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    Diesel da Petrobras está defasado e precisa de ajuste, dizem importadores

    Os importadores reconhecem que, ao longo de maio, os preços flutuaram no entorno da paridade de importação

    Por Marta Nogueira, da Reuters

     A defasagem do diesel da Petrobras ante os valores internacionais voltou a superar os 10 centavos de real por litro ao longo desta semana, nos cálculos de importadores independentes de combustíveis, que estão agora na expectativa de que a companhia reajuste o combustível fóssil, afirmou representante do setor.

    Os importadores reconhecem que, ao longo de maio, os preços flutuaram no entorno da paridade de importação, o que justificaria uma ausência de mudanças nos preços da Petrobras desde 1º de maio.

    No entanto, o presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, ressaltou que desde o início desta semana a defasagem do diesel tem ficado sempre maior que 10 centavos por litro, na média de seis portos avaliados – Itacoatiara, Itaqui, Suape, Aratu, Santos e Araucária.

    “Desde a saída de (Roberto) Castello Branco (da Presidência da Petrobras), a gente observa que os preços tem flutuado pela paridade… Agora já vemos um afastamento”, disse o presidente da Abicom, que representa nove importadoras.

    “Caberia agora um aumento da ordem de 8 a 10 centavos por litro para que fique comprovado que a Petrobras vai continuar acompanhando a paridade, como vem sendo afirmado pelos executivos.”

    Segundo ele, oportunidades de importação seguem inviabilizadas em todos os portos.

    Castello Branco foi substituído do comando da Petrobras pelo presidente Jair Bolsonaro, que o culpou por um avanço expressivo dos preços da companhia ao longo deste ano.

    Agora o mercado acompanha de perto os movimentos de Joaquim Silva e Luna, que assumiu a liderança da estatal em 19 de abril, mas ainda não havia sido testado por um avanço consistente de preços no exterior.

    A gestão de Luna realizou apenas um ajuste, em 1º de maio, quando pôde inclusive cortar preços. Em poucas declarações, defendeu a manutenção da política de paridade internacional de valores, mas evitando o repasse da volatilidade externa.

    No acumulado de maio, o petróleo Brent tem alta de quase 10%, sendo cotado perto de US$ 70  por barril. Na última semana, subiu cerca de 5%.

    Posição da Petrobras 

    Procurada, a Petrobras afirmou que não antecipa suas decisões de preços e reiterou que os reajustes “podem ser realizados a qualquer tempo, sem periodicidade definida, de acordo com as condições de mercado e da análise do ambiente externo”.

    “Isso possibilita à companhia competir de maneira mais eficiente e flexível e evita o repasse imediato da volatilidade externa para os preços internos”, disse a estatal em nota.

    Sobre as declarações da Abicom, a Petrobras afirmou que a associação “representa o interesse de um grupo reduzido de ‘trading companies’, e que os custos efetivos de importação variam de agente para agente, dependendo de características como, por exemplo, o acesso a infraestrutura logística e a escala de atuação”.

    “Por esse motivo, as declarações da Abicom devem ser vistas com cautela, ao pretender estabelecer uma espécie de ‘proteção’ para operações menos eficientes”, acrescentou a empresa.

    A petroleira disse ainda que a prática de preços competitivos e em equilíbrio com os mercados internacionais pode ser comprovada pela continuidade das importações por diversos agentes, distribuidoras e trading companies –ainda que em menor escala– conforme dados do Painel Dinâmico do Mercado Brasileiro de Derivados e Biocombustíveis da ANP.

    Em meados do mês, durante conferência com analistas, o diretor-executivo de Comercialização e Logística da Petrobras, Cláudio Mastella, disse que a nova gestão da empresa manteve a maneira de gerenciar ajustes de preços dos combustíveis e busca praticar valores em níveis competitivos, evitando repassar volatilidade internacional ao mercado interno.

    Em relatório publicado nesta sexta-feira (28)  analistas do JP Morgan elevaram a recomendação dos papéis da Petrobras para ‘overweight’, estabelecendo preço-alvo das ações a R$ 35,5 para o final de 2021, de acordo com relatório a clientes.

    Os analistas ressaltaram uma menor percepção de risco com a nova administração não apenas mantendo a direção estratégica, mas agindo no sentido dessa continuação.

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