Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Desfecho do Brexit pode prolongar a pior recessão em 300 anos no Reino Unido

    As conversas estão travadas sobre direitos de pesca, ajuda governamental para empresas e como resolver disputas comerciais

    Hanna Ziady, , do CNN Business, em Londres

    A economia do Reino Unido está sofrendo sua pior recessão em mais de 300 anos e o fracasso em garantir um novo acordo comercial com a União Europeia fará com que sua recuperação demore mais e fique mais difícil, de acordo com o órgão fiscalizador independente do país.

    O Escritório de Responsabilidade Orçamentária (Office for Budget Responsibility) disse na quarta-feira (25) que um Brexit sem acordo reduziria a produção em 2% no próximo ano e deixaria a economia do Reino Unido 1,5% menor após cinco anos, em comparação com um cenário em que o primeiro-ministro Boris Johnson chegasse a um acordo com Bruxelas, sede da União Europeia.

    Leia também:
    ‘As coisas não melhoram do nada’, diz asset do BNP Paribas sobre governo
    Partidos não acreditam em votação de reformas em 2020

    As conversas estão travadas sobre direitos de pesca, ajuda governamental para empresas e como resolver disputas comerciais. Johnson terá que decidir se manter sua posição quanto à soberania nacional nessas três áreas vale o preço econômico que o Reino Unido pagará caso as negociações fracassem.

    Tarifas, cotas de exportação, burocracia e outras barreiras comerciais entrarão em vigor em 10 de janeiro se nenhum acordo prolongar a recuperação do Reino Unido, em recessão por causa do coronavírus. O desemprego ficaria um ponto percentual mais alto, acrescentou.

    Johnson tem pouco tempo para garantir um novo acordo de comércio com a União Europeia, mas o Reino Unido enfrenta uma situação econômica terrível, mesmo se um acordo se concretizar. O Escritório de Responsabilidade Orçamentária espera que o PIB do país diminua 11,3% este ano, a maior queda na produção anual desde a Grande Geada de 1709. Naquele ano, o país sofreu com inverno mais frio da Europa em 500 anos, que causou mortes e destruição generalizada na agricultura.

    Além disso, mesmo com um acordo com o Brexit, o órgão disse que a economia provavelmente terá “cicatrizes” permanentes que reduzirão a produção em 3% – considerando um cenário no qual as restrições ao coronavírus são mantidas até meados do primeiro semestre.

    Na quarta-feira (25), o ministro das finanças Rishi Sunak revelou um plano de gastos de £ 4,3 bilhões (US$ 5,7 bilhões) para ajudar a prevenir o desemprego por meio de medidas como trabalho subsidiado para jovens e aumento da capacidade dos centros de apoio ao emprego.

    O Escritório acredita que o desemprego subirá para 7,5% no segundo trimestre do próximo ano, o que significa que 2,6 milhões de pessoas ficarão sem empregos, um milhão a mais do que o nível atual. Se não o Brexit sem acordo for concretizado, o desemprego atingirá o pico de 8,3% no terceiro trimestre de 2021 e a recuperação da pandemia durará até o terceiro trimestre de 2023, em vez do final de 2022.

    “Nossa emergência de saúde ainda não acabou e nossa emergência econômica apenas começou”, declarou Sunak ao parlamento. O governo do Reino Unido está gastando £ 280 bilhões (US$ 373 bilhões) em medidas de apoio para fazer o país passar pela pandemia, acrescentou.

    Avisos do Brexit

    A relação comercial entre a União Europeia e o Reino Unido vale quase US$ 900 bilhões. O governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey disse nesta semana que a destruição econômica causada por um Brexit sem acordo seria pior no longo prazo do que a pandemia.

    “Leva-se muito mais tempo para que o que chamo de lado real da economia se ajuste à mudança na abertura e à mudança no perfil do comércio”, disse em depoimento na segunda-feira (23) ao comitê do Tesouro do parlamento.

    Mesmo que o Reino Unido e a União Europeia cheguem a um acordo, as empresas britânicas ainda enfrentarão custos adicionais para fazer negócios, como os relacionados a controles de fronteira e regras alfandegárias em um momento em que muitas estão sofrendo os efeitos da pandemia no comércio.

    Charles Riley contribuiu para esta reportagem

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)

    Tópicos