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    Desastre do Boeing 737 Max pode ser o erro corporativo mais caro que já existiu

    A Boeing gastou ao menos US$ 20 bilhões após problemas; dois acidentes fatais com o modelo vitimaram 346 pessoas e levaram à proibição de suas vendas

    Chris Isidore, CNN Business, em Nova York



     

    A proibição de 20 meses imposta ao 737 Max terminou nesta quarta-feira (18), mas os custos crescentes da Boeing dispararam para dezenas de bilhões de dólares.

    Isso significa que os repetidos descuidos e má administração da fabricante não foram apenas trágicos, mas também estão entre os erros corporativos mais caros da história.

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    Boeing
    Executivo da Federal Aviation Administration (FAA) dentro de um jato Boeing 737 MAX
    Foto: Mike Siegel – 30/9/2020/Pool via REUTERS

    Os dois acidentes fatais que levaram à proibição dos voos do Boeing 737 Max vitimaram 346 pessoas.

    Financeiramente, a Boeing continua a pagar um alto preço para garantir a segurança dos futuros passageiros do 737 Max.

    Custos diretos

    A Boeing revelou um total de cerca de US$ 20 bilhões em custos diretos desde a proibição de voo do modelo: US$ 8,6 bilhões em indenização aos clientes por ter seus aviões parados, US$ 5 bilhões por custos anormais de produção e US$ 6,3 bilhões por aumento nos custos do programa 737 Max.

    A empresa também gastou cerca de US$ 600 milhões em armazenamento de jatos, treinamento de pilotos e atualizações de software que não estão incluídos na estimativa geral de custos da empresa.

    Também criou um fundo de indenização para vítimas de US$ 100 milhões, outra cifra que também não está incluída nos US$ 20 bilhões de custos estimados da Boeing. Assim, os custos totais da proibição chegam a US$ 20,7 bilhões.

    A responsabilidade legal da Boeing quase certamente aumentará esse valor. Relatórios já publicados demonstram que as famílias das primeiras 11 vítimas a fazer um acordo com a Boeing receberam pelo menos US$ 1,2 milhão cada. Isso significa que o custo total provavelmente ultrapassará US$ 500 milhões.

    As despesas com juros também estão aumentando. A Boeing fez empréstimos de bilhões de dólares a uma taxa de juros de cerca de 5% para continuar construindo aviões 737 Max que não consegue entregar. A empresa construiu 450 jatos Max durante a proibição, mas não entregou um único Boeing 737 Max nesse período de quase dois anos.

    Apenas cerca de metade será entregue no próximo ano, e algumas entregas vão se estender até 2023. A Boeing não recebe a maior parte do dinheiro de uma venda até que o avião seja entregue à companhia aérea, então os juros vão se acumular, talvez até cerca de US$ 3 ou 4 bilhões, disse Chris Denicolo, analista de crédito aeroespacial da Standard & Poor’s.

    O que está claro é que os US$ 20,7 bilhões em custos detalhados pela Boeing são apenas o ponto de partida. O Bank of America estima os custos em mais de US$ 25 bilhões.

    “Vai chegar a mais de US$ 20 bilhões. Mas é difícil dizer quanto mais”, afirmou Denicolo.

    Vendas perdidas

    Se o prejuízo financeiro do 737 Max permanecer na faixa dos US$ 20 bilhões, isso não o colocaria entre os erros mais caros cometidos por uma empresa.

    A Volkswagen gastou 32 bilhões de euros, ou US$ 38 bilhões, em seu escândalo de fraude em testes de emissões de poluentes. O erro mais caro até hoje é o custo de US$ 68 bilhões da BP pela explosão da plataforma Deepwater Horizon e o consequente derramamento de óleo em 2010.

    No entanto, a petrolífera britânica perdeu poucas ou nenhuma venda por causa da plataforma, e a Volkswagen sofreu apenas uma pequena perda nas vendas de curto prazo com o escândalo de fraude. No caso da Boeing, no entanto, está claro que a empresa sofreu uma grande perda nas vendas por conta da proibição do 737 Max.

    Proibida de voar, a Boeing ficou sem as taxas de cancelamento previstas em seus contratos de venda para pedidos do 737 Max. Com a pandemia de Covid-19, a demanda por viagens aéreas despencou, e as companhias aéreas começaram a tirar proveito das políticas de cancelamento gratuito, prevendo que não precisarão de novos aviões por muitos anos.

    A Boeing divulgou 448 pedidos do Max que foram cancelados até agora, em comparação com apenas nove para seus outros modelos.

    Além disso, a empresa descartou outros 782 pedidos do 737 Max de sua carteira porque acredita que esses pedidos não são mais confiáveis o suficiente. Em pelo menos alguns casos, esses pedidos incertos de aeronaves são de jatos que os clientes das companhias aéreas não querem mais.

    Um 737 Max normalmente é vendido por cerca de US$ 55 milhões, ou metade do preço de tabela, então o pior cenário para a Boeing é que ela poderia perder até US$ 67 bilhões em receitas com a queda nas vendas.

    Para os especialistas, porém, é mais provável que a Boeing acabe vendendo esses aviões, mesmo com um grande desconto, e em alguns casos para os mesmos clientes que agora estão cancelando os pedidos.

    Denicolo, da S&P, e outro especialista do setor concordam que os grandes descontos no preço de venda, que não teriam ocorrido se não fosse a proibição, são o verdadeiro risco financeiro para a fabricante.

    “Digamos que você seja uma companhia aérea. Se não houver mais penalidades, por que não cancelar todos os meus pedidos e comprá-los de novo por um preço muito mais baixo?”, ponderou o especialista do setor, que falou sob condição de anonimato.

    A Boeing não fará comentários sobre os preços pagos por seus aviões ou quaisquer descontos. Mas o especialista disse que pode ser um desconto de até US$ 20 milhões por avião, ou cerca de US$ 25 bilhões no total, mais que dobrando o custo real da proibição imposta.

    O desconto sobre muitos dos outros 3.300 pedidos do Max ainda de pé poderia fazer o custo total do desastre da Boeing com o 737 Max subir ainda mais, talvez ultrapassando o valor de US$ 68 bilhões da Deepwater Horizon.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)

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