de 186 milhões de toneladas de grãos. São 85 milhões de toneladas a mais em 10 milhões de hectares adicionais. Plantar 10 milhões de hectares a mais requer mais tratores, equipamentos, fertilizantes, defensivo sob etc. Por outro lado, há necessidade de mais silos, transporte, fábricas para processar os grãos.

    O senhor acha que o boom de preços das commodities está acelerando os investimentos no agronegócio?

    Em princípio, parece que sim. O Brasil não para de crescer nisso. Há a ameaça da questão ambiental, uma ameaça seriíssima, que o governo não leva a sério como deveria. Mas, em tese, a demanda por produtos brasileiros continua crescendo, porque a procura internacional está muito forte nesse pós-pandemia. Papel e celulose são exemplos. Esses, basicamente para exportação.

    Esses investimentos no agronegócio têm efeito multiplicador na economia ou a pandemia pode abafar esse movimento?

    Tem efeito multiplicador. Grosseiramente, admite-se que o agronegócio direta e indiretamente represente entre 25% e 30% do PIB (Produto Interno Bruto). O agronegócio não carrega o PIB todo. Mas o desempenho do agronegócio é uma das razões pelas quais as projeções de PIB para este ano estão melhorando. Disso eu não tenho dúvida. A indústria está mais forte, e isso tem a ver com a demanda ligada ao agronegócio.

    Mas o desemprego continua elevado…

    Sozinho o agronegócio não destrava a economia. A questão é que o agro não é grande gerador de emprego, muito pouco. Até porque a produtividade e a digitalização estão muito aceleradas no setor. Isso faz com que o emprego cresça relativamente de forma mais modesta. A situação do emprego não avança sem a ajuda da construção civil.

    O senhor acredita que esse boom de preços de commodities se sustente ou será passageiro?

    Difícil falar de futuro e hoje, mais ainda. O que nós da MB achamos é que, ao menos por mais dois anos, será sustentável. Isso porque tem muito dinheiro rodando pelo mundo e a demanda por alimentos, metais, materiais de construção, é crescente. Os estoques de alimentos estão muito baixos.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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