Desemprego europeu é metade do índice dos Estados Unidos; entenda o motivo
A redução das jornadas de trabalho na Europa tem ajudado a minimizar os impactos da pandemia do novo coronavírus na economia
Com a perda de postos de trabalho ligada à pandemia do novo coronavírus, o desemprego na União Europeia (UE) aumentou no mês de abril. Contudo, jornadas reduzidas – mais comuns do que nos Estados Unidos – ajudaram a amenizar os impactos na economia.
De acordo com o Eurostat, escritório de estatística da União Europeia, a taxa de desemprego da UE subiu para 6,6% em abril, ante 6,4% em março.
As perdas de emprego não ocorreram uniformemente por todos os países da UE. A taxa de desemprego na Espanha, que foi fortemente afetada pela pandemia, aumentou para 14,8%, ante 14,2% no mês anterior. Enquanto isso, a Alemanha manteve sua taxa de desemprego estável em 3,5%, segundo o Eurostat.
Ainda assim, os dados indicam que a Europa conseguiu conter o desemprego enquanto lutava contra a pior crise econômica desde a década de 1930. A Comissão Europeia prevê que o PIB nos 19 países que usam o euro contrairá 7,75% este ano, um recorde.
Os economistas atribuem parcialmente este resultado à ampliação da redução destas jornadas, que incentivam as empresas em dificuldades a reter os funcionários, reduzindo o horário de trabalho. O estado, então, subsidia a outra parte do salário do colaborador. Na Alemanha, por exemplo, o governo cobre entre 60% e 67% do salário por horas não trabalhadas.
“Os esquemas de jornada reduzida são incrivelmente eficazes para amortecer o impacto inicial da crise econômica”, disse Bert Colijn, economista da zona do euro do Dutch Bank ING, nesta quarta-feira (4).
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Medidas deste tipo são populares há muito tempo na Europa, onde é mais difícil contratar e demitir trabalhadores, e muitos funcionários são cobertos por acordos de negociação coletiva. Elas são utilizadas com menos frequência nos Estados Unidos, onde o desemprego atingiu 14,7% em abril.
No final de abril, as empresas da União Europeia haviam apresentado cerca de 42 milhões de solicitações para apoiar os trabalhadores por meio de programas da redução do tempo de trabalho, de acordo com um estudo do Instituto Sindical Europeu. Isso equivale a quase 27% de todos os funcionários da UE.
A economista do UBS, Anna Titareva, no entanto, diz que as pesquisas do mercado de trabalho podem não estar capturando toda a extensão dos danos aos trabalhadores da UE. Surpreendentemente, a pesquisa mostra que o desemprego na Itália caiu para 6,3%, ante 8% em março.
“Parece que algumas pessoas que perderam o emprego após a introdução de restrições de mobilidade não foram consideradas desempregadas”, disse Titareva em nota de pesquisa.
Para os fins da pesquisa da UE, para uma pessoa ser considerada desempregada, ela deve estar em uma busca ativa por um trabalho, além de estar pronta para iniciar um novo emprego nas próximas duas semanas. No entanto, para Titareva, medidas restritivas que limitam o movimento dos indivíduos, ou até mesmo necessidades relacionadas à guarda das crianças podem ter forçado as pessoas a não procurarem um emprego.
Seguir em frente depende muito da duração e da escala da crise econômica. As reduções da jornada de trabalho na Europa funcionam bem como medidas para mitigar os efeitos, mas só podem ser utilizadas temporariamente.
“Como a recuperação provavelmente vai durar por algum tempo, o desemprego deve aumentar significativamente, embora a redução de jornada ajude a produção a se recuperar mais rapidamente quando a demanda retornar”, analisou Colijn.
(Texto traduzido, clique aqui e leia o original em inglês)