Desfecho do Brexit pode prolongar a pior recessão em 300 anos no Reino Unido
As conversas estão travadas sobre direitos de pesca, ajuda governamental para empresas e como resolver disputas comerciais
A economia do Reino Unido está sofrendo sua pior recessão em mais de 300 anos e o fracasso em garantir um novo acordo comercial com a União Europeia fará com que sua recuperação demore mais e fique mais difícil, de acordo com o órgão fiscalizador independente do país.
O Escritório de Responsabilidade Orçamentária (Office for Budget Responsibility) disse na quarta-feira (25) que um Brexit sem acordo reduziria a produção em 2% no próximo ano e deixaria a economia do Reino Unido 1,5% menor após cinco anos, em comparação com um cenário em que o primeiro-ministro Boris Johnson chegasse a um acordo com Bruxelas, sede da União Europeia.
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As conversas estão travadas sobre direitos de pesca, ajuda governamental para empresas e como resolver disputas comerciais. Johnson terá que decidir se manter sua posição quanto à soberania nacional nessas três áreas vale o preço econômico que o Reino Unido pagará caso as negociações fracassem.
Tarifas, cotas de exportação, burocracia e outras barreiras comerciais entrarão em vigor em 10 de janeiro se nenhum acordo prolongar a recuperação do Reino Unido, em recessão por causa do coronavírus. O desemprego ficaria um ponto percentual mais alto, acrescentou.
Johnson tem pouco tempo para garantir um novo acordo de comércio com a União Europeia, mas o Reino Unido enfrenta uma situação econômica terrível, mesmo se um acordo se concretizar. O Escritório de Responsabilidade Orçamentária espera que o PIB do país diminua 11,3% este ano, a maior queda na produção anual desde a Grande Geada de 1709. Naquele ano, o país sofreu com inverno mais frio da Europa em 500 anos, que causou mortes e destruição generalizada na agricultura.
Além disso, mesmo com um acordo com o Brexit, o órgão disse que a economia provavelmente terá “cicatrizes” permanentes que reduzirão a produção em 3% – considerando um cenário no qual as restrições ao coronavírus são mantidas até meados do primeiro semestre.
Na quarta-feira (25), o ministro das finanças Rishi Sunak revelou um plano de gastos de £ 4,3 bilhões (US$ 5,7 bilhões) para ajudar a prevenir o desemprego por meio de medidas como trabalho subsidiado para jovens e aumento da capacidade dos centros de apoio ao emprego.
O Escritório acredita que o desemprego subirá para 7,5% no segundo trimestre do próximo ano, o que significa que 2,6 milhões de pessoas ficarão sem empregos, um milhão a mais do que o nível atual. Se não o Brexit sem acordo for concretizado, o desemprego atingirá o pico de 8,3% no terceiro trimestre de 2021 e a recuperação da pandemia durará até o terceiro trimestre de 2023, em vez do final de 2022.
“Nossa emergência de saúde ainda não acabou e nossa emergência econômica apenas começou”, declarou Sunak ao parlamento. O governo do Reino Unido está gastando £ 280 bilhões (US$ 373 bilhões) em medidas de apoio para fazer o país passar pela pandemia, acrescentou.
Avisos do Brexit
A relação comercial entre a União Europeia e o Reino Unido vale quase US$ 900 bilhões. O governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey disse nesta semana que a destruição econômica causada por um Brexit sem acordo seria pior no longo prazo do que a pandemia.
“Leva-se muito mais tempo para que o que chamo de lado real da economia se ajuste à mudança na abertura e à mudança no perfil do comércio”, disse em depoimento na segunda-feira (23) ao comitê do Tesouro do parlamento.
Mesmo que o Reino Unido e a União Europeia cheguem a um acordo, as empresas britânicas ainda enfrentarão custos adicionais para fazer negócios, como os relacionados a controles de fronteira e regras alfandegárias em um momento em que muitas estão sofrendo os efeitos da pandemia no comércio.
Charles Riley contribuiu para esta reportagem
(Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)